Matemática
Obra tem valores discrepantes
As indefinições sobre o financiamento da Arena da Baixada estavam atrasando a revisão da nova matriz de responsabilidades da Copa do Mundo de 2014. O Ministério do Esporte procurou o Atlético no início da semana passada para atualizar os valores envolvidos na reforma do estádio. E, somente após dois prazos vencidos, obteve uma resposta.
O Furacão não confirma os gastos contidos no documento pelo contrário, tem apresentado sua própria conta para a construção. De acordo com a matriz, somente a reforma e a ampliação custará R$ 200,8 milhões, sendo R$ 77,8 milhões da parte do Rubro-Negro e R$ 123 milhões divididos pela prefeitura de Curitiba (via os papéis do potencial construtivo) e o governo do Paraná.
Estão discriminados também outros valores. R$ 9,7 milhões para o projeto básico e executivo (já gastos pelo Furacão). Aparecem também R$ 14 milhões para as desapropriações de imóveis nos arredores do complexo esportivo, recursos que estão apontados como de responsabilidade da CAP/S.A. (sociedade anônima criada pelo clube para tocar o empreendimento) e execução do município. Por fim, consta o valor do gerenciamento da obra: R$ 9,5 milhões, também ligado à CAP/S.A.
O Conselho Deliberativo do Atlético tem de tomar hoje uma decisão importante para o futuro do clube. Em reunião extraordinária na Arena, às 19 horas, os conselheiros vão deliberar sobre a inclusão do patrimônio do Rubro-Negro, possivelmente o CT do Caju, como garantia para o financiamento das obras da Copa.
Definição que será tomada em um cenário de incerteza e urgência. E por um conselho disposto a aprovar qualquer proposta, composto integralmente pela chapa de Mario Celso Petraglia, eleito presidente do Conselho Administrativo ao final de 2011. Basta ver que Antônio Carlos Bettega, presidente do Deliberativo.
A CAP/S.A. (sociedade anônima criada pelo Atlético para tocar a obra do estádio) precisa deixar a reunião com uma garantia. Só assim conseguirá desenrolar o empréstimo do BNDES e, consequentemente, acelerar as obras.
O problema para essa determinação é que, restando apenas dois anos e três meses para o Mundial, não há certeza sobre nada. Não se sabe quanto custará a reforma da praça esportiva há somente a palavra de Petraglia de que não passará dos R$ 180 milhões.
Hoje, finalmente, o dirigente deve revelar os valores. Na pauta da reunião, consta a apresentação do "projeto de viabilidade econômico-financeira da Arena".
Caso a dúvida seja dirimida, há outra para esclarecer. Também não está claro como funcionará a indicação do patrimônio atleticano como garantia para a Fomento Paraná, agência do estado responsável por repassar o empréstimo que será tomado do BNDES.
A começar, pelo valor da cessão. Em setembro do ano passado, o governo do Paraná enviou carta-consulta ao BNDES solicitando R$ 123 milhões. Montante que, diante do tempo transcorrido, será atualizado. De certo, apenas que os R$ 90 milhões de potencial construtivo oferecidos pela prefeitura de Curitiba e o governo servirão como garantia para a transação. Atualizados, os títulos municipais podem alcançar pouco mais de R$ 100 milhões.
Dessa maneira, será preciso complementar, até porque o banco exige que seja empenhado 130% do valor liberado. Aí entra o CT do Caju na história e, provavelmente, futuros recebíveis da Arena.
O CT do Caju foi avaliado em R$ 33.964.700 no último balanço, de 2010. Número distante do que Petraglia mostrou em uma de suas apresentações ao conselho. De acordo com ele, o bunker atleticano valerá em 2014/15 R$ 150 milhões.
A dúvida persiste porque o Atlético diz que o patrimônio do clube entrará como garantia "apenas para a sua parte". No entanto, o Fomento Paraná não faz essa distinção.
Deixe sua opinião