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Com a ameaça da Fifa de excluir o estádio do Mundial, as obras da Arena da Baixada aceleraram nos últimos dias. No entanto, a sede curitibana ainda corre contra o tempo | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Com a ameaça da Fifa de excluir o estádio do Mundial, as obras da Arena da Baixada aceleraram nos últimos dias. No entanto, a sede curitibana ainda corre contra o tempo| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Programação

Curitiba terá semana decisiva na briga para continuar na Copa

Curitiba terá uma semana de agenda cheia, com eventos importantes para encaminhar a decisão da Fifa sobre manter a cidade como subsede da Copa. O ponto alto será a visita de Charles Botta à Arena da Baixada, na quinta-feira. Responsável pelo relatório que fez Jérôme Valcke dar um ultimato à capital paranaense, o consultor de estádios chega na quarta à noite e passa a manhã seguinte na obra. Suas impressões vão balizar a decisão do dia 18 de fevereiro. Por isso, o comitê gestor da reforma quer o canteiro recheado de operários, um dos pedidos de Botta na última passagem pela Rua Buenos Aires. Quando o homem da Fifa descer no Aeroporto Afonso Pena, provavelmente cruzará com uma ampla comitiva do Ministério do Esporte e do Comitê Organizador Local (COL). Chefiado pelo ministro Aldo Rebelo, o grupo realizará uma reunião operacional sobre Copa. Um check-list sobre todos os serviços relacionados ao Mundial: estádio, segurança, saúde, mobilidade, transporte etc. Será possível traçar um diagnóstico da preparação geral da cidade, naturalmente contaminado pelas dificuldades de conclusão da Arena. Serviços de tecnologia da informação e montagem de estruturas temporárias dentro e fora do estádio, por exemplo, dependem do avanço da obra. É este avanço que Atlético, prefeitura e governo estadual pretendem mostrar de maneira palpável nesta semana.

Curitiba confia na conclusão da Arena da Baixada para a Copa do Mundo de 2014, mas não quer saber de injeção de dinheiro público no estádio. Este é o diagnóstico apresentado por levantamento realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas, a pedido da Gazeta do Povo, logo após o ultimato dado pela Fifa aos organizadores do Mundial no Paraná.

INFOGRÁFICO: Confira o que pensam os moradores de Curitiba sobre a reforma da Arena

Desde a visita à cidade do secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, no dia 21 de janeiro, Atlético, prefeitura de Curitiba e governo estadual trabalham em conjunto para implantar um plano emergencial para acelerar o ritmo da obra. A data-limite é 18 de fevereiro, quando a Fifa dará seu veredicto sobre a permanência da subsede no programa.

As entrevistas para a pesquisa começaram exatamente uma semana depois do "chute no traseiro" dado pelo secretário-geral e duraram três dias. Já sob o impacto da liberação de mais R$ 39 milhões para a obra, das primeiras deliberações do novo comitê gestor e dos primeiros reforços no contingente de operários, apresentaram um otimismo – tímido, é verdade – da população na conclusão do estádio.

Para 54% dos curitibanos, a Arena estará pronta. É o mesmo índice apresentado em levantamento feito pelo mesmo instituto em julho do ano passado, porém com uma diferença crucial. Se naquele momento faltava um semestre inteiro para a entrega do estádio, agora são pouco mais de duas semanas para convencer a Fifa a manter Curitiba na Copa e outros dois meses para efetivamente abrir os portões da Baixada pela primeira vez.

"Considerando que a Fifa deu um prazo, é natural que parte [46%] demonstre preocupação. Mas é representativo ver a maioria acreditando que esse novo processo permitirá a entrega da obra a tempo", diz o coordenador-geral de Copa no Paraná, Mario Celso Cunha. "[O otimismo da maioria] indica o acerto de ter montado uma comissão para entrar na obra", complementa o secretário municipal de Copa, Reginaldo Cordeiro.

Principais interlocutores do poder público na operação Copa em Curitiba, Cunha e Cordeiro representam os órgãos que, ao mesmo tempo, são vistos como culpados pelo atraso e salvação para que o estado não fique fora do Mun­­dial. Somados, os governos estadual (21%), federal (15%) e municipal (13%) são, para os entrevistados, mais responsáveis do que o Atlético (40%) por a Arena ainda não estar pronta. E também é do poder público que virá a solução para o atraso para 45% daqueles que acreditam na conclusão da Arena.

Uma solução acompanhada de uma ressalva: sem injeção de dinheiro público. Para 70% dos entrevistados, prefeitura e estado não devem cobrir a diferença de orçamento, que passou de R$ 265,4 milhões para R$ 319 milhões – valor ainda sob auditoria na Fomento Paraná para ser oficializado.

"A maioria da população é a favor da Copa, a forma como o dinheiro é dado é que acaba sendo o grande questionamento. O povo não admite mais dinheiro público em estádio. Se tudo tivesse sido feito de maneira clara e transparente desde o começo, toda essa história já estaria encerrada e estaríamos curtindo os estádios novos", afirmou o diretor da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo.

Em todas as entrevistas, representantes da prefeitura e do governo do estado têm negado qualquer possibilidade de injeção direta de dinheiro público. Convicção reforçada pelo resultado da pesquisa.

"Há um equívoco quando se fala em dinheiro público, Todos os valores repassados ao Atlético são financiamentos. Todos os valores repassados foram através da Fomento Paraná, que é um banco", diz Cunha.

"É como o prefeito Gus­­tavo Fruet tem dito. Se não tem nem orçamento fechado, não podemos passar um cheque em branco", finaliza Cordeiro.

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