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Agente paranaense participa de exercício da Força Nacional, em Brasília: cabe ao comitê recomendar ao governo a chamada do Exército em caso de emergência | Ueslei Marcelino/ Reuters
Agente paranaense participa de exercício da Força Nacional, em Brasília: cabe ao comitê recomendar ao governo a chamada do Exército em caso de emergência| Foto: Ueslei Marcelino/ Reuters

Cidade corre para seguir norma

A pouco mais de quatro meses do primeiro jogo da Copa do Mundo em Curitiba, a cidade terá de correr para atender ao padrão Fifa de segurança dentro do estádio. Por determinação da entidade, somente agentes particulares treinados para grandes eventos podem trabalhar nas arenas e no seu entorno. É exatamente este o problema. Segundo dados da coordenação-geral da Copa no Paraná, apenas 51 vigilantes têm essa qualificação. Muito distante da demanda de aproximadamente 1,5 mil por partida.

"Em alguns estados a gente vê as empresas relutando em investir no treinamento, exigindo que eles mesmos paguem o curso", indica o presidente da Confederação Nacional dos Vigilantes, José Boaventura, que aponta Amazonas e Ceará como dois outros estados com o mesmo impasse. O presidente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba, João Soares, acrescenta outro problema: a baixa remuneração pelo serviço. Na Copa das Confederações, foi pago de R$ 100 a 120 por jogo. Para a Copa, o valor esperado deve girar em torno de R$ 300, exatamente o mesmo do curso de 50 horas.

Na Copa das Confederações houve um relaxamento da exigência pela demora para a publicação da portaria do Ministério da Justiça exigindo a realização do curso de extensão. Exceção que não será repetida. "Esta portaria já foi publicada, está em vigor e torna obrigatório o curso para os vigilantes que vão atuar na Copa", informou o Comitê Organizador Local, via assessoria de imprensa.

O secretário estadual de Segurança Pública, Cid Vas­­ques, o superintendente da Po­­lícia Federal no Paraná, Ro­­salvo Franco Ferreira, e o Brigadeiro Roberto Carvalho, do Cindacta II, vão dividir o comando da operação de segurança da Copa no estado. O comitê foi formado ontem, em reunião no Palácio Iguaçu, para coordenar a execução de um planejamento que envolve 8 mil homens nas ruas e um investimento de R$ 100 milhões – sendo R$ 37,3 milhões apenas em novos equipamentos.

A composição será oficialmente apresentada hoje, durante a reunião de planejamento operacional da cidade para o Mundial, no Parque Barigui, com a presença do ministro do Esporte, Aldo Rebelo. O encontro é um check-list de todos os itens referentes ao torneio na cidade.

A preocupação com a segurança cresceu após os protestos de junho de 2013, durante a Copa das Confederações. Embora considere que a operação foi bem-sucedida, o governo federal incrementou os investimentos e recorreu à tecnologia para garantir uma melhor proteção. "O sistema passou por um teste complicado durante a Copa das Confederações, quando aconteceram manifestações que ninguém esperava e que acabaram contaminadas por pessoas que, mais do que reclamar direitos, queriam perturbar, depredar e agredir. Durante, a Copa teremos um esquema planejado e integrado", afirmou Rabelo à Gazeta do Povo, por e-mail.

Para cumprir a promessa, o governo federal aumentou para R$ 1,8 bilhão os gastos com segurança, segundo dados do Portal da Transparência da Copa. A África do Sul investiu R$ 800 milhões em 2010. A abrangência da operação também aumentou. Além das 12 sedes, foram incluídos de Alagoas, Sergipe e Espírito Santo, que serão base de treinamento para seleções.

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) está monitorando as redes sociais atrás de informações sobre protestos. "As sedes que mais preocupam são Rio, porque é a final, São Paulo, com a abertura, e aquelas em que os estádios são públicos e custaram muito caro, como Brasília [R$ 1,5 bilhão]", diz o coordenador-geral de Copa no Paraná, Mario Celso Cunha.

Durante a Copa, toda a operação será comandada a partir de uma sala de controle, na sede da Secretaria de Segurança Pública. Um consórcio foi contratado para garantir a interligação entre o quartel-general paranaense, o das demais sedes e o comando geral, no Rio. Caberá ao comitê local recomendar ao governador Beto Richa, em caso extremo, a chamada da Força Nacional.

A operação terá suporte de equipamentos novos de alta tecnologia. O mais destacado é um imageador aéreo, equipamento que, acoplado a um veículo aéreo não tripulado (Vant), é capaz de detectar movimentação no escuro. Um desses foi usado para encontrar os autores do atentado da Maratona de Boston do ano passado, que estavam escondidos em um barco.

Segundo documento obtido pela reportagem, a compra de equipamentos para o Paraná, feita pela União, totalizou R$ 37,3 milhões (veja lista nesta página). O aparato começará a ser testado em março e a operação inicia efetivamente em maio, com a chegada das primeiras delegações. Toda a aparelhagem ficará para o estado após o Mundial.

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