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Vista aérea da Arena da Baixada, ainda sem gramado e com muito por fazer: estádio está contra a parede | Conrado Bastos
Vista aérea da Arena da Baixada, ainda sem gramado e com muito por fazer: estádio está contra a parede| Foto: Conrado Bastos

As frases de Valcke

"O que dizer? A questão é delicada. Sejamos francos e diretos. Como devem saber, a situação atual do estádio não é do nosso agrado. Não apenas está muito atrasado, mas foge a qualquer bom cronograma de entrega para a Fifa."

"No dia 18 de fevereiro, o COL, o governo, Curitiba e Fifa terão de decidir se as obras a partir de hoje nos permitem confiar que a cidade estará pronta. O nível de preparação como está hoje é um perigo para um jogo."

"Continuo a acreditar que essas mudanças vão nos permitir conservar Curitiba como cidade-sede. Será um parto difícil, mas teremos um belo bebê."

Opinião

A Arena que nunca existiu

Acompanho o tema Copa do Mundo desde que a Fifa decidiu que o Brasil sediaria pela segunda vez o torneio, lá em 2007. Primeiro como repórter, com direito a algumas viagens para o Rio de Janeiro e muitas conversas de bastidor na tentativa de saber se Curitiba seria mesmo uma das subsedes do Mundial; depois, como editor.

Desde aquela época escuto uma frase que não me sai da cabeça: "A Arena é o estádio mais adiantado no Brasil". Ouvi a afirmação da boca de diversos políticos. Do governador, vice-governador, secretários, vereadores. E, claro, de Mario Celso Petraglia, o homem que mais brigou pela Copa em Curitiba. Com a condição de que o Mundial fosse no estádio atleticano, tendo o erário como sócio majoritário.

Pois então. A bronca pública do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, ontem, mostrou que estavam todos errados, como o faro de repórter sempre me fez crer. A Baixada é a mais atrasada. E só ficará pronta se a intervenção costurada pela Fifa der certo até 18 de fevereiro. Senão, tchau. Ficaremos sem a Copa.

Independentemente de a bola rolar por aqui ou não, é a hora de todo aquele povo – Beto Richa, Luciano Ducci, Orlando Pessuti, Mario Celso Cunha, Luiz de Carvalho – que sempre acreditou nos 75%, pedir desculpas. Estavam todos errados. Ou... Melhor deixar pra lá.

Carlos Eduardo Vicelli, editor-assistente de esportes

O plano emergencial para manter Curitiba como sede da Copa 2014 foi idealizado pelo secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Pro­­cesso iniciado na quarta-feira passada, quando o consultor de estádios da entidade, Charles Botta, visitou a Arena e constatou o ritmo lento das obras, especialmente prejudicado naquele dia por causa de um temporal.

Ele recomendou um in­­cre­­mento de 50% no núme­­ro de operários, hipótese inicial­­mente rechaçada pelo Atlético. Após deixar Curitiba, Botta entrou em contato com Valcke. Relatou a situação da obra e o risco iminente de o estádio não ficar pronto para o Mundial. Valcke procurou Rebelo e cobrou providências. Com base no relatório do consultor, definiram os três pontos que deveriam ser implementados para acelerar a conclusão do estádio e manter a cidade no torneio. "O relatório foi tão forte que tivemos de fazer reuniões e tomar decisões de emergência", admitiu Valcke, ontem, em entrevista coletiva.

Com Rebelo em Brasília para receber o novo presiden­­te do Comitê Olímpico Inter­­nacional (COI) na companhia da presidente Dilma Rousseff, coube ao secretário-executivo do Ministério do Esporte, Luís Fernandes, dar andamento ao plano. Na segunda-feira, ele teve uma reunião com o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, e outra com o governador do estado, Beto Richa, para ajustar as principais diretrizes.

Ontem pela manhã, sentaram-se à mesa Fernandes, Fruet, Richa, o coordenador-geral de Copa no Paraná, Mario Celso Cunha, o secre­­tário municipal de Copa, Re­­ginaldo Cordeiro, o secretário estadual do Planejamento, Cassio Taniguchi, e o chefe de gabinete do governador, Deonilson Roldo.

No encontro, ficou definido um discurso único a ser apresentado para Valcke. O grupo também já tinha a informação de que o presidente do Atlético, Mario Celso Petraglia, concordaria com os três pontos do plano.

Foi exatamente o que aconteceu. Petraglia recebeu a comitiva de Valcke, Fruet e Richa na Arena por volta das 12 horas. O secretário-geral da Fifa deu uma rápida olhada no canteiro e seguiu para a reunião com os representantes do estado, da prefeitura, do governo federal e do Atlético. Cobrou duramente o clube pela lentidão e criticou o modelo de gestão da obra, independente de grandes construtoras, com a atuação de pequenas e médias empresas.

"Mantido o ritmo atual das obras, o estádio não ficará pronto com a qualidade e os requisitos necessários para a Copa de 2014. É uma constatação de todos os envolvidos", afirmou Fernandes. "O Petraglia concordou com todos os itens colocados. Sabemos todos o que representa, seria uma catástrofe a retirada da sede de Curitiba", reforçou Cunha.

A eficiência do pacote anunciado ontem não será medida pessoalmente por Valcke. O dirigente da Fifa pretende voltar a Curitiba somente para a inauguração do estádio, caso fique pronto a tempo. Ao menos no discurso, ele mostrou otimismo de que o plano concebido em conjunto com Rebelo será bem-sucedido.

"Acredito que as medidas vão nos permitir conservar Curitiba como cidade-sede. Será um parto difícil, mas teremos um belo bebê", disse, arrancando as únicas risadas da tensa visita.

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