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A péssima campanha na Série B deste ano mergulhou o Coritiba em uma crise política que atrapalha o planejamento do clube para 2019 e pode terminar em uma arrastada batalha na Justiça Comum.

De um lado, conselheiros protocolaram no Deliberativo a convocação de uma assembleia geral extraordinária com o objetivo de destituir o presidente Samir Namur.

De outro, o atual mandatário se demonstra aberto a dialogar com os opositores sobre uma saída amigável para a questão, mas deixando claro que, em hipótese alguma, renuncia.

Panorama de instabilidade política que, aliado à queda brusca de receitas em 2019, pode desestabilizar ainda mais o futuro próximo do Coxa, enquanto os bastidores do clube entram em ebulição.

De um lado, Samir Namur quer coalizão sem renúncia

Namur dialogou, na última segunda-feira (19), com opositores que querem sua saída. O atual presidente demonstrou disposição em chegar a um acordo que agradasse a todos e tirasse rapidamente o Coxa da atual crise política. Ou seja, esteve aberto ao diálogo como fórmula para resolução do impasse.

Em dois pontos cruciais, entretanto, o presidente foi irredutível: deixou claro que não renuncia e nem aceita trocas na composição do G5, questão de lealdade. Tal postura barrou qualquer avanço conciliatório.

“Sempre prezei pelo diálogo desde que entre na presidência. A ideia é evitar este caminho bastante difícil que o Coritiba pode se colocar. De uma batalha por assembleia no Conselho, depois uma batalha judicial. Estamos abertos a ceder vários pontos, de minha parte não existe restrição. Sou presidente, não dono. Qualquer solução pacificadora tem meu apoio”, diz Namur.

De outro, opositores prometem “time dos sonhos” de dirigentes...

Sem avanço no diálogo com Namur, conselheiros opositores se reuniram na última terça-feira (20), na tentativa de buscar nomes consensuais para substituir o atual mandatário.

“A vontade é chegarmos a um time dos sonhos de dirigentes, que contemple as necessidades do clube e traga esperança de volta ao torcedor”, explica Julio Jacob, um dos líderes da oposição a Namur.

A expectativa dos conselheiros é tentar unir grandes nomes da história administrativa do Coritiba e convencê-los de que o Coritiba precisa do retorno e da união deles novamente.

Estiveram no encontro nomes como Alceni Guerra, João Carlos Vialle, Stephanes Junior, Ricardo Gomyde, Almir Zanchi, entre outros da ‘velha guarda’, além de do filho de Sérgio Prosdócimo, Guilherme Prosdócimo.

Embora não estejam no comando do processo, os dirigentes históricos do clube legitimam o movimentam junto à torcida e dão suporte aos mais jovens.

Enquanto buscam nomes de consenso, os opositores concordam em um ponto: qualquer mudança no Coritiba passa necessariamente pelo afastamento de Namur.

Planejamento, apesar do impasse

A guerra de bastidores no Alto da Glória já atrapalhou o planejamento da atual diretoria para 2019. A expectativa de Namur era resolver a questão com os conselheiros antes de anunciar as mudanças do departamento de futebol.

Pessoas próximas convenceram o presidente a iniciar as contratações, mesmo diante da instabilidade política. O clube então anunciou a permanência do técnico Argel Fucks e a contratação do gerente de futebol, Rodrigo Pastana, ex-Paraná.

Ex-presidentes ficam neutros

Diante do panorama de incertezas e instabilidade, os conselheiros buscam apoio em ex-presidentes de peso, como Vilson Ribeiro de Andrade e Giovani Gionédis. A dupla, entretanto, não tem participado ativamente dos movimentos da oposição.

Vilson chegou ainda a ser convidado por Namur para ajudar nas questões do Coxa, mas por causa de compromissos profissionais garante não ter disponibilidade para exercer uma função no clube. O ex-presidente também é cobiçado pela oposição.

Já Gionédis admite que, de acordo com o estatuto alviverde, o baixo rendimento esportivo na temporada não representa base para pedir a renúncia de um presidente.

João Jacob Mehl, por sua vez, assume uma postura mais ativa de oposição contra Namur. Ele publicou uma carta assinada pedindo a renúncia do presidente.

Estatuto e Justiça Comum

O pedido de convocação da assembleia geral extraordinária se ampara na “inexistência de previsão estatutária de impeachment para o cargo de presidente” e “na previsão estatutária no artigo 43, no sentido de que a assembleia geral é a instância de deliberação soberana à qual compete exclusivamente a destituição de membros do Conselho Administrativo”.

No entendimento dos opositores, tal amparo bastaria para a convocação de uma votação entre sócios para definir o futuro de Namur. A equipe do atual presidente discorda radicalmente deste entendimento.

Segundo fontes próximas a Namur, o presidente entende que os opositores têm um pedido, mas não um motivo que atenda às exigências do estatuto do clube para um impeachment. A atual diretoria ainda vê a movimentação como 100% política, além de se aproveitar da fúria da torcida.

A argumentação de pessoas próximas a Namur é de que não se destitui um presidente apenas por causa de rendimento esportivo. E, justamente por causa disso, seria relativamente fácil reverter um possível impeachment na Justiça Comum.

“Inferno” alviverde

O caminho do litígio judicial, aliado à queda brusca do orçamento em 2019, empurraria o Coritiba para um verdadeiro inferno, analisa o especialista em marketing esportivo, Amir Somoggi.

“Normalmente, para você destituir um presidente, ele tem que ter violado uma norma interna do clube muito grave. Vivemos isso em outros clubes e nunca vai pra frente. O Santos foi o caso mais recente”, explica Somoggi.

Em setembro deste ano, sócios do Santos votaram em assembleia e reprovaram o impeachment contra o presidente José Carlos Peres.

“É um ambiente político onde tentam usar o momento ruim esportivo para desestabilizar a diretoria. O clube já vive um inferno econômico, porque não tem orçamento, e aí vai ter um desequilíbrio político”, reforça.

Ainda segundo Somoggi, as dificuldades do Coritiba vêm do passado e apenas se agravaram agora. “O Coritiba está mal. Se tiver impeachment, vai ficar pior ainda para a marca. Me parece que o presidente está se afundando e, em vez de jogar a boia, estão tentando afundá-lo de vez”, completa.

Conselheiros da velha guarda

Fato é que conselheiros mais antigos perderam a paciência com Namur neste primeiro ano de mandato e não enxergam mais futuro para o Coritiba com ele no comando. Ou seja, mesmo permanecendo no cargo, o presidente encontrará oposição interna ferrenha na próxima temporada.

“O Samir disse que, se a assembleia resolver tirá-lo, ele vai para a Justiça Comum e transformar o Coritiba em um novo Vasco, porque no Vasco cada dia tem um presidente e é uma guerra”, disse o experiente conselheiro Alceni Guerra.

Namur nega veementemente a autoria da frase. No entanto, as declarações de Guerra servem como termômetro para os ânimos do Deliberativo neste momento.

“O que une os conselheiros é a saída do Samir. Ele andou na contramão a 200 por hora, todo mundo alertou que ele ia bater, mas ele acelerou ainda mais. É um desastre”, relata um conselheiro vitalício que prefere não se identificar.

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