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O crescimento de Curitiba pela ótica do Alto da Glória: no fim dos anos 60, o Belfort Duarte destoava de uma região repleta de casas e com inúmeras áreas verdes | Arquivo / Gazeta do Povo
O crescimento de Curitiba pela ótica do Alto da Glória: no fim dos anos 60, o Belfort Duarte destoava de uma região repleta de casas e com inúmeras áreas verdes| Foto: Arquivo / Gazeta do Povo
  • No fim de 2007, o Couto Pereira espremido pelos inúmeros prédios que compõem o visual do bairro

Quer melhor programa para um coxa-branca do que ver o time de coração jogar no "Cou­to"? Assim mesmo, como gostam de se referir simples e carinhosamente os torcedores ao seu estádio. E quanta história ele tem. Da compra do terreno no então ermo Alto da Glória, passando pelas arquibancadas de madeira do Belfort Duarte, as promoções que angariaram dinheiro para a ampliação, a troca de nome em 1977...

O nome, aliás, não é por acaso. O sonho da casa própria começou na visão do major Antônio Couto Pereira. Depois de jogar suas primeiras partidas no Jockey Club – no atual bairro Prado Velho – e passar al­­guns anos no Parque Graciosa Atlântica – no Juvevê –, o en­­­­tão presidente decidiu investir no patrimônio.

Rescindiu o contrato de uso do Graciosa, propriedade do associado Arthur Iwersen, em 1927. No ano seguinte, fez um empréstimo na Caixa, a juros de 12% ao ano, e adquiriu por 120 contos de réis a área de 36.300 m².

Quatro anos depois estava de pé o Belfort Duarte – homenagem ao ex-jogador e dirigente do América carioca, famoso pelo jogo limpo. Segundo a Gazeta do Povo de 19 de novembro de 1932, "uma demonstração concreta da pujança realizadora da nossa mocidade atlética, principalmente se levarmos em conta as dificuldades que o clube dos calções pretos encontrou para objetivar as suas iniciativas e os seus planos, tudo conseguido num ambiente de pessimismo e desestímulos."

A inauguração oficial foi no dia 20 de novembro, com a vitória do campeão paranaense sobre o América, campeão carioca, por 4 a 2. "Toda a alma paranaense esteve ali representada, empolgada ante a imponência dos festejos, que o aspecto grandioso da grande praça de desportos realçaram", descreveu a Gazeta.

Com o término das arquibancadas de madeira (36) e a instalação de refletores (42), por 25 anos foram essas as acomodações. Até o segundo grande empreendedor patrimonial da história do clube começar a agir. Ex-jogador nos anos 40, Aryon Cornelsen havia disputado inúmeras partidas no antigo Belfort Duarte. "E não podia imaginar que um dia o colocaria abaixo", diz o presidente entre 1956 e 63.

Financiadas pelo Bolo Es­­portivo – espécie de precursor da Loteca –, as obras de ampliação começaram no segundo ano do mandato. "Meu irmão, Ayr­­ton ‘Lolô’ fez o projeto de graça. Meu pai, Emílio, fiscalizava as obras", lembra Aryon, aos 88 anos. Fechado desde o início de 58, o estádio foi reaberto no 49.º aniversário do clube. Apenas a derrota por 3 a 1 no Atletiba não estava nos planos.

Ao sair da presidência, ele continuou sendo o principal financiador da obra. No embalo das promoções "Cori 70", "Cori Gigante", "Novo Cori Gigante" e "A Jogada Maior" – que distribuíam carros e eram possíveis graças à carta-patente concedida pelo governo federal a Aryon –, o estádio seguiu crescendo. Em 73, o presidente Evangelino da Costa Neves vendeu o meia Dir­­ceu ao Botafogo para arrecadar mais 600 mil cruzeiros.

A morte de Couto Pereira em 1976 levou o Conselho a mudar o nome do estádio em 28 de fevereiro do ano seguinte. Para decepção de Aryon, que pretendia ser o ho­­menageado. Quando ainda era jogador, ele foi impedido pelo major, então presidente do clube, de entrar em um baile onde estava sua noiva. "Nunca tivemos relação de amizade", conta, para em seguida reconhecer. "Ele também foi um grande presidente."

A ampliação terminou em 79. Ainda vieram algumas reformulações, mas a cara não mudou. Mesmo com o desgaste natural, a tradição faz muita gente ter calafrios quando se fala em um novo estádio. Pelo menos por enquanto, o próximo jogo do Coxa será no "Couto". E com Aryon firme nas sociais.

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