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Paraná comemora o título da João Havelange em São Paulo: mescla de jovens com experientes foi o segredo do time. | PAULO PINTO/AE
Paraná comemora o título da João Havelange em São Paulo: mescla de jovens com experientes foi o segredo do time.| Foto: PAULO PINTO/AE

De tempos em tempos, o sentimento de saudosismo acomete o ex-presidente do Paraná, Ênio Ribeiro de Almeida. Nestas ocasiões, Almeida, que geriu o clube entre 2000 e 2003, revira a internet em busca de vídeos que rememoram a trajetória paranista na disputa do Módulo Amarelo da Copa João Havelange, em 2000.

Nesta quarta-feira (18), o ex-cartola repetirá a viagem para o passado. E com um motivo especial. Há exatos 15 anos, no dia 18 de novembro de 2000, o Paraná vencia o São Caetano por 3 a 1, no Parque Antártica, em São Paulo, e conquistava o título do então segundo escalão nacional.

Confira todos os jogos na campanha vitoriosa do Paraná no Módulo Amarelo da Copa João Havelange

“Foi um dia marcante, uma festa. Lembro como se fosse hoje a gente chegando de São Paulo e uma multidão linda nos esperando no aeroporto. Saímos em passeata no carro do corpo de Bombeiros e ficamos até as duas da manhã andando pela cidade, acompanhados por uma infinidade de carros e buzinas. Uma coisa realmente linda”, narra Almeida.

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Antes de festejar, entretanto, o Tricolor teve de percorrer o caminho das pedras. A crise financeira que hoje ameaça o futuro já assolava o clube. Salários atrasados, vaquinhas entre diretores e torcedores para bancar despesas de viagem e jogadores experientes bancando os ordenados de atletas novatos já faziam parte da rotina na Vila Capanema.

“As receitas eram muito menores do que as despesas. Viajávamos de ônibus para cidades como Criciúma [distante 480 quilômetros]. Chegamos a atrasar salários ao longo do ano, mesmo com uma folha enxuta. Só tivemos um ano bom dentro de campo porque tínhamos um grupo de atletas valorosos e mobilizados”, conta o ex-cartola, que valoriza o comando do técnico Geninho nos momentos de tensão.

Contratado após a demissão de Ary Marques, Geninho assumiu o clube na 7.ª rodada, estreando com vitória em casa diante do Botafogo-SP. “As mesmas dificuldades que o clube vive hoje, nós já enfrentávamos. Atrasava o salário dos jogadores, da comissão técnica, de todos. A gente procurava administrar tudo isso. A gente passava para o grupo que a subida de divisão representava mais dinheiro e ajudaria o clube a mudar de situação”, relembra o treinador campeão do Módulo Amarelo.

  • Hélcio e Hilton comemoram a vitória no primeiro jogo final contra o São Caetano em Curitiba.
  • Ronaldo Alfredo e Fernando Miguel comemoram a conquista do Módulo Amarelo da Copa João Havelange diante do São Caetano.
  • Volante Fredson em ação contra o Marcílio Dias na campanha do título da João Havelange.
  • Zagueiro Hilton era o destaque da defesa tricolor na campanha da Copa João Havelange.
  • Ronaldo Alfredo, Narcízio, Marcos, Hilton e Fernando Miguel comemoram o título da Copa João Havelange.
  • Fernando Miguel disputa bola com Odvan na segunda etapa da João Havelange, após vencer o Módulo Amarelo.
  • Depois de empatar em Curitiba, Paraná do zaqueiro Hilton passou pela Batalha de Belém para ir à final.
  • Helcio na marcação de Juninho Paulista, do Vasco, no jogo sequente à conquista do Módulo Amarelo.
  • Lucio Flavio disputa a bola com Juninho Pernambucano na fase seguinte da João Havelange, após a conquista do Módulo AMarelo.
  • Capitão Hilton em ação diante do Marcílio Dias.
  • Helcio leva pergio à defesa do Brasil de Pelotas na campanha da Copa João Havelange.

“O fato de termos pegado um time no meio da tabela e atingir o título traz uma alegria muito grande. Até hoje o pessoal guarda lembrança disso. Sou sempre muito bem recebido em Curitiba”, prossegue Geninho, que está atualmente sem clube. Após ser campeão pelo Paraná, Geninho foi para o Santos e, na sequência, assumiu o comando do Atlético em 2001, onde foi campeão brasileiro.

Quando os cofres ficavam vazios, o zagueiro Nem e o meia-atacante Reinaldo eram os primeiros a abrir a carteira. Emprestados pelo São Paulo, clube que pagava em dia os altos salários da dupla, os jogadores não hesitavam em ajudar. “A gente sempre ajudava a garotada, às vezes comprando produtos na feira para eles, dando uma ajuda de custo”, conta Nem, o capitão da conquista.

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Dois destes jovens eram o goleiro Marcos, que retornou à Vila em 2013 para encerrar a carreira após uma década no futebol português, e o volante Fernando Miguel, que agora é o técnico interino do Paraná e membro da comissão técnica permanente.

“Como eu era jovem, a chegada desse pessoal que veio de fora passava tranquilidade. Compramos a ideia de que precisávamos subir para ajudar o clube a melhorar o caixa. Nós jogadores compramos essa ideia”, garante Miguel. “O segredo desse time era essa mescla entre jovens e experientes, deu muito certo. Além de tudo, era um grupo muito unido, de jogadores de muita qualidade”, diz Marcos.

Recentemente, uma notícia feriu o orgulho de muitos dos paranistas que lembram com carinho do título na Copa João Havelange. Durante anos, a taça de campeão ficou abandonada em uma pequena sala empoeirada, em meio a restos de móveis carcomidos, na desativada sub-sede social da Vila Olímpica do Boqueirão. O troféu foi transferido para a sede social da Kennedy, mas ainda não tem um lugar apropriado para exposição.

Equipe base

A equipe do Paraná campeã do Módulo Amarelo da Copa João Havelange, em 2000, foi a prova de que a batida receita futebolística de mesclar atletas da base com uma espinha dorsal experiente pode dar resultado.

A equipe que entrou em campo na partida final, contra o São Caetano, no Palestra Itália, contava com: Marcos (24 anos); Hílton (23 anos), Nem (27 anos) e André Dias (21 anos); Gil Baiano (34 anos), Hélcio (31 anos), Fernando Miguel (21 anos), Lúcio Flávio (21 anos) e Ronaldo Alfredo (32 anos); Reinaldo (24 anos) e Flávio Guilherme (20 anos).

Faziam parte do elenco ainda nomes como os volante Frédson e Emerson, o atacante Márcio Nobre, além do zagueiro Ageu, titular absoluto e recordista de partidas pelo Tricolor, com 346 partidas.

“Tínhamos líderes no grupo, como os zagueiros Nem, Hilton e Ageu, o volante Hélcio e o lateral Ronaldo Alfredo. Esse pessoal garantia a tranquilidade do pessoal mais jovem, que estava subindo. A partir de agosto, o Geninho deu o trato final no time, foi realmente brilhante. Acertamos o passo”, afirma o então presidente Ênio Ribeiro de Almeida.

Confira aqui todos os jogos do Paraná na campanha da Copa João Havelange de 2000.

Módulo Amarelo – Primeira fase (17J, 8V, 5E, 4D)

1.ª rodada – Paraná 1 x 0 Marcílio Dias

2.ª rodada – União São João 0 x 0 Paraná

3.ª rodada – Paraná 1 x 0 Americano

4.ª rodada – Villa Nova-MG 1 x 0 Paraná

5.ª rodada – Paraná 3 x 0 Londrina

6.ª rodada – Criciúma 1 x 0 Paraná

7.ª rodada – Paraná 2 x 1 Botafogo-SP

8.ª rodada – Paraná 2 x 0 Brasil de Pelotas

9.ª rodada – Joinville 3 x 0 Paraná

10.ª rodada – Bangu 0 x 0 Paraná

11.ª rodada – Paraná 0 x 0 São Caetano

12.ª rodada – XV de Novembro 1 x 2 Paraná

13.ª rodada – Paraná 4 x 1 Avaí

14.ª rodada – Paraná 0 x 1 Bragantino

15.ª rodada – Caxias 1 x 1 Paraná

16.ª rodada – Paraná 2 x 1 Figueirense

17.ª rodada – América-RJ 0 x 0 Paraná

Módulo Amarelo – Oitavas de Final

Ida - Anapolina 0 x 1 Paraná

Volta – Paraná 2 x 0 Anapolina

Módulo Amarelo – Quartas de final

Ida – Bangu 0 x 3 Paraná

Volta – Paraná 2 x 1 Bangu

Módulo Amarelo – Semifinal

Ida - Paraná 0 x 0 Remo

Volta – Remo 1 x 2 Paraná

Módulo Amarelo – Final

Ida – Paraná 1 x 1 São Caetano

Volta – São Caetano 1 x 3 Paraná

Copa João Havelange – Oitavas de final da Fase Final

Ida - Paraná 1 x 1 Goiás

Volta – Goiás 0 x 3 Paraná

Copa João Havelange – Quartas de final da Fase Final

Ida – Vasco 3 x 1 Paraná

Volta – Paraná 1 x 0 Vasco

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