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A polêmica ideia de um estádio só para Atlético Paranaense e Coritiba, sugerida pelo ex-presidente do Atlético Mário Celso Petraglia – em entrevista à revista Idéias de agosto – causou alvoroço em Curitiba. A repercussão foi muito grande. Entre os torcedores houve muita gente que criticou a proposta, mas também teve quem concordasse com a iniciativa levantada pelo presidente responsável pela construção da Arena da Baixada.

O fato que causou ojeriza na maior parte dos torcedores não foi a ideia em si, mas a sugestão de como ela se concretizaria. Petraglia comentou sobre a possibilidade de o Coritiba vender o Couto Pereira e sua área para financiar a conclusão da Arena, que passaria a ser dos dois times.

A utilização de um mesmo estádio por duas equipes tem dois exemplos bem sucedidos. Na Itália, por exemplo, quando o Milan joga o estádio se chama San Siro. Já quando a Inter de Milão atua, o nome é Giuseppe Meaza. Na Alemanha, a Allianz Arena é "casa" do TSV 1860 Munique e Bayern de Munique.

A reportagem da Gazeta do Povo foi atrás de atleticanos e coxas-brancas ilustres para comentar o assunto. Se entre as torcidas as opiniões ficaram divididas, pendendo para a reprovação, entre os ícones da dupla Atletiba as opiniões negativas foram ainda maiores. Alguns até aceitaram a ideia de um estádio só para os dois times, mas isso só se tornaria possível em um outro cenário, ou seja, se nenhum dos dois tivesse estádio.

O ex-presidente Coxa Edson Mauad, o ex-jogador e e atual diretor de relações internacionais do Atlético, Paulo Rink, Cireno e Sicupira, ex-jogadores do Furacão atenderam à reportagem, mas não quiseram comentar o assunto.

Confira a seguir a opinião de coxas e rubro-negros:

"Isso é o sonho de uma noite de verão. Devem ter velhinhos, dos dois times, se remexendo no túmulo. Acho uma ideia impraticável. O futebol do Paraná hoje raramente disputa um título e ainda vive da rivalidade entre as equipes. Acho impossível. Seria complicado controlar os ânimos da torcida, que não sei se aceitariam essa situação. Não é má ideia, mas a mentalidade do povo é outra. Uma coisa que funciona bem lá fora, na Europa, não necessariamente funcionaria aqui". Valmor Zimernann, ex-presidente do Atlético.

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"Ele citou o exemplo de outros países, mas não sei se a rivalidade de lá é tão grande e importante para os torcedores como a daqui. Não concordo com a ideia. O Atlético cuida do seu estádio e o Coritiba cuida do seu. A torcida se identifica muito com essa coisa de estádio e como são dois clubes muito tradicionais, que têm o costume de ir aos seus estádios, não vejo condições para que isso se torne um dia realidade.

Cada um dos times tem condições de fazer e de manter um estádio seu, deixando-o moderno e tornando-o lucrativo no futuro, fazendo com que ele consiga se manter sem mais investimentos.

O Alto da Glória é o local onde o Coritiba conquistou a maioria dos seus títulos. É um prazer, uma satisfação para os torcedores ir lá assistir a um jogo e saber que naquele gramado o time construiu a sua história. Fazendo uma mudança radical como essa, parte disso será apagado e não vejo como seria possível abrir mão de tudo o que o Couto Pereira representa". Pachequinho, ex-jogador das duas equipes, mas ídolo e hoje observador técnico do Coritiba.

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"Respondendo como atleticano, sem ser anti-Coxa ou coisa parecida – mesmo porque respeito e admiro muito o Coritiba – acho isso totalmente impraticável. Uma proposta absurda. A proposta é tão esdrúxula que eu tenho certeza que nenhum atleticano e nenhum coxa-branca de valor, aquele que contribui e ajuda o seu time, não aquele que arremessa bombas e briga, deva levar isso a sério. Um Atletiba sem mando de campo para nenhum dos times não teria sentido futebolístico nenhum.

Eu vou com frequência à Arena e vejo ela crescendo, sendo construída. Está uma beleza de estádio, construído pelos esforços dos atleticanos. O doutor Mário Celso fez o seu papel e agradecemos por isso, mas acho que tudo não passa de uma brincadeira dele. Tenho certeza que ele não pensa assim". Nilo Biazetto, ex-zagueiro do Furacão em 1943, 1945 e 1949, além de presidente do conselho deliberativo do time em 2002.

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"Essa é boa. Como torcedor, acho que um acordo como esse nunca seria possível. Por outro lado, o Petraglia é sempre polêmico e quando fala provoca reflexão e debate. Do jeito que nossos times estão a situação está ficando insustentável. Se os times puderem se unir de alguma forma, têm chances de crescer e se fortalecer. A ideia de pensar no bem comum é boa, mas essa história de vender o Couto para investir na Arena não passa pela cabeça de nenhum coxa-branca, nem de atleticanos. Futebol é paixão. No curto prazo é impensável, mas no médio e longo prazo, se unir de alguma forma para crescer pode ser uma boa". Gustavo Fruet, deputado federal, torcedor do Coritiba.

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"Não existe isso. Como ele anda meio sumido, só disse isso para aparecer. Nunca a torcida do Coritiba e nem a torcida do Atlético iriam aceitar isso. Há muitos anos este mesmo Petraglia queria a fusão das equipes. Ele quer é ganhar dinheiro. Nunca foi atleticano. Ele é empresário. A paixão do torcedor, para ele, não tem valor nenhum. A parte apaixonada é burra.

Somos gratos pelo que ele fez para nosso time, a estrutura do CT e do estádio. Mas CT e estádio não ganham campeonato. Só fomos campeões brasileiros e mais nada. O povo já estava indignado, pois ele matou a magia da Arena. Ao nominar as cadeiras, ele tirou aquela coisa do torcedor, da união. Ele que crie um time para vender jogadores e deixe o nosso Atlético em paz". Julião "da Caveira" Sobota, vereador e presidente da torcida organizada os Fanáticos.

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"Tem que internar o Petraglia. Como ele esta fora da mídia, achou essa maneira de voltar aos jornais. Não tem sentido. Quer que vendamos o Couto para terminar a Baixada? Nunca vi uma proposta tão indecorosa. Ele que venda a sua casa. Não entendo aonde ele quer chegar. Não tem nem pé nem cabeça. Isso de vender o Couto é uma loucura". Luis Fernando "Papagaio" Correia, presidente da torcida Império Alviverde.

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