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Bernardinho já deu claros sinais de que não deverá ficar à frente da equipe para a Olimpíada de Londres, em 2012. | Rodolfo Bührer, enviado especial/Gazeta do Povo
Bernardinho já deu claros sinais de que não deverá ficar à frente da equipe para a Olimpíada de Londres, em 2012.| Foto: Rodolfo Bührer, enviado especial/Gazeta do Povo

A mais vitoriosa geração da história do vôlei mundial chega ao fim com um amargo gosto de prata. A derrota para os Estados Unidos, na madrugada de hoje (em jogo encerrado após o fechamento desta edição), impediu a seleção brasileira masculina de conquistar o bicampeonato olímpico. Seria o desfecho perfeito para sete anos em que esse time foi quase imbatível: dois títulos mundiais, seis Ligas, duas Copas, o ouro em Atenas. O título em Pequim não deixaria dúvida de que essa é a maior dinastia da modalidade em todos os tempos.

O algoz, o time americano, já havia sido o responsável por dar uma caráter mais "terráqueo" a uma equipe que às vezes parecia vir de outro planeta. A derrota para os EUA na semifinal da Liga Mundial, dois meses antes da Olimpíada, não só impediu o Brasil de conquistar um torneio importante perante sua torcida como expôs as mazelas comuns a um grupo que, de 2001 para cá, conviveu mais tempo entre si do que com as próprias famílias.

O problema mais evidente foi a dificuldade em repor a traumática saída de Ricardinho, um dia antes da estréia no Pan de 2007, no Rio de Janeiro. Marcelinho, o novo titular, sofreu com a "simples" missão de substituir o melhor levantador do mundo. Fez grandes jogos, mas em momento algum se equiparou ao antecessor. Ruim para ele, mas também para o time, que ficou sem o seu "mágico", capaz de tirar da cartola bolas inesperadas nos momentos mais difíceis.

As contusões também atrapalharam. Rodrigão passou quase o primeiro semestre inteiro fora por causa de uma cirurgia no joelho. Giba deu dois sustos: uma contusão no tornozelo às vésperas da Liga Mundial e um tendinite no ombro que o tirou de parte da primeira fase em Pequim.

Alguns ruídos no relacionamento também transpareceram. O maior deles, a discussão entre Bernardinho e Gustavo por causa de uma bronca do técnico em Bruninho, durante um treinamento. A repercussão do caso fez as atividades da equipe, a partir dali, serem fechadas. "É algo normal dentro desse grupo" virou a resposta padrão entre os jogadores. Discurso único para a imprensa, enquanto internamente eles resolvem seus problemas – prática comum no grupo, como admitiu Giba em entrevista à revista Playboy.

O time chegou a reagir dentro da Olimpíada. Um acordo selado após a derrota para a Rússia determinou que Bernardinho aliviaria nas broncas, o time andaria um pouco mais por si só. Rendeu fôlego para fechar a fase classificatória em primeiro, bater China e Itália no mata-mata e chegar a mais uma final olímpica. Mas não bastou para vencer os americanos.

Agora, o vôlei masculino entra em um período de renovação inevitável. Gustavo já anunciou que deixa o time após os Jogos. Giba pretende ir apenas até o Mundial de 2010. Anderson, André Heller, Marcelinho e Serginho dificilmente terão fôlego para chegar à Olimpíada de Londres, em 2012. E Bernardinho já afirmou que pretende diminuir o ritmo da sua carreira.

Deixarão uma história inigualável no esporte mundial. E um belo exemplo de como se constrói uma equipe vencedora. Isso, medalha de prata alguma poderá apagar.

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