• Carregando...
Neymar conversou com os jornalistas por quase 30 minutos | Daniel Castellano / Gazeta do Povo - enviado especial
Neymar conversou com os jornalistas por quase 30 minutos| Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo - enviado especial

Feminino

A seleção feminina de futebol dos EUA venceu o Japão por 2 a 1, ontem, e conquistou a medalha de ouro pela quarta vez na história – as três últimas de forma consecutiva. A vitória teve um gosto de vingança para as norte-americanas. No Mundial do ano passado, as japonesas foram campeãs com vitória nos pênaltis sobre as americanas. O primeiro gol norte-americano saiu aos sete minutos, com Lloyd, de cabeça. Na etapa final, aos 9 minutos, a mesma Lloyd ampliou, chutando cruzado da entrada da área. As japonesas diminuíram aos 18, com Ogimi, após falha da defesa norte-americana. Horas antes, o Canadá se garantiu no lugar mais baixo do pódio ao derrotar a França na decisão do terceiro lugar. O único gol do confronto saiu nos acréscimos do segundo tempo, com Matheson.

Principal atração do Brasil na Olimpíada de Londres, Neymar vinha sendo discreto. Em campo, teve atuações apenas regulares, apesar dos três gols em cinco jogos. Fora dele, comportava-se como apenas mais um da seleção. Ontem, entretanto, o santista teve o seu dia de astro. Na entrevista coletiva realizada no Sopwell House Hotel, o atacante foi o último a falar. Atendeu a imprensa por 25 minutos – antes, os volantes Rômulo e Sandro dividiram dez minutos.

Bem diferente do contato na zona mista, quando a voz do jogador sai quase inaudível, Neymar estava à vontade. O tempo todo sorrindo, não desviou de nenhum tema. Sempre lembrando a importância de conquistar a inédita medalha de ouro contra o México, amanhã, às 11 horas (de Brasília), no mítico Estádio de Wembley. "Vamos fazer de tudo para sairmos felizes", afirma.

Você pode atingir um feito que grandes astros não conseguiram, como o Ronaldo Fenômeno. Chegou a conversar com ele sobre isso?

Não conversei com o Ronaldo. Mas para mim é uma honra gigantesca estar em uma final de Olimpíada. Todo mundo sabe como é difícil conquistar uma medalha de ouro.

Como fica o sono tão próximo da decisão?

Eu penso toda hora na final. Foi difícil para dormir depois do jogo da semifinal [vitória sobre a Coreia do Sul, por 3 a 0, na terça-feira]. Mas agora as noites têm sido mais tranquilas. Estou ansioso sim, mas não perdi o sono. Difícil vai ser dormir depois do título, se Deus quiser...

Qual avaliação que você faz do seu desempenho até agora?

Gostei das minhas atuações e da seleção. Merecemos chegar à final. Estou feliz com o que venho apresentando. No sábado [amanhã] espero dar mais. Vão ser 90 minutos que podem entrar para a história.

E o que pensa da seleção do México?

Uma grande seleção. Sei que vem jogando um bom tempo juntos. Vamos ver o que o Mano [Menezes, técnico] vai nos passar, estudar ao máximo o time deles.

Essa geração é a mais preparada para o ouro?

Não sei se é a mais preparada. As outras seleções também se prepararam, mas infelizmente não venceram. Nós estamos preparados, mas saberemos se merecemos o ouro apenas depois do jogo.

Qual o seu papel na decisão?

É como o de todos, o de ajudar a seleção. De ser mais um lutando pelo título. Chegar à decisão com este grupo é muito bom, depois de dois anos de trabalho. Começou no Sul-Americano, conseguimos a classificação para a Olimpíada, em dezembro, durante as férias. Hoje estamos aqui. São 18, 19 jogadores, pois tem o Renan [terceiro goleiro que não foi inscrito] também. Que é importante, está sempre torcendo. Olhamos para a arquibancada e ele está lá, um cara de grupo, que chegou com a contusão do Rafael. Por esses caras e pela nossa família, que a gente briga.

O Giovani dos Santos, contundido, não joga. Isso é o bom para o Brasil?

Eu sempre falei que ele é um craque. Um gênio do futebol. Fico triste pela contusão dele, e ao mesmo tempo feliz. Mas o México tem de ser muito respeitado.

O Brasil é favorito à medalha de ouro?

O favoritismo não existe. Em final de campeonato isso acaba. Os dois times tiveram méritos.

É o jogo mais importante da sua carreira?

Falo que todo jogo é importante, não importa se é final. Mas é claro que é uma sensação diferente de disputar uma final com a seleção, o título que o Brasil não tem. Estou preparado.

O crescimento do Leandro Damião durante a competição facilita para você, não?

Quanto mais gente jogando bem é melhor. Estou feliz pela fase dele, fazendo os gols, sempre pronto para empurrar a bola para dentro. Eu o chamo de matador.

Você fez uma aposta com o seu pai sobre a Olimpíada?

Eu apostei, mas não sabemos o quê. Nem eu, nem ele. É mais uma brincadeira de pai e filho, para descontrair. Ele aposta para incentivar mais ainda. Também gosto de encher o saco dele, de apostar para vencê-lo.

A medalha de ouro servirá para confirmar o seu posto de principal jogador de futebol do país?

Não sei se é para confirmar. Mas uma chance de fazer história, escrever o nome para sempre.

O Brasil não conseguiu jogar bem contra o México no último encontro (2 a 0 para os mexicanos, em junho). O que aquele jogo pode ensinar?

Não foi apenas um problema meu. O Mano vai nos passar tudo para encaixar direitinho. Mas é uma outra história, uma final de campeonato.

Você já jogou em Wembley?

Nunca joguei, é uma honra. O Pelé, maior de todos os tempos, nunca jogou no estádio, mas no sábado estaremos representando não apenas ele, mas todos os brasileiros.

O Mano tem mexido bastante na equipe. Como vocês estão reagindo?

Não tem mistério. Esse grupo tem muita qualidade, é difícil para o treinador escalar os 11 jogadores. Mas sabemos que qualquer decisão que ele tomar será justa. Sabemos que os companheiros merecem uma chance. Todo mundo tem reagido bem, sem vaidade, sem ciúme.

Thiago Silva contou que fez uma preleção antes do jogo com a Honduras com a medalha de bronze que ganhou Pequim-2008. Como isso motivou o time?

Muito. Ele é o melhor jogador do mundo. E mostrou que não queria parar por ali, queria mais. É uma chance única em nossas vidas. Não sabemos se teremos outra oportunidade. Não é fácil ficar concentrado tanto tempo, sem a família, sem meu filho, mas é por uma boa causa.

A prata seria muito ­­frustrante?

Vamos ficar muito triste. Não estamos em busca da prata. Mas em uma final só um leva a melhor. Vamos fazer de tudo para sair feliz.

O que pode fazer a diferença na decisão?

O time que estiver mais preparado. Nos momentos difíceis da partida, fazer as jogadas corretas.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]