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Atletas da equipe de refugiados que participará dos Jogos do Rio de Janeiro. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Atletas da equipe de refugiados que participará dos Jogos do Rio de Janeiro.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Não fosse a habilidade que tem dentro da água, a nadadora Yusra Mardini, 18 anos, poderia estar nas estatísticas dos refugiados que morrem tentando chegar ao continente europeu.

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Em agosto de 2015, o barco em que a jovem e outros fugitivos da guerra civil da Síria atravessavam o Mar Egeu a caminho da Grécia virou. Yusra teve de nadar para salvar a própria vida e a dos conterrâneos por cerca de quatro horas.

Exatamente um ano depois, a nadadora síria entra na água em situação completamente diferente do desespero a caminho da Europa. Sábado (6), ela estreia nos 100 m borboleta, a primeira das duas provas que vai disputar na Rio-2016 - a outra é os 100 m livre.

“Quando tinha problemas no meu país, mergulhava na piscina e tudo passava. O esporte pode realmente levantar o seu astral, independente do problema que você passa”, garante a atleta, que, além de ter de fugir com a família para viver atualmente na Alemanha, perdeu dois amigos nadadores nos bombardeios na capital síria Damasco. “Sinto muita falta de Damasco e um dia vou voltar”, enfatiza a atleta.

Yusra faz parte da primeira equipe olímpica de refugiados. Além de dois nadadores sírios, o time conta com cinco corredores sul-sudaneses, dois judocas congolenses e um corredor etíope na Rio-2016.

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Assim que entrarem nas provas, os dez refugiados garantem que serão como qualquer outro atleta: estarão focados exclusivamente na busca do melhor resultado. Mas para chegar a esse status, todos tiveram de deixar para trás um lastro de perdas e separações pelo qual dificilmente qualquer outro atleta da Olimpíada que começa sexta-feira (5) já tenha passado.

“No conflito do Congo eu perdi minha mãe e fui separado dos meus irmãos. Agora, vou lutar pelo meu filho e para ser um exemplo para todos os outros refugiados”, afirma Popole Misenga, de 24 anos. Órfão desde os 8 anos, o judoca chegou a morar na rua na infância.

Misenga mora há três anos na comunidade de Brás de Pina, reduto de imigrantes africanos na zona norte do Rio, quando deserdou da seleção de seu país durante o Mundial de judô de 2013. No novo endereço, casou com uma brasileira e teve um filho, Elia, de 1 ano e seis meses.

Poucos dias antes de Misenga, outra judoca congolesa havia deserdado no mesmo Mundial para também viver no Brasil. Hoje, Yolanda Bukasa treina com Misenga no Instituto Reação, comandado pelo ex-judoca Flávio Canto.

“Quero representar todos os congolenses, os refugiados, mas principalmente minha família, com quem espero um dia me reunir novamente. Quero organizar minha vida e olhar para o futuro”, ressalta a congolesa.

Sobre os resultados nas provas, os atletas garantem que o mais importante para a equipe não é o pódio. “Estamos representando 63 milhões de refugiados. Queremos ser não apenas melhores atletas, mas melhores seres humanos”, afirma a sul-sudanesa Anjelina Lohalith, que vai disputar a prova de 1.500 m no atletismo.

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