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O brasileiro Miguel Pupo  em ação no Rio de Janeiro, palco da etapa brasileira do Mundial. | Antonio Lacerda/EFE
O brasileiro Miguel Pupo em ação no Rio de Janeiro, palco da etapa brasileira do Mundial.| Foto: Antonio Lacerda/EFE

A Brazilian Storm ameaça preceder um futuro de seca no surfe brasileiro. Uma das atrações esta semana na etapa do Campeonato Mundial no Rio de Janeiro, a nova geração verde e amarela das ondas, batizada de Tempestade Brasileira, exibe um sucesso estanque. Depois dela, a previsão é de um longo hiato até a consolidação de novos nomes que representem país seguindo o sucesso encabeçado pelo campeão Gabriel Medina.

O diagnóstico é replicado por várias pessoas envolvidas na modalidade. “Esses garotos são foguetes sem calda. Não vão deixar rastro. Por mais bonito que seja o cenário atual, essa reverberação de cima para baixo aconteceu de forma muito inconsistente. Não existe continuidade no trabalho. Um planejamento para novos surfistas, um plano de carreira. Eles deveriam servir estimulo ao esporte, mas isso não vai ocorrer. Depois deles não há ninguém à vista”, analisa o diretor da Associação de Surfistas Profissionais na América do Sul, Roberto Perdigão.

“Todos os resultados vêm ocorrendo no circuito mundial. Hoje sequer existe um campeonato brasileiro organizado. Há uma lacuna muito grande entre o mundial e o nível da garotada. Aqui não tem a formação da base, é preciso buscar o high school do surfe lá fora. Vai demorar uns sete, oito anos para aparecer uma nova geração”, acrescenta.

Ex-presidente da Confederação Brasileira de Surfe (CBS), o curitibano Juca de Barros engrossa as críticas ao abandono da modalidade, que tem como atual presidente Adalvo Argolo. “Fiquei à frente da Confederação de 2002 a 2009. Nesse tempo, trabalhei com todos esses meninos. O Medina, o Mineirinho, o Alejo Muniz. Eles formavam as seleções brasileiras que tinham condições de competir lá fora, se aprimorar. Atualmente não existe esse intercâmbio”, diz Barros, hoje advogado especialista em gestão esportiva.

Além dos atletas mais conhecidos, despontam outras promessas como Wiggolly Dantas, Ítalo Ferreira, Jadson André, Miguel Pupo e Filipe Toledo, todos confirmados na etapa do WCT no Rio e que desfrutam de um oásis internacional bem longe da realidade nacional.

No mesmo ano em que Medina trouxe para o país o primeiro título do circuito após 38 anos, o Campeonato Brasileiro teve a menor premiação em 15 anos, R$ 240 mil no total. “Na verdade não existe um Brasileiro há uns três anos. As etapas são disputadas apenas no Norte e Nordeste. Está completamente sucateado”, apontou Barros. “A Confederação se distanciou das federações. Sem esses eventos mais regionalizados, encarece demais”, comentou o presidente da Federação Paranaense de Surfe, Leonardo Bail. A última etapa do circuito nacional amador foi em abril, em Salinópolis, no Pará.

Uma das metas da Associação Brasileira de Surf Profissional (Abrasp) é ressuscitar em 2015 o Super Surf, como Brasileiro foi chamado na gestão de Barros e considerada uma época promissora.

A CBS foi procurada desde a semana passada. O número de telefone fixo inexiste e celulares não atendem. A entidade também não respondeu aos e-mails da reportagem.

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