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Em meio a uma enxurrada de cartunistas que pousaram em Curitiba para a Gibicon – Convenção Internacional de Quadrinhos de Curitiba –, este cartunista e dublê de cronista esportivo está feito um jogador que leva uma bolada no nariz depois de cobrança de falta. Imagine a zonzeira. A Gibicon n°1 (houve a edição n°0, experimental) trouxe para o "deleite quente" de curitibanos e apreciadores da arte do cartum quase cem desenhistas convidados, entre nomes nacionais e internacionais.

Se você andar pelas ruas do centro da cidade poderá esbarrar com Tanino Liberatore, Fabio Civitelli, Salvador Sanz, ou quem sabe com Joe Bennett (não é o nosso Benett, mas também pode topar com ele em alguma esquina com seu indefectível boné); Fernando Gonsales, Spacca, Jean Galvão, entre muitos, muitos outros. Uns mais inclinados (na prancheta!) ao humor gráfico, o cartum, a tirinha; outros mais ao quadrinho de ficção, mas todos com uma coisa em comum: o papel, as tintas e muita fantasia no cocuruto.

Sou tímido – ou me intimido – diante de grandes nomes do desenho, mas não pude resistir a uma dose de tietagem a Tanino Liberatore, o maior de todos que vieram, quando o italiano foi dar uma olhadinha na exposição de cartunistas curitibanos, na qual tive também alguns rabiscos pendurados na parede. Conversamos num portunhol de doer os ouvidos.

Liberatore é mais conhecido pelo personagem Ranxerox, andróide construído com peças de copiadora, bom de briga e enfiado no submundo da bandidagem & drogas, cujo destino é proteger a frágil e bela heroína de malfeitores. O casal invariavelmente terminava suas aventuras numa cama. Ranx era lido e invejado por muitos garotos franzinos e taciturnos - como este cartunista - do final da década de 80, depois que a revista underground Animal passou a publicar o ciborgue no Brasil. E isso numa época em que fanzines, aquelas publicações alternativas à base de xerox, estavam a todo vapor em copiadoras. A Xerox do Brasil faturou muito com fanzines (e proibiu, veja só, Liberatore a usar o nome no personagem).

O que talvez poucos saibam é que Ranxerox não é criação de Liberatore, mas de Stefano Tamburini, que desenhava o personagem mais toscamente. Convidado por Tamburini, Liberatore, uma espécie de Michelangelo dos quadrinhos, deu a Ranx um acabamento de babar, tornando irresistível desfolhar as páginas das aventuras da criatura. Tamburini cuidava dos roteiros e, depois de sua morte - por overdose, li -, Liberatore passou a escrever e desenhar o único herói de ficção em quadrinhos que fez a cabeça deste dublê de cronista esportivo.

E o futebol? Agora não vai dar. Ainda estou grogue com a bolada.

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