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Comércio exterior

Conheça empresas que querem mudar o cenário do comércio exterior no país

Por Maria Clara Dias, especial para o GazzConecta
10/01/2023 18:28
A globalização impôs uma mudança brusca de comportamentos e de consumo, como a tendência por hiperconectividade, compras digitais desenfreadas e proximidade geográfica (ainda que digital) entre empresas e pessoas de diferentes partes do mundo. Nesse cenário, a troca de bens e insumos mundo afora — o chamado comércio exterior — também segue numa crescente. Em 2022, as exportações brasileiras cresceram 20,3% ante 2021, somando US$ 317,43 bilhões. Já as importações cresceram 24,9% e totalizaram US$ 257,56 bilhões, de acordo com o Ministério da Economia.
Por trás do mecanismo que estabelece uma relação global entre diferentes agentes do comércio exterior, como compradores, empresas e importadores, está também uma série de questões estruturais que podem impactar de maneira positiva ou negativa o bom desempenho de negócios que trabalham no segmento. Um exemplo está na escalada dos juros e da inflação. O cenário também é afetado diretamente por todo tipo de conflito internacional com potencial de gerar reflexos como a interrupção de fornecimento de matérias-primas, especialmente commodities, que interligam economias globais e estreitam relacionamento entre diferentes nações.
Para auxiliar empresas que querem enfrentar de maneira planejada esses e outros desafios, algumas pequenas companhias de tecnologia se dedicam à criação de soluções voltadas especificamente ao comércio exterior brasileiro e seus participantes.
Para além da cadeia de suprimentos, essas empresas também mantêm olhar atento a aspectos de gestão vitais para negócios que atuam com comércio exterior, como despesas logísticas, gestão de cargas, transporte de mercadoria e imbróglios alfândegários que podem incorrer em retenção de produtos, períodos de espera mais longos e consumidores insatisfeitos pela demora na chegada de seus produtos. Para as empresas, contudo, o custo pode ser ainda mais alto.
Conheça, a seguir, quatro startups de comércio exterior que estão inovando e mudando a maneira como o Brasil se posiciona no mercado de importação e exportação de produtos e serviços:

Talura

Os empreendedores paulistas João Gomes, Marcelo Brandão e Arthur Lee estão à frente da Talura, uma startup que conecta exportadores e importadores a agentes de carga homologados.
A proposta da empresa é desburocratizar o comércio exterior a partir do cálculo inteligente de fretes internacionais para empresas do segmento, seja no modal aéreo, terrestre ou marítimo. Para isso, a empresa fica à cargo de pesquisar preços mais acessíveis para as companhias, e promete três diferentes cotações em até 48 horas.
Em 2022, a Talura gerenciou fretes para mais de 600 empresas embarcadoras, 270 agentes de cargas homologados e mais de 1.000 TEUs (contêineres movimentados).

Logcomex

Fundada em 2016 pelos empreendedores Helmuth Hofstatter Filho e Carlos Souza, a curitibana Logcomex começou como provedora de tecnologia para portos e seus recintos aduaneiros, até que expandiu suas soluções para outros tipos de operadores logísticos, incluindo companhias aéreas que lidam com o transporte de carga entre fronteiras.
De maneira prática, a Logcomex aposta no poder dos dados para melhorar o dia a dia de quem exporta ou importa produtos no Brasil. Com uma base de informações atualizada em tempo real, a plataforma desenvolvida pela startup “alimenta“ operações de empresas e pretende automatizar tarefas a fim de descomplicar o controle por meio de inteligência artificial.
Na lista estão facilidades como a visualização de empresas que realizam embarques, análise de regiões e rotas, tempo estimado de trânsito de carga, além de acesso a informações gerais de mercado, como a prospecção de novos clientes e parceiros.
O modelo de negócio já chamou a atenção de investidores. Em agosto de 2021, a Logcomex captou US$ 10,3 milhões em rodada série A liderada por fundos relevantes como Alexia Ventures, Igah Ventures e Endeavor Scale Up Ventures.

Vixtra

A Vixtra decidiu olhar para uma dor comum a empresas importadoras do Brasil, especialmente as de pequeno porte: o difícil acesso ao crédito. Desde que foi fundada, a fintech se dedica à concessão simplificada de linhas de financiamento para pequenas companhias que buscam mais agilidade e menores riscos cambiais na hora de tomarem empréstimos.
A ideia da Vixtra, fundada por Leonardo Baltieri, Guilherme Rosenthal e Caio Gelfi, é a de auxiliar importadores nacionais com volume de importação de até US$ 10 milhões por ano, a conseguirem crédito para tornar o processo de compra de produtos mais rápido, além de permitir que essas compras sejam feitas em moeda nacional, reduzindo possíveis dores de cabeça causadas pelas variações do câmbio.
A avaliação de risco é feita pela própria fintech, que se encarrega de pagar o valor integral aos exportadores, ainda que ofereça prazo de até 120 dias de pagamento para a empresa importadora que toma crédito. Desde a sua criação, em 2021, a Vixtra já foi destino de mais de R$ 51 milhões em aportes de investidores.

Kestraa

Por acreditar que o comércio exterior, apesar de vital para a economia brasileira, ainda carece de soluções mais digitais e dá braçadas no mundo analógico, os empreendedores Isabel Nasser e Marcelo Matos fundaram a Kestraa. A startup se prontifica a ser uma plataforma completa de gestão da cadeia de suprimentos para agentes importadores, principalmente varejistas com atuação internacional.
A proposta é dar mais visibilidade sobre os produtos que são comprados e vendidos e que deslocam entre fronteiras. Para limitar problemas de comunicação e a fragmentação de informações sobre uma única compra em milagres de plataformas, e-mails e planilhas, a Kestraa criou um software que monitora as cargas em tempo real coletando informações que vêm, inclusive, da Receita Federal.
A Kestraa é um spin-off da Sertrading, uma das maiores companhias de comércio exterior do Brasil. Em 2022, mais de US$ 3 bilhões em mercadorias foram gerenciadas via Kestraa em todos os portos brasileiros, além de um total de mais de US$ 290 milhões em despesas logísticas. Na carteira de clientes estão empresas como Ambev, Riachuelo e Evino.

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