Novos rumos
Cris Alessi é a nova colunista do GazzConecta; conheça a trajetória da mulher que liderou o cenário de inovação de Curitiba por cinco anos
Depois de cinco anos à frente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, e de protagonizar a inserção da capital paranaense no mapa nacional de tecnologia e empreendedorismo, Cris Alessi parte para novos rumos. Um deles é o de ser a nova colunista do GazzConecta. Os demais, ela ainda definiu. “Estou avaliando algumas opções, mas tenho certeza que volto para o mercado privado, volto para minha origem, o que é um importante passo profissional para mim agora”, revela.
Cris diz que a escolha de deixar a presidência da Agência Curitiba se deu em um momento em que a casa está “em ordem”, com planejamento definido, entregas consistentes e um time alinhado com a gestão. “Toda essa construção me dá um impulso para ir para o mercado e traçar novas histórias”, comenta.
Publicitária por formação e com 15 anos de atuação em marketing digital, Cris já foi empreendedora e traz na bagagem a gestão de grandes contas nacionais na área. Em 2017, no início da segunda gestão do prefeito Rafael Greca, ela foi convidada a assumir o posto de diretora do núcleo de comunicação digital, dentro da Secretaria de Comunicação de Curitiba.
Em 2018, veio o convite para assumir a presidência da Agência Curitiba, instituição que fomenta a atividade econômica e tecnológica na capital, com foco na inovação e ênfase em parcerias público-privadas. Sob sua gestão está o Vale do Pinhão, programa da prefeitura para o fortalecimento e potencialização do ambiente de inovação no município, por meio do empreendedorismo, economia criativa e tecnologia.
O propósito do Vale do Pinhão é o de tornar Curitiba uma cidade cada vez mais inteligente, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. E foi justamente para impulsionar a viabilização deste propósito que Cris foi convidada a assumir a presidência da Agência Curitiba.
Já no primeiro ano, Cris definiu uma das mais importantes etapas do desenvolvimento do Vale do Pinhão, os seus cinco pilares: educação empreendedora, incentivo à implantação de tecnologia, reurbanização focada na economia criativa e sustentabilidade, legislação e incentivos fiscais e integração e articulação do ecossistema. A partir deles, foi possível estabelecer programas que contribuíssem para a missão de alavancar o Vale do Pinhão.
“A definição dos cinco pilares foi muito importante, porque a gente conseguiu comunicar melhor o Vale do Pinhão para o ecossistema de inovação de Curitiba, possibilitando que cada ator enxergasse o seu papel, a sua contribuição para cada um desses pilares”, explica.
Também é de 2018 a aprovação da Lei de Inovação de Curitiba que permitiu, no ano seguinte, a criação do Conselho Municipal de Inovação. Para Cris, o ponto mais relevante da promulgação da lei está na maneira como ela foi escrita, envolvendo a academia, o setor privado e o setor público. “Isso fez com que pudéssemos, realmente, nos debruçar sobre os desafios e as oportunidades da cidade”, diz.
“E foi neste ano, de 2018 ainda, que nós resgatamos e começamos um importante programa de incentivos fiscais para empresas de base tecnológica na cidade, com a criação do Tecnoparque de Curitiba”, lembra.
De lá para cá, até 2023, Cris coleciona uma série de conquistas, criando diferentes programas que aceleraram cada um dos cinco pilares criados em 2018. “Precisávamos concretizar o propósito do Vale do Pinhão que, quando assumi a Agência Curitiba, tinha uma proposta interessante de futuro, mas ele não estava materializado em programas. Por isso, fomos trabalhando pilar a pilar, programa a programa, e colocando cada um deles de pé”, revela.
Curitiba como referência para o mundo
Não é possível organizar em uma linha do tempo uma das contribuições mais importantes de Cris para o ecossistema de inovação de Curitiba: movimentar o ecossistema e seus atores. Seus esforços contribuíram para que Curitiba ganhasse visibilidade como uma das cidades mais inteligentes do mundo e um dos ambientes mais propícios ao desenvolvimento de startups do país.
“Hoje, o Vale do Pinhão tem um tamanho e uma importância que é resultado de anos de trabalho, que se consolidou com este grande movimento da cidade embaixo desses pilares. Claro que essa construção não se dá de forma rápida. Olhamos diversos rankings e buscamos alternativas para melhorar em cada um deles”, conta.
“Além disso, começamos a promover a integração internacional com instituições que falam sobre cidades inteligentes, desde a ONU até a Fira Barcelona, que é responsável pelos eventos Smart City Expo no mundo. Essa interligação também começou a dar para a gente a visibilidade nacional e internacional, e consequentemente, visibilidade para as empresas, para os atores daqui, que começavam a se perceber nessa integração”, explica.
Os seus esforços para tornar a capital paranaense uma das cidades mais relevantes para o ecossistema de startups no Brasil também contribuíram para que Cris fosse convidada a participar do seleto grupo de conselheiros do SXSW Pitch, uma das maiores vitrines de investimento para startups nascentes de todo o mundo.
Cris deixa a Agência Curitiba sabendo que o seu legado continua. “As realizações não são minhas, são de um time que vai continuar atuando fortemente com o mesmo propósito e a mesma força. Este time está pronto, criou isso ao meu lado e comunga sobre os nossos ideais do Vale do Pinhão”, revela.
Para ela, nesses cinco anos, a Agência Curitiba se tornou uma gestora não apenas do Vale do Pinhão, mas de todo o ecossistema de inovação de Curitiba. “Acredito que deixamos uma marca no ecossistema com relação ao que a gestão pública pode fazer de verdade, com escuta ativa, com colaboração, com a visão de construção coletiva. Eu acho que isso não se desfaz”, confessa.
Um dos pontos atrelados a esta visão é o reconhecimento do mercado em relação ao setor público na cidade, criando uma proximidade que transforma Curitiba em uma cidade de economia vibrante, reconhecida internacionalmente. “Essa integração traz uma visão positiva do ecossistema, porque faz as pessoas se enxergarem, torcerem umas pelas outras. Faz as empresas se ajudarem. E essa força da colaboração é o maior ganho de todos esses anos”, completa.
Apesar dos novos rumos ainda não definidos, Cris segue atuando como investidora-anjo em um grupo que reúne mulheres que investem em empreendimentos de outras mulheres, a WIM Angels. Ela também é autora do livro “Gestão de Startups: desafios e oportunidades”, lançado em 2022.
