Inovação no Foodservice

Do combate ao desperdício ao leite vegetal: conheça cinco foodtechs que estão mudando o mercado de alimentação do Brasil

Maria Clara Dias, especial para o GazzConecta
06/02/2023 20:22
A inovação tem transformado radicalmente a maneira como produzimos e consumimos, e o mercado de alimentação não foge à regra. Com desafios como a busca por soluções mais sustentáveis, redução do desperdício e predileção por agilidade em entregas (especialmente de itens perecíveis) postos à mesa, o setor encara mudanças como nunca antes. Tais desafios fazem proliferar o número de pequenas empresas dispostas a atacar ineficiências típicas do setor de alimentos, ajudando na solução de gargalos logísticos, problemas de distribuição, desperdício exacerbado de alimentos e dificuldades de acesso a produtos saudáveis e de qualidade. Essas empresas são chamadas pelo mercado de foodtechs.
Elas têm atuações tão diversas capazes de abranger de delivery a rastreabilidade de cadeias produtivas - e até mesmo a produção de novas categorias de alimentos e bebidas, como é o caso do mercado plant-based. A quantidade de startups do setor tem crescido de forma vertiginosa desde 2016. Atualmente, são 337 empresas desse tipo no Brasil, segundo pesquisa de 2021 da plataforma de inovação Distrito em parceria com a Outcast Ventures, empresa de investimentos especializada no setor. De acordo com o levantamento, o setor já captou mais de US$ 1 bilhão nos últimos 10 anos, com destaque para captações de empresas como iFood, Daki e Fazenda Futuro.
Por aqui, o perfil das startups é o de apostar no e-commerce e na digitalização de outras empresas mais tradicionais do setor, como bares e restaurantes que precisam atualizar a maneira como se comunicam e se relacionam com o consumidor final. Por essa razão, as foodtechs brasileiras atuam, em sua maioria, no modelo B2B (de empresa para empresa), e o desenvolvimento de softwares de gestão se destaca entre as soluções mais comuns, indica também o Distrito. Veja, abaixo, uma lista com cinco foodtechs que estão adotando tecnologias disruptivas para modernizar a gestão pública do Brasil.
Conectar estabelecimentos e clientes para evitar o descarte de produtos excedentes, próximos à data de validade, é o propósito da Food To Save, que atua nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e em Brasília. Crédito: Jefferson de Souza.
Conectar estabelecimentos e clientes para evitar o descarte de produtos excedentes, próximos à data de validade, é o propósito da Food To Save, que atua nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e em Brasília. Crédito: Jefferson de Souza.

Food To Save

Criada em 2021 por Lucas Infante, a Food To Save mira o descarte de alimentos. Para isso, a startup desenvolveu uma plataforma que conecta estabelecimentos comerciais que tenham produtos para descarte a consumidores interessados em comprar esses itens. O objetivo é evitar o descarte de produtos excedentes, próximos à data de validade ou com pequenos defeitos que podem ser considerados inadequados para as gôndolas, mas que ainda podem ser consumidos. A partir da parceria com restaurantes, padarias, supermercados e hortifrutis, por exemplo, a Food to Save já evitou o descarte de 900 toneladas de alimentos em cidades do estado de São Paulo e Rio de Janeiro - e também em Brasília, no Distrito Federal. Atualmente, a empresa tem cerca de 1 mil estabelecimentos cadastrados.
Do lado dos consumidores, a Food To Save promete uma economia de até 70% em seu próprio marketplace. Recentemente, a startup também ampliou seu modelo de negócio para passar a atender indústrias e distribuidoras. As primeiras parcerias, ainda sob modelo de testes, já foram fechadas com grandes empresas como Nestlé, Shopper e Americanas. Neste primeiro momento, apenas usuários de São Paulo, e em raio de 10km da região da Barra Funda, terão acesso ao serviço. Para o futuro, a ambição da Food To Save é chegar a outros estados, conectando um número ainda maior de estabelecimentos, além de ampliar o número de parcerias na nova vertical dedicada à indústria. “As pessoas estão cada vez mais preocupadas com o tema, é um movimento muito expressivo”, diz Infante, CEO da empresa. Apenas em 2022, a Food to Save faturou R$ 15 milhões.

Connecting Food

A Connecting Food é uma foodtech brasileira que promove impacto social ao conectar indústrias e instituições sem fins lucrativos. A startup desenvolvida pela engenheira de alimentos Alcione Silva foca na gestão das doações de alimentos excedentes vindos de empresas e que são direcionados, na ponta, a organizações da sociedade civil (OSCs). Ao todo, são mais de 380 OSCs atendidas pela Connecting Food, em 116 cidades de 15 estados do país. Desde que foi criada, em 2016, a startup já auxiliou na redistribuição de mais de 7 mil toneladas de alimentos que seriam desperdiçados, garantindo o complemento de 14,4 milhões de refeições na mesa de brasileiros.
De acordo com a fundadora, a principal proposta de valor da startup está ligada ao comprometimento com a agenda de desenvolvimento sustentável. Com a inteligência de negócios da foodtech, grandes empresas que desejam se debruçar na agenda ESG (social, ambiental e governança), podem fazê-lo sem muita interferência no dia a dia do negócio, uma vez que a startup é responsável por toda a parte operacional e de controle do programa. Na lista estão companhias como Grupo Pão de Açúcar, iFood, Nestlé, Bauducco e Danone.
“Buscamos gerar valor compartilhado para o ecossistema em que estamos inseridos; onde, além de resultados para nossos clientes, conseguimos beneficiar diversas organizações e a sociedade como um todo, criando um círculo virtuoso na redução do desperdício de alimentos”, diz Alcione Silva, fundadora e CEO da Connecting Food.
“Desenvolvemos um trabalho de articulação e engajamento sobre a problemática e sobre a  importância de iniciativas que promovam a redução do desperdício de alimentos. Além disso, para ter uma ampla visibilidade sobre os desperdícios, geramos dados estratégicos para a gestão das perdas e melhorias operacionais”.
 Alcione Silva, fundadora e CEO da Connecting Food, foodtech que conecta indústria e entidades para criar impacto social por meio de doações de alimentos. Crédito: divulgação.
Alcione Silva, fundadora e CEO da Connecting Food, foodtech que conecta indústria e entidades para criar impacto social por meio de doações de alimentos. Crédito: divulgação.

FoodCo.

O FoodCo. aposta no poder das conexões para alavancar o mercado de alimentação no país. A startup é a maior comunidade para donos de restaurantes do Brasil e tem a proposta de educar empreendedores do setor a partir de pesquisas exclusivas e conteúdos educativos. Lançado em julho de 2022, o FoodCo. já conta com mais de 13 mil participantes, em essência donos de restaurantes interessados em aprender mais sobre gestão e controle da operação, além de receber análises de mercado semanais, através de podcast e conteúdo digital para o site, além de mentorias quinzenais com profissionais gabaritados do setor. A startup também oferece a plataforma FoodCo. Academy, uma reunião de conteúdos educativos com os principais experts do Food Service.
O FoodCo. foi desenvolvido pela PinóLabs, unidade de novos negócios da Gazeta do Povo  e tem entre seus embaixadores empresas e consultorias como EGG Educa; Brain Inteligência Estratégica, FoodConsulting, NaMesa Consultoria, BBX, Claudio Moreira e iFood.

Nude

A Nude desenvolve alimentos à base de plantas e pretende contribuir para a democratização desses itens, hoje inacessíveis a boa parte da população. Criada em 2020, a foodtech criou o primeiro leite vegetal carbono neutro do mercado brasileiro. Na prática, isso significa que a marca foi pioneira na compensação da pegada de carbono de toda a produção - das lavouras ao descarte da embalagem. O item é feito à base de aveia fornecida por pequenos produtores e agricultores familiares.
A intenção da Nude é também a de mobilizar toda a indústria de alimentos em favor da transparência ambiental. Para isso, foi uma das primeiras a inserir números sobre a pegada ambiental de cada produto nas embalagens. Para alcançar públicos não familiarizados com produtos feitos de aveia, a Nude também lançou a edição Barista, usada nas cafeterias para substituir o leite no preparo de cappuccinos e outras bebidas. Hoje, a marca está em mais de 500 cafeterias pelo país.

FoodHero

Criada em 2022, a plataforma FoodHero combate o desperdício de comida e ajuda estabelecimentos a obterem renda extra a partir da venda de alimentos perecíveis que seriam descartados. Por meio de um aplicativo, restaurantes, padarias e confeitarias podem anunciar seus produtos em “pacotes” doces, salgados ou mistos. Já o consumidor fica a cargo da retirada dos pacotes no local. A plataforma foi inspirada em negócios com propostas similares e já consolidadas fora do país. É o caso da americana Too Good to Go e da francesa We Are Phenix. Atualmente, a FoodHero atua na região de Curitiba, mas pretende expandir para todo o país. O plano da startup é implantar, ainda no primeiro semestre, serviços de delivery pelo aplicativo.

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