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Festival Novo Mundo: polarização política e culto a famosos são os temas do dia

Mariana Ceccon, especial para o Gazz Conecta
09/07/2020 11:55
Enquanto nos dois primeiros dias do Festival Novo Mundo os temas principais dos debates foram as direções em que o consumo, a educação e o mercado de trabalho devem seguir em um mundo pós-pandemia, o terceiro dia do evento deve ocupar-se em discutir o cenário de polarização política no Brasil e o culto às celebridades, passando pelo mito do líder herói até os influenciadores digitais.
A segunda edição do festival, que é a versão online do Welcome Tomorrow - maior evento de mobilidade e tecnologia do Brasil, começou na última terça-feira (7) e deve seguir até sexta-feira (10). Nesta quinta-feira, devem participar das transmissões nomes como o do empreendedor Walter Longo, a filósofa Lucia Helena Galvão e o apresentador Otaviano Costa.
Acompanhe a programação completa do terceiro dia de transmissões e um resumo do que aconteceu até agora:

Destaques do segundo dia

Educação, vulnerabilidade e liderança

Dedicado inteiramente a discutir a educação, as tendências de consumo e o comportamento no mundo pós-pandemia, o segundo dia do Festival Novo Mundo contou com a participação de especialistas em comércio digital e educação corporativa de companhias como Ambev, Grupo Boticário e Google Brasil.
O primeiro bloco de apresentações foi liderado pelo empreendedor e idealizador do festival Flávio Tavares e abordou como foco central a disponibilidade das pessoas mostrarem-se mais abertas a novas formas de aprendizado e flexibilidade para empatia. "Essa estruturação de um novo mundo está nos mostrando que, mais do que aprender, liderar ou vencer, temos que ser mais sensíveis ao processo da jornada", resumiu.
A sensibilidade para "aprender a aprender", inclusive, foi um dos temas da abertura do evento. Emílio Munaro, vice-presidente do Instituto Ayrton Senna, chamou atenção para competências socioemocionais que deverão ser eixos fundamentais do futuro do trabalho. Munaro listou 17 competências ensinadas pelo instituto dentro de cinco principais campos: amabilidade, abertura ao novo, engajamento com os outros, resiliência emocional e autogestão.
Essas habilidades no entanto, não são restritas ao ensino escolar ou apenas para aqueles que pretendem se adaptar as novas exigências do mundo do trabalho pós-Covid-19. No segundo painel do dia, Mariana Achutti, CEO da SPUTNik; Gustavo Brito, head de educação corporativa do Grupo Boticário; e Camila Tabet, diretora de people design da Ambev para América do Sul discutiram como as empresas e universidades corporativas são fundamentais no desenvolvimento destas competências.
"As empresas que estão se saindo melhor são aquelas que superaram o pensamento de que algum talento pertence ao seu quadro de trabalhadores e reconheceram que os talentos, na verdade, são do ecossistema", argumentou Brito.
"Quanto mais oportunidades de aprendizado você como empresa oferece, mais rico será o ecossistema de negócios. Estamos migrando da visão de empresas compradoras de educação para empresas provedoras e construtoras de conhecimento", pontuou.
Camila Tabet também defendeu que estruturar um sistema de aprendizado corporativo traz benefícios para todos os envolvidos, citando a década de trabalho realizado com a Universidade Ambev. "Pelo lado dos colaboradores, eles se sentem valorizados tendo a percepção de que a empresa está investindo em sua performance. Sob o aspecto de times, treinamentos como esses integram áreas e geram empatia. Para a gestão há não só um acréscimo de performance dos colaboradores, como também uma facilidade maior em ocupar trilhas de carreiras que vão se abrindo na companhia", afirmou.
O bloco da manhã foi encerrado com o escritor e mentor de carreiras Sidnei Oliveira, que destacou como a pandemia transformou veteranos em novatos e como devemos agir de forma flexível para superar os desafios que virão no novo mundo.

Comportamento e consumo pós-pandemia

A aceleração da digitalização brasileira dominou a pauta do bloco da tarde. A abertura, com o neurocientista e sócio do Instituto Locomotiva, Álvaro Machado Dias reforçou a importância de uma estratégia nacional unificada para acompanhar as mudanças tecnológicas que estão por vir.
"Há uma verdade em dizer que o brasileiro tem um jeito de lidar com a diversidade que nos é favorável. O que é problemático, no entanto, é que estamos num momento de retomada e funcionaria melhor se estivéssemos focados em criar uma unidade interna que motivasse os brasileiros a seguirem em uma linha lógica de progresso e não agir de forma caótica", defendeu Machado.
Na quinta palestra do dia, Nina Silva, CEO do Movimento Black Money e Fred Rocha, especialista em varejo e um dos pioneiros do e-commerce no Brasil, explicaram como os três meses de isolamento social no país ajudaram a acelerar em 15 anos a digitalização.
"Vivíamos em uma bolha em cidades como São Paulo e descobrimos que os pequenos negócios não eram digitais. Por mais que pareça simples, esse é um processo complexo. Mas mais do que digitalizar esses empreendimentos, a pandemia está forçando essas empresas a voltarem a entender os seus reais propósitos. Sem repensar isso, alguns negócios vão morrer em alguns meses", declarou Rocha.
Para fechar a reflexão sobre aceleração digital, a diretora de produtos e inovação do Google Brasil Flávia Verginelli explicou que a telemedicina, o comércio online de produtos alimentícios e a adesão massiva ao home office são exemplos do salto exponencial do Brasil rumo à digitalização.
"Ainda temos 40 milhões de brasileiros fora da internet, principalmente em áreas rurais e ainda faltam investimentos e infraestrutura para estarmos 100% conectados. No entanto o que temos percebido é que altos executivos tem colocado, nos últimos meses, o digital como prioridade número um de suas companhias e isso acelera o processo no país inteiro", pontuou.