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A proposta da Vendah é ser o braço direito de revendedores, auxiliando-os a transitar no ambiente digital.

Urso Consultoria Empresarial

Vendah: startup que digitaliza a “revista das revendedoras” atrai Y Combinator em rodada de R$ 12 milhões

Maria Clara Dias, especial para o GazzConecta
24/08/2023 12:07
Urso Consultoria Empresarial
A Vendah é uma daquelas empresas que nascem para acabar com certos estigmas envolvendo setores considerados amigos do passado. A startup paulista fundada em 2021 põe isso em prática ao digitalizar a venda de produtos ao consumidor por meio de uma plataforma online. Até aí, nada novo. O que muda, porém, é o alvo do negócio: longe da lógica dos grandes marketplaces, a Vendah, como bem supõe o nome, mira as vendas diretas — mais especificamente aquelas feitas por intermédio de revendedores.
Sem reinventar a roda, a proposta da empresa é ser o braço direito de revendedores, com o benefício de assumir por eles algumas pontas da operação que podem, por vezes, ficar desamarradas. Um exemplo está no gerenciamento e controle de estoque. Com a inteligência de dados da Vendah, e um modelo baseado na reposição em tempo real conforme a demanda, os revendedores recebem catálogos atualizados com ofertas diferentes a cada semana e, consequentemente, um sortimento variado de produtos, de itens para casa a produtos para pets. Ao todo, são mais de 700 itens catalogados e 30 mil revendedoras cadastradas.
Manter a variedade de linhas de produto também é uma missão da empresa. Ao oferecer um estoque que vai além dos tradicionais cosméticos e itens para beleza (tipicamente comuns nesse tipo de negócio), a Vendah aposta na popularidade de produtos para casa, decoração, animais de estimação e bebês. “Não somos um marketplace. Somos um e-commerce de estoque muito baixo, giro rápido e com muito mais benefícios para quem utiliza”, explica Luis Felipe Franco, fundador e CEO da Vendah.
A estratégia é inteligente, considerando a saturação do mercado e a dominância de gigantes do varejo no comércio eletrônico. A Vendah quer ir na contramão. Para isso, é responsável por selecionar os catálogos e determinar quais produtos serão oferecidos semanalmente, considerando a demanda e itens com melhor saída. Também é da empresa a tarefa de empacotar os pedidos e entregá-los diretamente na casa de cada revendedora da plataforma.
A Vendah luta para repaginar o mercado de vendas diretas, que atualmente movimenta cerca de US$ 45 milhões em negócios no Brasil. Em 2022, o país ocupou a sétima posição entre as nações com o maior faturamento no setor. Trata-se, também, de um mercado concentrado, dominado por poucos representantes, a exemplo de empresas como Avon e Natura.
Para competir nesse mercado, o que a Vendah faz é, em essência, auxiliar revendedoras a transitar no ambiente digital, revitalizando os famosos catálogos em papel e levando-os às redes sociais — hoje, o principal meio de divulgação de produtos para as revendedoras da Vendah é o WhatsApp.
Além do quesito variedade, a startup também aposta na reposição rápida de estoque, um atributo que só acontece graças à parceria com revendedores e distribuidores da Ásia. Segundo o CEO, 90% dos produtos comercializados na plataforma vêm da China.
A agilidade está no fato de poder acessar, em tempo real, os estoques nacionais desses parceiros. Os produtos que são sucesso de vendas são comprados e estocados em grande quantidade. Já os produtos de curva B e C, sem muito giro, são colocados em integração junto ao estoque desses fornecedores, o que significa que serão adquiridos apenas quando houver demanda. “Temos um modelo asset light bem diferente dos e-commerces tradicionais”, diz.
A aposta está, também, em reconhecer a relevância do “empurrão” a mais ao oferecer comodidades ligadas a pagamentos e logística. Com a plataforma da Vendah, as revendedoras recebem os produtos em casa, sem custo de frete. As comissões pela venda dos itens também é ágil: até dois dias úteis, segundo Franco. “Desde o início, percebi que era possível mudar a vida das pessoas, principalmente aquelas que necessitam de fontes de renda complementar, com a ajuda de tecnologia”, conta.

Novo fôlego

O modelo de negócio da Vendah já brilhou os olhos de muito investidor. Em 2021, a startup captou R$ 8,5 milhões com fundos como Maya Capital e Norte Ventures, além dos executivos Ariel Lambrecht (99, Yellow e Mara), Sérgio Furio (Creditas) e Robson Privado (MadeiraMadeira), que entraram na rodada como investidores-anjo.
Agora, a Vendah mira o breakeven. Para isso, acaba de levantar novos R$ 12 milhões em rodada seed liderada pela Y Combinator, uma das principais aceleradoras de startups do mundo, num processo que sucede a aceleração encarada pela própria startup neste ano. A Y Combinator investiu US$ 500 mil na startup brasileira. O restante veio de fundos como Goodwater, venture capital dedicada a empresas de consumo, Domo Invest e alguns investidores-anjo dos Estados Unidos, Índia e China. Entre eles, Ian Faria, fundador da startup Mecanizou.
Com o valor, a startup pretende expandir suas operações. Neste primeiro momento, a empresa deve investir em exposição para se tornar mais conhecida nas regiões em que atua  —  hoje, a Vendah está na cidade de São Paulo e na região metropolitana. Depois, a ideia é chegar a outros estados, ainda que não haja previsão para esse avanço. “Sabemos que estamos apenas arranhando o mercado. Ainda temos o Brasil todo para atacar”’, afirma.
O investimento também acelera o caminho da startup rumo ao breakeven. “Na nossa visão, esse valor é o suficiente para chegar ao breakeven num prazo de 18 a 24 meses”, diz. Esse período, segundo ele, antecederia até mesmo novas rodadas de investimento. “Claro que queremos uma série A no futuro, mas sabemos que podemos sobreviver sem novas captações. Uma nova rodada seria uma maneira de aproveitarmos janelas de oportunidades imperdíveis, mas com o pé no chão”, conta.
Capitalizada e com maior capilaridade, a Vendah também tem como objetivo dobrar o número de revendedoras na plataforma até o fim do ano. No que depender do apetite de investidores e no potencial deste mercado, catálogos para isso é que não vão faltar.
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