Londrina e Maringá: as cidades “rivais” podem se tornar aliadas estratégicas em inovação?

Senhores e senhores, que rufem os tambores para essa notícia que irá impactar não somente o mundo dos negócios inovadores no estado do Paraná, mas que também servirá de referência para o surgimento de iniciativas semelhantes pelo Brasil afora. Dia 29 de Novembro de 2022 acontecerá o nascimento oficial de um dos mais aguardados processos de cooperação intermunicipal das últimas décadas – sim, décadas. Acontecerá o nascimento da aliança estratégica entre Londrina e Maringá focada na sinergia entre os ecossistemas de inovação dos dois municípios.

De imediato algumas pessoas poderiam questionar: poderiam cidades rivais durante décadas tornarem-se aliadas estratégicas na criação de uma perspectiva que promova o desenvolvimento comum mais próspero? A resposta para essa pergunta é definitivamente SIM. Não há margem para dúvidas quanto a isso. Essa situação não é só possível mas desejável para um futuro mais promissor para ambos os ecossistemas de inovação, e dia 29 de novembro será um marco histórico desta ação.

Deixe-me contextualizar brevemente os fatos.

Em março de 2022, algumas das principais lideranças empresariais e políticas de Londrina e Maringá demandaram a colaboração do SEBRAE para a criação de um projeto de cooperação entre as duas cidades para fortalecer a economia do norte e do noroeste do estado. Como diretor de operações do SEBRAE Paraná, eu já tive a oportunidade de participar de diversos processos de cooperação –  tipo de trabalho que se caracteriza pela existência de inúmeros riscos e oportunidades. Tratei de reunir as equipes das duas unidades do SEBRAE, localizada evidentemente em Londrina e Maringá, para que pudéssemos identificar, a partir do contexto, a melhor abordagem para que a iniciativas pudessem ser levadas a frente com êxito.

A condução de processos de cooperação não é para amadores, exige conhecimentos específicos que somente muito estudo e prática podem dar. Meu currículo profissional ajuda muito nisso. A diversidade de experiências vividas associadas a um currículo apropriado - como, por exemplo, minha dissertação de mestrado focada em alianças estratégicas para inovação -, formam a expertise necessária para a gestão desse tipo de desafio e de poder ser mais assertivo nas diversas escolhas a serem realizadas.

Resumindo, depois de 3 meses de estudos e análises que passaram pelo contexto histórico e atual e de outras iniciativas pelo Brasil, definimos que o processo de cooperação poderia ser iniciado com maiores chances de êxito, caso abordasse as diversas sinergias entre os ecossistemas de inovação das duas cidades. De uma forma geral, as duas cidades apresentam - para surpresa de muitos (mas não minha) - muitas similaridades. São comunidades empreendedoras, e o empreendedorismo inovador está sendo estimulado por diversas instituições há muitos anos. De certa maneira, elas possuem uma visão de futuro que posiciona a inovação como elemento central.

Os dois ecossistemas de inovação em questão possuem inúmeras simetrias, que são fatores facilitadores da cooperação. Por exemplo, ambos ecossistemas trabalham setores e verticais comuns: construtech, healthtech, retailtech, turismo inteligente, agrotech, metal mecânico. O setor de TIC já possui inclusive ações conjuntas entre Londrina e Maringá, como é o caso do ECO TIC NOVA (evento realizado em conjunto no ano de 2022) e que é um ótimo exemplo de cooperação.

Ambos os ecossistemas trabalham no desenvolvimento de novos habitats de inovação, contando com investidores anjos locais para investirem em startups. São ecossistemas formadores de grande quantidade de novas startups todos os anos. Poderia continuar escrevendo aqui muitas linhas no sentido de evidenciar que a busca das sinergias entre os ecossistemas de inovação é, se não a melhor, uma das melhores escolhas possíveis para se criar um processo de cooperação, no formato de uma aliança estratégica entre os dois ecossistemas. Esclareço que não estamos fazendo uma integração. Os dois ecossistemas continuarão com seus planos próprios de desenvolvimento. Nosso foco é aumentar os resultados de ambos os ecossistemas pela potencialização de ações conjuntas que gerem sinergias.

O SEBRAE em parceria com as prefeituras e associações comerciais e industriais de Londrina e Maringá e FIEP são as entidades que fazem parte do núcleo do projeto, mas cerca de 70 lideranças, representantes de dezenas de outras instituições fazem parte desta ação e estão extremamente comprometidas com a ação.

Coube a equipe técnica do SEBRAE criar a metodologia e conduzir o processo de quase 6 meses que envolveu a preparação desses líderes para a formação e instalação da aliança estratégica. Nesse sentido, o SEBRAE organizou workshops que abordaram a integração das lideranças dos dois ecossistemas, módulo para ampliação da visão com interação com ecossistemas de inovação nacionais e internacionais, estudo do diagnóstico participativo e elaboração de um planejamento de curto prazo. Atualmente, 10 grupos de trabalho estão finalizando o planejamento de um conjunto de ações que deverão dar vida prática a esse movimento a partir do início de 2023.

Dia 29 de novembro teremos então “o nascimento do bebê”, minha metáfora preferida para designar o nascimento dessa aliança estratégica entre os dois ecossistemas de inovação que marcará a história do desenvolvimento da nova economia no norte e noroeste do Paraná. Tenho imenso orgulho pessoal e profissional de estar conduzindo conjuntamente com as equipes do SEBRAE das regionais norte e noroeste todo esse processo. Em tempo, informo a todos que o bebê nascerá saudável e forte, e crescerá rápido. Estamos tomando todas as medidas para que isso ocorra.