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Antonella Satyro conversa com Papo Raiz sobre inteligência emocional

Antonella Satyro

Soft Skill do futuro: como desenvolver inteligência emocional

Papo Raiz*
14/09/2022 20:52
“Quando a gente começa a tirar os véus das nossas bagunças emocionais, começamos a ver a realidade como ela é e conseguimos ser muito mais conscientes sobre as situações”. A frase é da palestrante, investidora-anjo de startups e mentora de Líderes & CEOs, Antonella Satyro, que explicou o conceito de inteligência emocional, durante uma participação no podcast Papo Raiz, e como aplicar isso na rotina pessoal e, principalmente, profissional.
Influenciada pela junção de diferentes traços de personalidade, a inteligência emocional tem sido um dos temas mais discutidos dentro de pequenas, médias e grandes empresas, que buscam profissionais com esse tipo de habilidade e também pesquisam novas formas de contribuir para que aqueles que já fazem parte de suas equipes desenvolvam mais essa característica.
Com longa experiência sobre o assunto, Antonella Satyro apresentou alguns pontos importantes que envolvem a inteligência emocional, e como este conceito considerado um bom radar em processos seletivos pode ser trabalhado no setor empresarial, especialmente, ligado à liderança, e como a mente e as reações pessoais podem ser treinadas em relação a diferentes situações do dia-a-dia.

O que é um líder emocionalmente inteligente?  

A forma como um líder desempenha o seu trabalho impacta diretamente no engajamento da equipe pela qual ele é responsável e, consequentemente, no sucesso da empresa ou de um negócio. Para Antonella Satyro, o papel do líder mudou muito nos últimos anos, porque esse profissional agora tem a missão de estar mais ativo e junto das pessoas que fazem parte da rotina de trabalho. Segundo a palestrante, um líder com uma boa inteligência emocional precisa saber dedicar tempo aos colaboradores, a quem faz parte de sua equipe, pois as empresas precisam dessas pessoas para crescer e se consolidar no ramo em que atuam.
“Os líderes, muitas vezes, estão focados no operacional fazendo o dia-a-dia, isso dentro de empresas e startups e às vezes eles não dedicam tempo para o estratégico, que é olhar quais são os objetivos para o semestre ou para o ano, como vão chegar lá, o que precisam fazer para alcançar esses objetivos e como vão compartilhar isso com a equipe, além de perguntar para essa equipe o que podem fazer para levar a empresa a outro patamar. Esse é um dos exemplos que eu vejo de problema na liderança em empresas de médio e grande porte, como também em startups”, destacou.
A mentora ainda comentou sobre qual é a principal dica que ela dá aos líderes que querem ter a inteligência emocional como uma das principais características do ambiente de trabalho. “Eu sempre recomendo que os líderes façam pelo menos uma reunião one-on-one mensal com cada um dos colaboradores de 1 hora ou, a cada 15 dias, meia hora, para saber como a pessoa está e em que pode ser ajudada para melhorar seu trabalho. Isso ajuda muito a entender o que motiva esse colaborador e o líder consegue trazer isso para as conversas, além de delegar uma atividade a essa pessoa para que ela se sinta bem e pertencente ao ambiente de trabalho”, disse Satyro.

Qual a importância da inteligência emocional para o líder?

Um líder tem forte influência sobre a forma como as relações serão construídas dentro de um ambiente de trabalho e sobre a entrega final em muitas empresas. É aí que, segundo Antonella Satyro, entra a inteligência emocional como um dos elementos-chave para que lideranças consigam conduzir equipes e trabalhar com mais eficiência.
Mas, para compreender melhor o quanto a inteligência emocional é essencial para um líder, Satyro destacou que é preciso conhecer os diferentes estilos de liderança que, conforme ela explicou, se dividem em quatro: o líder colaborativo, que é aquele que chama o colaborador para fazer junto; o líder descontraído, que deixa as pessoas fazerem o trabalho por elas mesmas; o líder coach que usa perguntas para inspirar as pessoas e para que elas cheguem as suas próprias conclusões; e por fim, a liderança comando e controle, que é aquela do “eu mando e você obedece”.
“Em todos esses tipos de liderança situacional temos que pensar como fazer a análise de tudo isso. Eu sempre trago a amostragem: começo a pensar quantas situações eu tive e quantas situações eu passei com a equipe e, a partir desse pensamento, eu crio um plano de ações para em determinadas situações exercer lideranças diferentes. Olhar para todas essas vertentes ao mesmo tempo e elaborar qual vai ser a tua estratégia é algo que se aprende com a experiência”, explicou a mentora Antonella Satyro.

O que fazer para ter inteligência emocional?

Segundo Antonella, para ter inteligência emocional, uma pessoa precisa identificar os próprios pensamentos e, a partir disso, saber lidar com as emoções que surgem desses pensamentos ou de situações específicas. “Tudo começa no pensamento. Todo pensamento gera uma emoção, que gera um sentimento, que gera uma atitude então, assim, se eu começo a perceber quais são os meus pensamentos conscientemente, a partir disso eu descubro quais são as emoções e sentimentos gerados também”, esclareceu.

Como saber se a pessoa tem inteligência emocional?

Para Satyro, saber se uma pessoa tem inteligência emocional é algo complicado, principalmente, em processos de recrutamento profissional, porque nesses casos, os candidatos muitas vezes já vão preparados para a situação. Ela explicou uma tática que pode auxiliar gestores na hora de tentar observar a habilidade de inteligência emocional em um profissional.
“Uma coisa que ajuda muito é fazer um teste de perfil e, assim, vai saber quais são os perfis mais altos e baixos que a pessoa tem. Você pode olhar os pontos limitantes dos perfis mais altos do candidato e aí jogar experimentos durante a entrevista que ativem esses pontos limitantes e ver como a pessoa reage”, orientou.
Ainda de acordo com a mentora, a inteligência emocional está debaixo do iceberg da personalidade de uma pessoa, então, às vezes para o recrutador conseguir ter algo mais apurado, ele pode dar ao candidato um experimento após a entrevista para que este o desenvolva.

Que exercícios diários contribuem para desenvolver inteligência emocional?

Apesar de parecer algo simples, desenvolver a inteligência emocional é um desafio diário segundo Antonella Satyro. Ela destacou que ter um plano de ação, constância e disciplina diariamente é o que vai fazer a diferença na hora de alcançar essa soft skill, pois assim a pessoa vai de fato entender o motivo de estar agindo de certa forma e como melhorar isso.
“É preciso acordar todo dia e pensar quais são meus objetivos, o que preciso trazer a consciência e como eu vou trabalhar determinada situação. É isso que eu faço! Tenho minha lista de objetivos por tempos determinados e todo dia antes de trabalhar eu olho para esses objetivos, então, estou sempre ligada e vendo em que eu preciso trabalhar e como melhorar. No fim do dia eu faço uma retrospectiva de em que eu fui bem e em que eu preciso melhorar. Eu uso isso como um exercício mental e dá trabalho, mas você também vê muitos resultados”, explicou.

Como lidar com as emoções negativas?

As emoções negativas fazem parte do ser humano, mas para muitas pessoas lidar com esse sentimento pode ser difícil e gerar até conflitos dependendo da situação. Além de parar, respirar e aprender a cuidar mais de si, para ajudar a trabalhar melhor com as emoções negativas, a mentora Antonella Satyro ressaltou que a inteligência emocional é uma ótima aliada das pessoas e profissionais, pois ela é uma das habilidades “mãe” e ao conseguir desenvolvê-la, o indivíduo consegue indiretamente desenvolver várias outras soft skills.
“As habilidades são muito conectadas, porque se eu gerencio melhor as minhas emoções, consequentemente, eu também me comunico melhor. Conseguir perceber minhas emoções, saber gerenciá-las e não é não ter emoções ou não ter emoções negativas, mas sim perceber essas emoções e conseguir ressignificá-las, ou seja, o problema não é ter pensamentos ruins, mas sim a forma como você lida com eles”.  (Antonella Satyro)

Quais as soft skills desejáveis em um profissional do futuro?

Considerando as diversas mudanças que vêm acontecendo na sociedade e no mundo dos negócios, especialmente, com o surgimento das novas tecnologias, Antonella Satyro pontuou quais serão as soft skills mais desejáveis em profissionais. Entre essas principais habilidades, a palestrante destacou a inteligência emocional; ter um mindset de crescimento e desenvolver isso; adaptabilidade; comunicação assertiva; poder de negociação e ser estrategista.
Ela ainda ressaltou que essas soft skills humanas são importantes e é para isso que as empresas têm que olhar mais, ainda que as tecnologias estejam chegando e talvez se amplifiquem no futuro.
“Nesses dois últimos anos, a gente teve saltos quânticos na área de tecnologia, mas o ser humano traz algo que as máquinas não têm que é a sensibilidade, criatividade, inovação e tato com as pessoas então, assim, a gente vai ter posições sendo substituídas, mas também precisaremos de muitas pessoas que desenvolvam novas habilidades e é por isso que temos falado tanto de inteligência emocional e de adaptabilidade”, concluiu Antonella Satyro.
*Artigo produzido pelo Papo Raiz – uma conversa descontraída e divertida sobre empreendedorismo e assuntos em alta na sociedade.

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