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Aparthotel Adagio, na região da Barra Funda em São Paulo.

Futuro pós-pandemia

Quarto escritório e “day use”: hotéis se reinventam para reverter a crise

Patrícia Basilio, especial para o Gazz Conecta
10/07/2020 19:32
Com a crise provocada pelo novo coronavírus, grandes grupos hoteleiros tiveram de se reinventar para manter parte de seus quartos ocupados e não fecharem as portas. Em algumas redes, pacotes de hospedagem semanal deram lugar ao “day use” (um dia de uso), quartos se transformaram em escritórios e espaços para eventos, em salas para reuniões corporativas. E com a retomada das atividades em algumas cidades, grande parte dos hotéis estrutura um grande projeto de segurança para evitar a contaminação de funcionários e hóspedes.
Cerca de 77% das 22 unidades do Bourbon Hotéis & Resorts, distribuídas entre Brasil, Argentina e Paraguai, já voltou a operar. As demais, retomam as atividades em agosto. A ocupação, contudo, varia entre 20% e 25%. “Contratamos uma consultoria e levamos mais de um mês para definir os novos protocolos [de segurança]. Agora, estamos extremamente seguros. Somos hospitais sem médicos”, garantiu Annie Morrissey, diretora de vendas e marketing do grupo.
Para garantir receita até a volta total das operações, o Bourbon passou o oferecer hospedagens “Day Use” nas unidades de Cataratas do Iguaçu (PR), Santos (SP) e Atibaia (SP), em que os clientes podem aproveitar o entretenimento do hotel  durante o dia, como se fosse um clube; transformou quartos em escritórios e está alugando espaços de eventos para reuniões corporativas.
“Na unidade de Curitiba, estamos fazendo delivery no nosso restaurante japonês e em breve também vamos entregar feijoada. Se a gente não se movimenta, morremos na praia, afinal nosso custo é muito alto. Temos que ter paciência e criatividade”, afirmou Annie.
Em 40 cidades brasileiras, a startup de hospitalidade indiana OYO Hotels & Homes está com 50% de suas unidades fechadas por conta da pandemia. Para retomar as atividades, a empresa se baseia na China, maior mercado da marca, onde a ocupação média caiu de 70% para 10% com o coronavírus e hoje está em 45%. “Conseguimos ver uma luz no fim do túnel a partir da experiência da OYO na China. No Brasil, estamos com a ocupação três vezes acima da média do mercado, [próxima dos 15%]. Há muitos casos de hóspedes que têm grupo de risco na família e precisam ficar em quarentena após um possível contágio”, explicou Henrique Weaver, country head da OYO no Brasil.
Henrique Weaver, country head da OYO no Brasil.
Henrique Weaver, country head da OYO no Brasil.
Para ajudar os hotéis parceiros e os profissionais da saúde, a OYO também ofereceu mais de 1 mil estadias gratuitas para médicos, enfermeiros e bombeiros.  Os hóspedes não pagaram pelo serviço e o hotel, por sua vez, recebeu o valor da rede como um incentivo para superar este período de crise. “Estamos tentando entender a velocidade de volta do Brasil. Enquanto isso, criamos um selo de segurança como foco em saúde e segurança e esperamos treinar 50% dos hotéis do país até agosto”, disse Weaver.
Entre os processos que a OYO passou a determinar estão a redução de contato no check in, priorizando processos por e-mail, envio de café da manhã no quarto e maior rigor na higienização — as áreas comuns, por exemplo, devem ser limpas a cada duas horas. “O hóspede precisa estar seguro e se sentir seguro para voltar”.

Rigor em higiene é prioridade

Levantamento realizado pelo grupo Accor com 530 clientes da capital paulista e região metropolitana apontou que 87,22% dos profissionais que preferem fazer home office aceitam trabalhar em um quarto de hotel adaptado, sendo que para 61,36% deles um alto padrão de higiene seria diferencial em época de pandemia, seguido por wifi de alta velocidade (56,25%).
A rede hoteleira, que lançou em maio o modelo “Room Office” (quarto escritório), em São Paulo,  expandiu em junho o serviço para 35 endereços em outras regiões do Brasil, incluindo Foz do Iguaçu e Curitiba, no Paraná, e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. No período das 8h às 20h, a cama dá lugar a mesas, cadeiras, sofá, frigobar e, em algumas unidades, equipamentos para reunião online, como monitores e outros utensílios para áudio e visual.
“A aceitação do produto nos mostra que estamos no caminho certo. Nesse momento de isolamento social, muitas pessoas estão buscando tranquilidade e infraestrutura para trabalhar. Ter um local seguro, perto de casa, confortável e com preço acessível é uma solução para muitos profissionais de diferentes áreas”, explicou Olivier Hick, COO das marcas midscale e econômicas da Accor no Brasil.

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