Maria Ângela Marques está há quase 40 anos em Curitiba, cidade que adotou como sua casa.
Maria Ângela Marques está há quase 40 anos em Curitiba, cidade que adotou como sua casa.| Foto:

A voz de Maria Ângela Marques, 57 anos, soa reconhecida. O timbre forte, as palavras claras e bem pronunciadas não enganam. Imediatamente vem à mente a emblemática frase de um antigo comercial do Shampoo Colorama: “Ei, ei, você se lembra da minha voz?”, só que na condição afirmativa: “Ei, ei, eu me lembro de sua voz”.

Maria Ângela Marques foi locutora da extinta Rádio Estação Primeira – rádio que mudou o ritmo da audiência em Curitiba no final da década de 1980, com locução 100% feminina e a programação focada no rock e na música independente. E é de lá que vem a lembrança. Mas pode ser também da época em que ela foi apresentadora de telejornal, durante sete anos.

Enfim, esses vêm a ser apenas mais alguns detalhes entre os tantos que caracterizam a fluminense que adotou Curitiba há 38 anos e que hoje atua como voluntária em atividades de acesso à literatura.

Ela conta que não nasceu em Curitiba, mas chegou à cidade em 1984 para fazer o curso de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR). “Ali travei amizades que perduram toda a vida e vínculos permanentes”, comenta.

Segundo ela, Curitiba requer algum traquejo para desvendar seus charmes, mas depois que abraça uma pessoa, não a abandona mais. “Sinto-me inteiramente incorporada ao que se pode denominar ‘personalidade’ local e me considero naturalizada à medida que sou mãe de dois curitibanos”, avalia.

Maria Ângela diz que, já adulta, construiu variados espaços que, segundo ela, são frutos das oportunidades que uma cidade enriquecida por elementos de cultura e estímulos criativos oferece. “Fui radialista da maravilhosa Estação Primeira, apresentadora de telejornal, trabalhei durante quatro anos para o Governo do Estado do Paraná e, outros 30 junto ao Tribunal Regional do Trabalho”, recorda.

Com uma formação acadêmica sólida, que passou pelo mestrado e doutorado, ensino superior privado na área do Direito do Trabalho, há três anos ela está aposentada e se dedica a um trabalho voluntário com foco na literatura. “Me embrenhei na rede ampla, bela e acolhedora de voluntariado existente na cidade. Em especial desenvolvendo atividades sustentadas no conceito de direito à literatura, o acesso amplo e emancipador que a literatura dispõe a todos”.

Depois de passar por uma formação de Mediação de Leitura na Fundação Cultural de Curitiba (FCC), ela vem desenvolvendo trabalhos voluntários em rodas de leituras, com atividades gratuitas. “Já tive oportunidade de levar a experiência ao programa Arte para Maiores do MON, leituras para garotos que cumprem medidas socioeducativas no Centro de Socioeducação de Piraquara”, relembra, lamentando a descontinuidade durante o tempo de isolamento.

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As diversas tribos que presenteiam Curitiba em seus 329 anos.

“Curitiba, em seus 329 anos, é celeiro de iniciativas formidáveis para a cultura erudita e popular. Devolver à população que me incluiu como filha nata um tanto da alegria de transitar pelas mesmas ruas de Poty Lazzarotto, Alfredo Andersen, René Ariel Dotti, Paulo Leminski, Jaime Lerner, Alice Ruiz, Dalton Trevisan...isso é o mínimo, não é mesmo?”, questiona.