Iguaçu e Santa Quitéria pela Suburbana de Curitiba, em 2015, jogo que terminou inclusive com briga de torcida.
Iguaçu e Santa Quitéria pela Suburbana de Curitiba, em 2015, jogo que terminou inclusive com briga de torcida.| Foto: Henry Milléo/Arquivo/Gazeta do Povo

Mais antiga do que o próprio Campeonato Brasileiro de Futebol, a Suburbana de Curitiba é referência para os abnegados do esporte. Por muitos anos, no jornal Tribuna do Paraná, um dos maiores defensores da bandeira do “futebol de verdade”, o jornalista Levi Mulford, contou a par e passo, desde 1953, o que via da competição. Infelizmente, em 2020, este ícone do jornalismo esportivo suburbano morreu.

Suburbana, como é nomeada o campeonato amador de Curitiba, é promovida desde 1941. Com grandes feitos, muitos nomes passaram por ali. Desde atletas que desejavam ingressar nos times profissionais, como aqueles que faziam o caminho inverso, por um acaso do destino. Nomes como o goleiro Jura, o atacante Léo Gago, o meia Bruninho e tantos outros saíram dos holofotes e encontraram nos campos de várzea curitibana um espaço para seguir no mundo dos boleiros.

O que não faltam na Suburbana, aliás, são as figuras icônicas. Os frequentadores dos estádios certamente já ouviram o torcedor Ênio gritando, apoiando e até avisando o tempo de jogo. Ou, para os mais entusiastas, vão saber que uma das lendas é o grande Tiziu, jogador que defendeu muitas equipes, mas que se consagrou mesmo no Capão Raso, onde vive hoje como dirigente da agremiação.

Há também personagens que se destacam pela quantidade de troféus, que inclusive saíram de competições patrocinadas pela Tribuna, caso do treinador Ivo Petry, que disputava o antigo Torneio Peladeiro Nelson Comel. Vitorioso, ele não sabe precisar quantas taças já levantou. Com modéstia, atribui todas aos jogadores e às equipes dos clubes. Mas é notório que ele, tendo colocado à disposição mais da metade dos seus 53 anos para o futebol amador, tenha um caminho reconhecido.

“A Suburbana é feita por abnegados. A gente vê que tem um misto de pessoas do bairro, ex-atletas, jovens promessas, de tudo um pouco. Conforme vão surgindo patrocinadores interessados, a dinâmica muda. Eu sempre me diverti e gostei de futebol e faço isso com prazer”, afirma Petry. Ele conta que a primeira equipe que integrou foi o Combate Barreirinha, em 2004. De cara, já se sagrou campeão.

O treinador, inclusive, passou pelos principais times da cidade, como o Trieste, uma das potências de Santa Felicidade, e seu grande rival, o Iguaçu. Por essas duas equipes, aliás, chegou a erguer uma dezena de canecos.

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As diversas tribos que presenteiam Curitiba em seus 329 anos.

Quem conhece um pouco a Suburbana sabe que a disputa da competição mobiliza os bairros da capital. São 12 times disputando a Série A do torneio e 20 na Segunda Divisão. Bairros como Pilarzinho, Santa Quitéria, Fanny, Novo Mundo, entre outros, estão na rota de quem quer conhecer o bom e velho futebol raiz.

“Eu sou só uma parte de quem vive isso. Só tenho respeito a todos que passaram por mim. Se eu fosse pedir alguma coisa, seria para que não esqueçam a Suburbana. Que invistam no campeonato para que ele siga sendo competitivo e que a comunidade seja fortalecida com este investimento no esporte”, conclui Petry.