Medicina tem a tradição de ser o curso mais concorrido da UFPR com mais de 50 candidatos por vaga. | DivulgaçãoCurso Positivo
Medicina tem a tradição de ser o curso mais concorrido da UFPR com mais de 50 candidatos por vaga.| Foto: DivulgaçãoCurso Positivo

Uma fórmula mágica. Há consenso entre aqueles que conseguiram e aqueles que acompanham o sucesso de quem tenta. Passar em um vestibular difícil ou muito concorrido tem, sim, uma receita para o sucesso. Mas isso não significa que ela seja simples. Ou fácil. Pelo contrário. 

Marco Canto pode ser considerado um “expert” em aprovação em vestibulares de Medicina. Além dele próprio, nada menos do que três filhos e três sobrinhos conseguiram o feito. O oftalmologista, formado pela Universidade Federal do Paraná, explica o primeiro passo da tal fórmula mágica: “tem que querer muito”. “Se o estudante tem certeza de que é aquilo que quer, ele consegue manter o foco e vai achar que o esforço justifica realmente o sacrifício que ele vai ter que fazer em um ou dois anos de cursinho”. 

Uma vez definido o objetivo, a segunda etapa é a mais difícil: dedicação total aos estudos. Com quase 45 anos de experiência na preparação de vestibulandos, o professor do Curso Positivo Renato Ribas Vaz é categórico ao dizer que o aluno que pretende a aprovação em um vestibular como Medicina, Direito, Engenharias, Arquitetura, Psicologia, entre outros, de uma universidade renomada precisa “esquecer o mundo por um ano”. 

“Não significa estudar 24 horas por dia o ano inteiro. Mas o estudo tem que ser metódico, contínuo e disciplinado. Nós aconselhamos o aluno algumas coisas quando estuda. Primeiro: ambiente silencioso, próprio para estudo. Sem telefone, particularmente o celular. Não tem televisão, não tem rádio, não toca música. Tem que se concentrar no estudo. Qualquer coisa que tire essa concentração leva o aluno a perder o foco do estudo e tem que começar tudo de novo”, explica (veja mais dicas no infográfico abaixo). 

Muito estudo, mas com equilíbrio. Marco Canto também defende a disciplina, até mesmo para poder ter momentos de descanso. “A pessoa tem que sentar, estudar e não tem outra opção. Tem que ter um programa de estudo muito bem estabelecido e cumpri-lo. Mas também ter o horário que vai parar, que vai fazer um esporte, ver os amigos... até para que o cérebro volte a funcionar. Se não ele para mesmo”. O médico ainda acrescenta uma boa noite de sono e uma alimentação regular como fundamentais durante todo o período de preparação. 

Mas até para estudar bem é preciso seguir algumas diretrizes. Se a dúvida é quanto tempo dedicar para cada disciplina, o professor Renato tem a resposta. “Tem que estudar um pouco de todas as matérias. Todas são importantes. A cada tempo de aula, um período equivalente de estudos. Meia hora de aula de geografia e meia hora de estudo de geografia, daí muda. É um erro se fixar em uma matéria só. O aluno às vezes diz: ‘mas eu não estou resolvendo todos os exercícios da apostila’ e fica 4 horas estudando matemática. A mente fica cansada. Ele não aprende tudo da matemática e ainda deixa de estudar as outras matérias. E todas vão ser importantes na sua aprovação”. 

Professor Renato em sala de aula: “mesmo tempo de aula deve ser dedicado ao estudo da disciplina” Divulgação Positivo

Se acontecer o contrário, é bom tirar proveito: “se o aluno tem muita facilidade com alguma matéria, ele pode gastar menos tempo no estudo e se dedicar a uma matéria em que seja mais fraco”, explica Renato. 

Boa base 

Rubens Cat, médico formado pela Universidade Federal do Paraná, também acompanhou o sucesso do filho que quis seguir seus passos. Hoje professor de Medicina na UFPR, percebe em seus alunos um padrão, ou seja, quatro elementos que ele entende serem primordiais para quem deseja vencer uma competição tão acirrada. 

“Eu digo que o aluno que passa num vestibular como o de Medicina tem quatro coisas: família com um bom grau cultural; ter vindo de boas escolas no ensino fundamental e médio; uma cabeça boa para enfrentar situações difíceis; e uma boa redação. Três delas ele herda, não tem muito o que fazer. A quarta (a redação), precisa dedicação”. 

Vestibulares concorridos têm mecanismos para diferenciar os alunos mais preparados. Renato Freire, diretor executivo da Fuvest, destaca quais as características dos aprovados nos testes mais difíceis: “ele tem que ser capaz de ter raciocínio lógico, ler e interpretar uma informação, discorrer e emitir uma opinião e, sobretudo, tenha conhecimentos gerais de ciências, línguas e matemática”. 

Outros apoios 

Se a fórmula mágica da aprovação exige um sacrifício grande do candidato, é justo que ele tenha uma forte rede de apoio durante todo o processo. “Os pais, primeiro, têm que esclarecer que ele não vai, provavelmente, passar no primeiro vestibular. Tem que explicar que ele não deve ficar muito ansioso, que é um vestibular muito difícil e que não passar no primeiro ano não tem demérito nenhum”, aponta Marco Canto, que acompanhou de perto a escolha e a preparação dos três filhos que decidiram cursar Medicina. 

O professor Renato cobra uma postura exemplar da família. “Não se deve cobrar o aluno nunca. Se os pais veem que o aluno se dedicou, estudou e não passou, não dá para cobrar. Alguns pais pressionam muito. A família deve apenas acompanhar o estudo e conscientizar o aluno da importância de estudar regularmente”. 

Mas existem outros suportes que o aluno pode contar neste período. No Curso Positivo, o estudante conta com orientadores que indicam a melhor forma de estudar e que conversam individualmente para entender a dificuldade em determinada disciplina. O aluno ainda recebe orientação vocacional e tem acesso a uma grande variedade de aulas especiais – redação, atualidades, livros indicados – além dos simulados com resultado separado por cursos.

Aprendizado para a faculdade 

É natural que o vestibulando coloque como meta do ano letivo o dia da prova e, consequentemente, o tão sonhado resultado positivo. Mas a aprovação no disputado vestibular é apenas a primeira etapa de uma caminhada que pode ser tão ou mais difícil do que superar as centenas (ou milhares) de concorrentes. O conhecimento adquirido no período de cursinho precisa ser uma boa base para o que ele vai ser cobrado durante os anos de faculdade. 

“O conhecimento é cumulativo. Você não consegue colocar uma camada sem ter uma estrutura embaixo. Seja de raciocínio lógico, de matemática, de álgebra ou aquelas matérias do cursinho que te ensinam a raciocinar. Muitos vão pensar que a Medicina não tem física, química, matemática... Estão completamente enganados”, afirma o oftalmologista Marco Canto. 

O cursinho preparatório para o vestibular também pode ajudar a aluno a conhecer melhor o que ele deve encontrar além das portas da universidade. O pretendente de Medicina, por exemplo, precisa ter noção do sacrifício que terá que fazer ao longo da faculdade, para entrar na residência e mesmo ao longo da vida profissional. 

Rubens Cat acompanha alunos na etapa final do curso de Medicina e acredita que o que ele aprende no cursinho, tanto o conteúdo, como a forma de estudar, servirá para a vida toda daquele futuro profissional. “Para ser um bom médico ele vai precisar de todos aqueles cuidados que ele teve para ser aprovado no vestibular – como se dedicar a estudar oito, dez horas e ter muitas privações do que ele gosta de fazer. O resto da vida ele vai precisar dessa dedicação que teve para entrar no vestibular”. 

O curso Posimedicina, além de ter uma carga horária e grade curricular mais específica para os vestibulandos que pretendem a área médica, também traz outros elementos na preparação destes alunos. “Nós traremos palestra com médicos, que vão orientar sobre o curso para o aluno ver se é aquilo mesmo que ele quer. Os alunos vão para o hospital em determinados dias, ver como é a mecânica de um hospital, ver aula com aluno de medicina num hospital escola”. 

E esse tipo de aprendizado é fundamental justamente para aquilo que falamos lá no início desta reportagem, a primeira etapa da tal fórmula mágica: ter certeza daquilo que quer.