| Danielle Blaskievicz
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É com a maior facilidade do mundo que as estudantes Gabriella Onório Vieira, 12 anos, e Mariana Basso Oh, 11 anos, explicam o trabalho que estão desenvolvendo para a disciplina de História. Elas construíram um jogo de tabuleiro, com perguntas e respostas sobre a população indígena do Paraná, para ser aplicado aos colegas do 7.º ano do Colégio Bagozzi, em Curitiba.

Todo o processo, desde a confecção do tabuleiro até à elaboração das perguntas e a pesquisa para encontrar as respostas corretas, foi concepção e produção das meninas, apenas com a supervisão do professor da disciplina, Nilton Torquato, que aposta nas metodologias ativas para ensinar seus alunos.

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A metodologia ativa é, na verdade, um modelo de ensino, a partir do qual o aluno passa a ser tutor de seu próprio aprendizado. “É uma nova proposta de encaminhamento metodológico onde o aluno é o centro de todo o cenário”, esclarece a coordenadora do curso de Pedagogia da Universidade Positivo (UP), Fabiane Picheth, que é mestre em Educação, Comunicação e Tecnologia, especialista em Tecnologias Educacionais e doutoranda em Administração.

Troca de papeis

Fabiane explica que as metodologias ativas surgiram no final dos anos 90, mas ganharam força nos últimos anos, principalmente com os novos perfis de alunos, como as gerações Y e Z – pessoas nascidas entre 1980 e 1990 e de 1990 até 2010, respectivamente – que já cresceram em um ambiente digital e conectado.

Para Gabriela e Mariana, essa é a forma mais adequada para se assimilar uma matéria. “É muito mais interessante. A gente pesquisa e o conteúdo fixa melhor”, afirma Gabriela. Mariana destaca que é uma forma “de aprender se divertindo” e comenta que gostaria que todas as outras disciplinas fossem ministradas nesse mesmo ritmo, porque, segundo ela, “as aulas no formato tradicional não são tão produtivas”.

De acordo com Fabiane, dentro das metodologias ativas, o papel do professor é o de “problematizador”. “O que está em questão é a posição do professor. O aluno precisa de engajamento e de curiosidade para alcançar um bom resultado”, destaca a coordenadora.

Transformação gradual

Se para as novas gerações as metodologias ativas são uma forma de aprender brincando, para outros – não necessariamente os mais antigos, mas para os mais apegados ao modelo tradicional de ensino – o processo de transformação ainda causa desconforto e gera desconfianças.

A professora universitária Ana Claudia Hotz Kraft Kudny, que costuma usar essa proposta metodológica nas suas aulas na universidade, diz sentir muita dificuldade de adesão nessa faixa de público, que tem entre 18 e 25 anos, principalmente. “A metodologia ativa não permite que você ‘espere’. Aí a coisa não acontece”, analisa.

Para esclarecer, ela cita como exemplo situações em que propõe pesquisas prévias para a execução de algum projeto. Segundo ela, na hora de colocar em prática, é comum perceber que boa parte dos alunos não executaram nem mesmo o primeiro passo. “A impressão que eu tenho é que essa geração ainda está em uma fase de transição. Já os pequenos, são bem mais abertos. Eu costumo brincar que eles já vêm com chip”, enfatiza.

Exemplos na prática

Sala de aula invertida: é a inversão do processo de ensino-aprendizagem usando recursos tecnológicos como smartphones, tablets e notebooks;

Peer instruction ou instrução pelos pares: leitura prévia do material em estudo pelos alunos, com exposição em sala de aula, questionamentos e debate em grupos para resolver conflitos pontuais

Rotação por estações: a sala de aula é dividida por três ou quatro estações e o professor usa o tempo de duração de uma aula para trabalhar o mesmo assunto sob diferentes abordagens.