ônibus turismo Itaipu
| Foto: Rubens Fraulini

Responsável por 15% do total de energia consumido no Brasil e 90% do que é consumido no Paraguai, Itaipu Binacional, que detém o recorde de produção de energia elétrica no mundo, produziu, em 2018, 96,6 milhões de MWh, proporcionando uma receita operacional de US$ 3,74 bilhões. Aproximadamente dois terços desse valor são destinados ao pagamento da dívida contraída para a sua construção e que deverá ser quitada até fevereiro de 2023.

Os recursos captados para a construção, incluindo as rolagens financeiras, totalizaram US$ 27 bilhões, além dos US$ 100 milhões de Capital Social (quando da constituição da empresa). Atualmente, mais de 3 mil pessoas trabalham diretamente na Binacional, sendo 1.382 funcionários no Brasil e 1.662 no Paraguai. Brasil e Paraguai são donos, cada um, de 50% da energia produzida por Itaipu.

Segurança energética

Desde o seu projeto, em 1973, passando pela oficialização formal em 1974, Itaipu passou a gerar energia efetivamente em 1984. A partir disso, a Binacional se tornou uma fortaleza para a segurança energética do país. Até 2040, estima-se que o consumo de energia no Brasil deva crescer na ordem de 2,2% ao ano, conforme estudo realizado pelo Grupo BP. A média global de aumento para o período é de 1,2% ao ano.

A Binacional Itaipu gera energia desde 1984 e em 2018 entregou mais de 96 milhões de MWh/ ano. Brasil e Paraguai são donos da energia produzida pela hidrelétrica, cada um com 50%. Foto: Alexandre Marchetti.
A Binacional Itaipu gera energia desde 1984 e em 2018 entregou mais de 96 milhões de MWh/ ano. Brasil e Paraguai são donos da energia produzida pela hidrelétrica, cada um com 50%. Foto: Alexandre Marchetti.| AlexandreMarchetti

Parte dos investimentos feitos por empresas fica em segundo plano se não houver segurança de que o país será capaz de suprir a demanda de energia. Nesse contexto, o suporte que a usina deu para a economia do Brasil e do Paraná torna-se ainda mais relevante.

Atualmente, o Brasil conta com um parque gerador com grande participação de hidrelétricas (65%, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética). As usinas hidrelétricas provêm o que costuma se chamar de “energia firme”, ou seja, é uma energia de alta confiabilidade, que pode ser acionada rapidamente e em grande quantidade, de acordo com a necessidade.

Outras fontes como a solar e a eólica, embora também importantes para a composição do sistema elétrico, não são capazes de prover energia nessas mesmas condições porque não há eletricidade se não há sol ou vento, e essas fontes não estocam energia na forma de água, como as hidrelétricas – a chamada geração intermitente.

Sempre que o sistema elétrico precisa operar em uma condição de máxima segurança e confiabilidade, as usinas de grande porte, como Itaipu, fornecem energia em quantidade e de forma contínua e rápida. Embora os últimos anos tenham sido de queda ou crescimento baixo do Produto Interno Bruno, a disponibilidade de energia é analisada pelos empresários brasileiros e estrangeiros na hora de efetivar investimentos. Portanto, a presença de Itaipu, por si só, sempre deu uma garantia para o Paraná atrair empresas.

Turismo

Para sua região mais próxima, a Binacional contribui também em outra frente. Foz do Iguaçu é um dos principais destinos turísticos do Brasil e o turismo, uma das principais atividades econômicas do município. Nesse contexto, o Complexo Turístico Itaipu (CTI), administrado pelo Parque Tecnológico Itaipu (PTI), é a segunda atração mais procurada da região, atrás apenas das Cataratas do Iguaçu, ampliando o mix de atividades turísticas atrativas para a região.

Complexo Turístico Itaipu é o segundo ponto turístico mais procurado da região de Foz do Iguaçu. Visitas à usina totalizam mais de 23 milhões de pessoas gerando receita de mais de R$ 15 milhões por ano. Foto: Nilton Rolin.
Complexo Turístico Itaipu é o segundo ponto turístico mais procurado da região de Foz do Iguaçu. Visitas à usina totalizam mais de 23 milhões de pessoas gerando receita de mais de R$ 15 milhões por ano. Foto: Nilton Rolin.| Nilton Rolin

A visitação à usina ocorre desde a época de sua construção. De 1976 a 2019, mais de 23 milhões de pessoas de todo o mundo conheceram Itaipu. Atualmente, várias atrações fazem parte do CTI: Especial (roteiro que passa pela área industrial), Panorâmica (passeio pelas áreas externas), Ecomuseu, Iluminada, Kattamaram, Kids, Natureza, Polo Astronômico e Refúgio Biológico. A usina oferece ainda dois passeios técnico-científicos: Tecnologia em Barragens e Tecnologia em Biogás.

A visitação gera uma receita de mais de R$ 15 milhões por ano. O montante integral é voltado para a sustentabilidade operacional, aumento da atratividade e do tempo gasto pelos visitantes, além de financiar projetos e ações voltadas ao desenvolvimento territorial. Ao todo, o CTI gera 133 empregos diretos e 87 indiretos. Em 2018, a Itaipu recebeu, pela primeira vez, mais de um milhão de visitantes no ano (considerando ambas as margens). No total, 1.024.549 pessoas passaram pelos atrativos da usina.

“Ficamos entusiasmados com o aumento do número de visitantes. O desenvolvimento turístico da região faz parte da missão da Itaipu, por isso vamos continuar investindo nos atrativos da usina e nas ações estruturantes da região. Esperamos terminar o ano com uma nova marca”, afirmou o diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna.

Cadeia produtiva

A Itaipu possui uma carteira de compras binacional de aproximadamente US$ 215 milhões. A empresa conta com 2.372 fornecedores cadastrados em ambos os países. Em 2018, a Binacional contratou US$ 56 milhões em produtos e serviços de empresas sediadas no Paraná. O valor equivale a 26% das compras totais da Itaipu e 48% do montante gasto por ela no Brasil, criando uma cadeia produtiva de fornecedores especialmente em sua região.

Atualmente,mais de 3 mil pessoas trabalham diretamente na Binacional. 1382 funcionários são do Brasil e 1662 são do Paraguai. Foto: Adenésio Zanella
Atualmente,mais de 3 mil pessoas trabalham diretamente na Binacional. 1382 funcionários são do Brasil e 1662 são do Paraguai. Foto: Adenésio Zanella| Adenésio Zanella

No ano passado, por exemplo, a Binacional contou com 1.428 prestadores de serviço terceirizados -- 683 permanentes e 745 alocados em projetos temporários. Para se ter ideia da extensão da importância da usina para a região de Foz do Iguaçu, a sua folha de salários representa 11,41% de toda a massa salarial do município, o principal da região Oeste.

A representatividade da usina em Foz do Iguaçu é apenas um exemplo de sua importância na Região Oeste ao longo dos anos, em especial nos 16 municípios beneficiados pelo pagamento de royalties (15 deles no Paraná) e com braços produtivos da empresa - seja em projetos ou com fornecedores.

Fornecedores mais capacitados

Pensando no futuro, a Itaipu dá uma importante contribuição à economia, com o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores em uma parceria com o Sebrae. O programa de capacitação é baseado na metodologia Modelo de Excelência da Gestão, carro-chefe da Fundação Nacional da Qualidade. O projeto teve início no final de 2018, quando Itaipu e Sebrae atuaram na promoção de palestras e seleção das empresas participantes.

A previsão é atender 360 micro e pequenas empresas, e ampliar em 300 o cadastro de fornecedores da Itaipu no território do Paraná, totalizando 660 participantes em alguma das ações do programa. “Cada participante recebe um treinamento inicial - para conhecer a metodologia - e outro intermediário - para aplicação”, explica Adriano Hamerschmidt, da Divisão de Planejamento de Compras da Binacional. O foco é disseminar o tripé economia, responsabilidade social e cuidado com o meio ambiente defendido por Itaipu para toda a cadeia de empresas que operam em parceria em seus projetos.

“Após o primeiro treinamento, será realizado o diagnóstico com os dados reais das empresas para avaliar em qual estágio de excelência se encontram. Esse diagnóstico servirá de insumo para as eventuais melhorias que sejam necessárias”, completa Hamerschmidt. Outra iniciativa da empresa é o programa Compras Sustentáveis, que visa adotar critérios de sustentabilidade na aquisição de bens e serviços em ambos os países. Em 2018, as compras do programa equivaleram a 36% do total investido pela empresa.

Produção de peixes

A busca pelo desenvolvimento econômico e social atrelado à conservação dos recursos naturais, fundamentam o programa Produção de Peixes em Nossas Águas, da Itaipu. A empresa ampliou as ações de apoio e fomento aos primeiros trabalhos para o cultivo de peixes nativos. Os primeiros protocolos produtivos datam da década de 80, com o início de cultivos em sistema de tanques-rede. Posteriormente, no reservatório de Itaipu, foram criados os primeiros três parques aquícolas do território brasileiro.

Essas etapas permitiram avançar nas pesquisas, treinamentos, capacitações de pescadores/aquicultores e melhoria nas técnicas de processamento e comercialização, com reflexo no fortalecimento da cadeia produtiva do pescado, qualidade de vida e melhoria na renda familiar.