Michelle Jamur, a paranense cheia de axé, que se tornou uma referência além da moda.
Michelle Jamur, a paranense cheia de axé, que se tornou uma referência além da moda.| Foto:

Com curadoria singular, a loja leva a marca do Paraná para o Brasil valorizando o conceito de apostar em estilistas iniciantes e coleções cápsula. Enquanto muitas empresas do setor do vestuário amargam prejuízos durante a pandemia, a Namix comemorou em setembro o melhor mês de vendas da sua história!

Quando uma loja de rua se torna referência de um ambiente cool e sua essência é capaz de ser uma referência para a moda não só paranaense, mas brasileira ela merece atenção. A Namix, multimarcas localizada no bairro Cabral em Curitiba há 16 anos é um ambiente que circula muito mais que peças de vestuário, é um espaço de debate de ideias, de engajamento e para se fazer negócios. Um espaço que apresenta estilistas paranaenses para o circuito comercial, e trás para o Paraná renomados criadores que vem aqui um alto potencial de consumo.

Michelle Jamur, a proprietária da Namix dedicou tempo e investiu energia para que a Namix não fosse somente mais uma loja, mas um conceito. De origem árabe, a venda está no seu sangue, e ela está no dia a dia da loja, cuida das compras, da curadoria das marcas, e o mais importante, da atenção personalizada aos seus clientes. " Nasci em Campo Mourão, mas com um aninho fui morar em Umuarama, sempre nas férias passava um mês na casa da minha tia avó em Palmeira, que tinha comércio, e onde eu adorava ficar no caixa fazendo pacote e dando troco", o comércio sempre esteve em mim.

Sempre apaixonada pelo universo da moda, Michelle começou a trabalhar aos 17 anos na M. Officer do Shopping Muller, em Curitiba. Se formou em administração, fez relações públicas, pós graduação em marketing e gestão estratégica de empresas, uma bagagem que a preparou para a empreender. Mas antes de abrir seu negócio ela trabalhou por três anos como relações públicas em uma agência de publicidade.

E com toda esta bagagem curricular, o seu negócio não começou com um plano de negócios elaborado. Com muito entusiasmo e vontade de empreender, Michelle recebeu R$7 mil de investimento do seu pai e foi para São Paulo comprar roupas e começar seu negócio. "Comecei como sacoleira, botei o dinheiro em uma pochete, comprei peças lindas e em uma semana vendi tudo para minhas amigas. Fiquei quatro meses assim, panfletava na balada, e como o prédio onde morava estava virando um caos, aluguei a minha primeira salinha comercial no Juvevê", conta.

De sacoleira a referência fashion

Sempre pensando em ambientes conceituais e de experiência para as clientes, Michelle montou sua primeira loja em uma sala assinada pelo arquiteto Gastão Lima. "No começo atendia somente com sacolas e horário marcado, participava de muitos bazares coletivos e a partir daí abri a Namix no Cabral". De sacoleira a abrir a loja foi um breve ciclo de 8 meses.

A originalidade sempre foi um diferencial da Namix. "Sempre que eu e minhas amigas queríamos roupas diferentes íamos a São Paulo comprar, sentia falta de coisas autorais em Curitiba. Comecei a escolher peças diferentes, trabalhar com marcas especiais. Quando eu tinha apenas um mês de loja, conheci a estilista Juliana Jabour, que estava começando a marca e tinha poucas peças na arara, mas era uma moda visionária. Sempre apostei em roupas que às vezes não são fáceis de vender, mas elas têm uma poesia, elas transformam um ecossistema diferente de produção", destaca a empresária.

A loja cresceu e se tornou uma referência no mercado da moda nacional por ser um celeiro para novos estilistas e dar oportunidade para novos profissionais, e o desafio da empresária prosperar, uma vez que a moda comercial é feita em escala e as margens de venda são mais atrativas para o varejo, já a moda autoral e de pequenas produções, o custo de produção é maior e as margens para a loja são muito menores. "Trabalhar com moda autoral é um trabalho muito peculiar. Uma marca conhecida quando chega na loja, as clientes brigam pela mercadoria e a rentabilidade é maior, já a autoral, muitas vezes ajudo o estilista a precificar, a entrar na matemática do mercado para a marca ter fluxo e ganhar projeção", conta.

A Namix chegou a ter três lojas em Curitiba, além da matriz do Cabral, uma loja no Salão Vimax e outra no Torriton da Presidente Taunay, mas depois de três anos dividindo energia entre as operações, Michelle, viu que precisava se concentrar e voltou a operar com uma única unidade. "Apesar de ter sido muito bom para a marca ser mais conhecida, eu senti que precisava reformular, focar no DNA da Namix que era a curadoria das marcas, dedicar mais tempo a pesquisa e escolher os parceiros que trabalhamos. Sempre escuto que a Namix é um solo fértil, aqui é muito mais que um ponto de venda. É um ponto de conexão, gosto de unir pessoas e marcas com um propósito", destaca Michelle.

Para Natalie Klein, uma das maiores empresárias da moda brasileira, "A Namix tem um papel fundamental na moda nacional, é uma grande parceira que tem habilidades e conhecimento profundo do mercado. Se posiciona de maneira clara e respeita a cultura e identidade de cada marca que ela representa, para nós é uma honra estar no portfólio desta empresa".

E a Namix não é só vestuário, sinônimo de relacionamento, a marca virou uma referência em estilo de vida, nos últimos anos firmou co - branding  com construtoras como a AG7 no empreendimento Ícaro e com a marca Audi, se consolidando como um hub de negócios. E em tempos de pandemia onde a grande maioria do varejo sofreu com a redução das vendas, setembro de 2020 foi o melhor mês da história dos 16 anos da Namix, recorde de vendas, e a aposta foi se aproximar dos clientes, inovar diariamente nas estratégias comerciais, fazer planejamento semanal ao invés de mensal, garantir a segurança e o emprego de todos os colaboradores.

Michelle conta que já teve inúmeros convites para expandir, levar a loja para shoppings, mas conta que isso faria com que perdesse a conexão com a sua essência. "Me propus desde o início a fazer um trabalho muito singular, quando se trabalha com coleções cápsula, com moda autoral, é um tipo de business que só se consegue dentro de uma casa, de um espaço de acolhida, de intimidade. Não quero perder isso", conta.

Cheia de Axé

E depois de frequentar Trancoso, no litoral baiano, há mais de 20 anos, em 2016, a empresária decidiu abrir uma pop up store em um dos destinos de verão mais disputados do mundo. A Namix Trancoso é ponto de encontro de celebridades e, principalmente, um lugar onde jovens estilistas brasileiros, e paranaenses, têm a chance de mostrar suas criações para o mundo.

"Nas temporadas passadas, só havia grandes marcas com suas lojas e os produtos locais ficavam nas feirinhas de artesanato. Levei marcas autorais, coleções exclusivas e a Namix em Trancoso se tornou um fenômeno. Me conectei com as pessoas de lá e tive muito 'Axé'... a modelo Yasmim Brunet se tornou minha cliente, a atriz Claudia Raia, uma das primeiras pessoas a entrar na loja foi o fotógrafo Mário Testino, no nosso terceiro ano recebi o diretor criativo da Vogue Itália Giovanni Bianco. Enfim, é um trabalho árduo da minha equipe, somado com trabalho social que leva oportunidades e recursos para os vulneráveis, uma pitada de sorte, mas também muita luz.", destaca a empresária.

Em 2019, muitas lojas inspiradas no trabalho da Namix abriram lojas lá. Um ciclo de empreendedorismo que se renova. A Namix abrirá em Trancoso entre 26 de dezembro de 2020 a 26 de janeiro de 2021.

Sustentabilidade e inovação

O público da Namix é bastante singular. Diferentes idades e tribos frequentam a loja que tem no seu DNA uma pluralidade cultural e de estilos e segundo a empresária é esse frescor de transitar em diferentes faixas etárias e estilos que a marca não envelheceu, se mantém atual e contemporânea ao longo dos seus 16 anos.

"Procuro trazer para a Namix temas sensíveis como sustentabilidade, diversidade, inovação e consumo consciente. Não abro a loja só para vender, abro a Namix para ser um ponto de encontro", conta a empresária que tem sido procurada nos últimos meses por várias empresas para abrir na loja espaço para experiências de novos comportamentos de consumo como second hand, por exemplo. O lançamento do e-commerce da Namix também está em laboratório e deve sair do forno nos primeiros meses de 2021.

A Namix é filiada ao LIDE Mulher Paraná. Exemplo de empreendedorismo, empresa que leva o nome do nosso estado para o Brasil. Semanalmente nesta coluna o LIDE Paraná dá exemplos de empresas e empreendedores paranaenses que venceram momentos de adversidades e são inspiração.