Matheus Stival, head de operações, destaca a importância de investir nos períodos de crise para se preparar para o mercado na retomada
Matheus Stival, head de operações, destaca a importância de investir nos períodos de crise para se preparar para o mercado na retomada| Foto:

Prestes a completar cinco décadas, a empresa paranaense amplia sua atuação no Brasil, exporta para 20 países, investe em canal de vendas online e prevê investimentos agressivos para 2021, como ampliação da gama de produtos e construção de nova fábrica

Nos últimos meses o aconchego da boa comida à mesa, ganhou ainda mais atenção nos lares brasileiros, e com isso a venda de alimentos cresceu. Muitas pessoas que deixaram de se alimentar fora de casa, passaram a dar ainda mais atenção para alimentos de qualidade para a família, e neste contexto a Stival Alimentos, cresceu não só seu faturamento, mas lançou novas linhas e ampliou seu mercado de atuação, prevendo grandes investimentos para 2021.

Movimentando cerca de 3 milhões de toneladas por mês e com um mix de mais de 150 itens, sendo que 80% da produção é feita na planta própria da empresa e 15% com parceiros fixos. A Stival estima que em 2020 houve um crescimento de cerca de 40% nas vendas, muito disso reflexo das refeições voltarem a ser feitas em casa.

O Paraná é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, e há 10 anos, a Stival abriu os olhos para o mercado internacional. Hoje a empresa exporta para 20 países entre as Américas, Ásia e Europa. "A exportação demanda conhecimento e planejamento estratégico, com certeza está nos nossos planos ampliar ainda mais esses mercados", destaca Matheus Stival, head de operações.

Um negócio de gerações

Prestes a completar 50 anos em 2021, a empresa familiar está na terceira geração. Fundada por Antônio e Osminda Stival,  que começaram o negócio com um pequeno armazém em Santa Felicidade. Três dos filhos do casal deram continuidade no negócio, entretanto, atualmente, apenas Alexandre Stival tem atuação direta no negócio, estando seus irmãos a frente de outras empresas do Grupo Stival.

Matheus trabalha desde os 12 anos na empresa, onde já passou por todos os departamentos. Fez faculdade de direito, chegou a trabalhar em um conceituado escritório, mas deixou a advocacia para atuar na empresa da família. "Estou há 20 anos no negócio, saía da escola e ia direto para a empresa. Busco trazer um olhar de controle operacional para a empresa, aqui exercemos a governança e a cada dia nos preocupamos em como podemos melhorar", conta orgulhoso ele que é head de operação da Stival.

Em cinco décadas, a empresa resistiu a muitas crises, períodos de recessão e por várias vezes teve que reestruturar o negócio. "Quase quebramos nos anos 90, durante os Planos Collor e Real, mas faz parte do nosso perfil investir ainda mais em épocas de crise, para estarmos preparados para quando a economia melhorar", conta Matheus.

Investir para crescer

Desde 1996 a Stival tem sede em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, às margens da BR 277. E em 2015 a fábrica passou por uma reforma completa com redesenho das linhas de produção, aquisição de maquinário e instalação de controles de qualidade que garantiram aumento de 50% na capacidade produtiva. Hoje o centro logístico tem capacidade de distribuição de 22 milhões de quilos de produtos industrializados ao ano.

A marca Caldo Bom foi lançada em 1986 e o feijão, carro chefe do grupo, é hoje o mais vendido no Sul do Brasil há 10 anos consecutivos e figura entre as cinco marcas mais vendidas do país. O feijão representa de 40 a 50% do volume total de vendas. Hoje a Stival não tem plantio próprio e compra safras não só do Paraná, mas também de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e parte do feijão preto vem da Argentina.

Até 2016 a Stival tinha várias marcas no seu portfólio, mas depois de passar por um processo de reposicionamento e investimento em branding, os produtos Stivali foram incorporados à marca Caldo Bom. "Marcas distintas dividiam nosso orçamento de marketing e tínhamos dificuldade de posicionamento nos pontos de venda. Agora, desde a integração, os consumidores veem se que é Caldo Bom tem procedência e não importa se é um tempero, uma mistura semi pronta ou o tradicional feijão, se é Caldo Bom é bom", salienta o head de operações.

O foco da Stival é o processamento de alimentos. Não tem plantio próprio, trabalha no beneficiamento, mas ter plantações próprias está nos planos. Outro plano da empresa que deve ser executado nos próximos meses é ter seu próprio canal de logística, que hoje as entregas são feitas com freteiros exclusivos.

"A logística é um grande gargalo, e que nos impede de ampliar para mercados como o Nordeste por exemplo. Nosso produto é pesado e barato, o que encarece quando o produto chega nos supermercados. Nosso objetivo com a logística própria é reduzir os custos para conseguir ampliar mercado", explica o head de operações. Referência na região Sul, a empresa está ganhando mercado na região Sudeste, principalmente no interior de São Paulo e para isso está expandindo sua área de representação comercial, que hoje conta com 150 profissionais.

Em agosto de 2019 a Stival lançou seu canal de vendas online para atender todo o Brasil, o Ababaya, um empório de alimentos que acabou ganhando força durante os meses de pandemia. "Somos pioneiros no Sul do Brasil no mercado exclusivamente online. A pandemia chegou e conseguimos aprimorar processos e temos planos para acelerar nossas vendas digitais. O Ababaya funciona como um market place de alimentos, vendendo não só os produtos da empresa, mas também de outras marcas.

Como a alimentação saudável e o veganismo estão cada vez mais ganhando força entre os consumidores, a Caldo Bom fechou neste ano uma parceria com a Associação Brasileira de Veganismo, para adequar boa parte do seu portfólio para atender este mercado crescente. Hoje 14% da população brasileira se declara vegetariana e já são mais de 7 milhões de veganos. "Já temos nas embalagens a certificação de produto vegano e estamos voltando os olhos para esse mercado que está se tornando cada vez mais popular no Brasil e no mundo. Acreditar no poder e na nutrição dos grãos está na nossa essência", destaca Matheus. A empresa está se preparando para lançar uma nova linha de produtos e em 2021 será instalada uma nova fábrica em Campo Largo, focada em alimentos prontos e proteínas vegetais.

Responsabilidade e sustentabilidade

A responsabilidade social é um compromisso da Stival. Há 20 anos a empresa mantém um Centro de Educação Infantil em Campo Largo, a Creche Criança Esperança, em parceria com a Prefeitura da cidade, atendendo 150 crianças em período integral. Durante a pandemia, quando a demanda por doações aumentou, se envolveram em uma série de ações sociais doando alimentos, em uma delas com a RPC foram doadas 10 toneladas.

"Prezamos muito pela sustentabilidade e tentamos acompanhar de perto as boas práticas dos nossos mais de 500 fornecedores envolvidos em toda nossa cadeia de produção, do plantio à chegada nas gôndolas. Temos política de compliance e estamos sempre aprimorando nossos processos" conta Matheus Stival.

Sobre o aumento no preço dos alimentos básicos, Matheus conta que é um reflexo de todo o mercado. "A demanda aumentou, temos oscilações de câmbio, o mercado internacional está aquecido e apesar de ter aumentado muito nossas vendas, as margens estão muito apertadas. Estamos com pouca disponibilidade de alguns alimentos e isso impacta direto no preço ao consumidor", explica. O arroz, produto que ganhou destaque na mídia nas últimas semanas por exemplo, bateu nesta semana mais um recorde, atingindo o maior valor desde 2005 na série histórica medida pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP). Enquanto a inflação teve alta de 0,45% em setembro, o preço do grão subiu 9,96%, acumulando uma alta de 27,33% no ano.

A Stival Alimentos é filiada ao LIDE Paraná. Semanalmente nesta coluna o LIDE Paraná trará exemplo de empresas e empreendedores paranaenses que venceram momentos de adversidades e são exemplos a se inspirar em um momento como o que estamos vivendo.