Corrida Noturna Unimed Curitiba: uma distância curta, que mesmo uma pessoa que corre lentamente ou que caminha alternando com corrida consegue fazer | Lening AbdalaDivulgação Unimed
Corrida Noturna Unimed Curitiba: uma distância curta, que mesmo uma pessoa que corre lentamente ou que caminha alternando com corrida consegue fazer| Foto: Lening AbdalaDivulgação Unimed

Mais de 60% dos brasileiros com 15 anos ou mais não praticam esportes. Se o dado choca em primeira análise, outra realidade vem na contramão desta estatística: o número de corredores de rua no Brasil cresce a cada ano. E não é por acaso. Um esporte democrático, que não necessita uma infraestrutura especial e que deixou de ser uma modalidade solitária e pouco competitiva. Graças às inúmeras corridas de rua do calendário da cidade, uma mania saudável está tirando muita gente dos sofás e das camas num domingo de manhã e até num sábado à noite. 

O empresário Gilberto da Silva, de 65 anos, é um exemplo de como a “febre” da corrida de rua pode ser forte. Acima do peso, com uma vida repleta de estresse, cigarros e bebidas, ele foi “chacoalhado” após sofrer um infarto. Um ano depois, estava correndo uma maratona de 42 quilômetros. Desde então – em 20 anos – já realizou 1.056 provas diferentes, 1.514 ao todo (contando provas repetidas). Já viajou o Brasil para participar de corridas e hoje é ele mesmo quem organiza provas. 

O cardiologista Mário Sérgio Cerci acredita que a corrida de rua é um excelente exercício para quem está sedentário, mas pretende deixar de ser. “Desde que ele vá bem preparado, com uma avaliação prévia e com um treinamento adequado”. O médico do Hospital do Coração enumera os benefícios da atividade: produz endorfina (sensação de bem-estar imediata), ajuda quem sofre de depressão, perda de peso, redução da glicemia, melhora o quadro de pressão alta e diminui colesterol.  (Confira dicas para começar a correr no quadro abaixo).

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O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, Marcelo Leitão, afirma que é simples começar a correr. “É só colocar um bom tênis (e não precisa ser ‘super sofisticado’, de alto custo) e uma roupa esportiva, confortável e você pode sair para correr sem grandes dificuldades - o que permite que a grande maioria da população possa ter acesso a essa modalidade”. 

Leitão acredita que, mesmo quem está muito no início dos treinamentos, pode encarar uma prova curta, de 5 quilômetros. “É uma distância curta, que mesmo uma pessoa que corre lentamente ou que caminha alternando com corrida consegue fazer”. 

No próximo dia 10 de março acontece a já tradicional Corrida Noturna Unimed Curitiba, com percursos de 5 km, 10 km e uma prova Kids, para crianças de 5 a 10 anos. O cardiologista Cerci acha que essa pode ser uma boa oportunidade para quem deseja entrar neste circuito. “Muita gente que nunca corria começa por aí. Ela se sente mais segura porque tem médico no trajeto e outras pessoas que poderiam ampará-las nesse exercício. Ela se sente desafiada por ver uma pessoa mais velha ou mais gorda que consegue correr. Isso desperta no indivíduo uma vontade maior de persistir praticando essa atividade”. 

Cuidados para começar 

Cerci recomenda uma avaliação cardiológica para quem pretende começar a correr. Nas orientações de Marcelo Leitão, pessoas acima de 40 anos ou que sintam cansaço excessivo ao fazer atividade física, dor muscular ou articular, falta de ar ou dor no peito ao fazer esforço precisam passar por uma avaliação médica. “Esses sinais podem estar alertando o indivíduo para um problema que pode ser mais sério, tanto do ponto de vista cardiovascular quanto do ponto de vista ortopédico, e que precisa de uma orientação para fazer essa corrida adequadamente ou não fazer a corrida e sim tratar essa situação para fazer uma corrida mais adiante”. 

Com a liberação para a prática do exercício, uma dica é começar muito suavemente, num ritmo confortável, intercalando caminhada rápida com trote. Para saber se a intensidade está adequada, Leitão ensina um truque: “é importante que a respiração não fique muito ofegante ou, se estiver correndo com alguém, que seja em uma intensidade que permite trocar algumas palavras com a pessoa ao seu lado”. “Se for uma intensidade elevada a ponto de você não conseguir quase falar, então está um pouco acima do ideal para manter uma atividade um pouco mais prolongada”. 

O cardiologista também dá orientações sobre a melhor forma de treinar. “Aquecimento antes de iniciar a corrida. Começar muito lentamente, vai aumentando gradativamente, mantém na velocidade em que está confortável e próximo do final, 10 ou 5 minutos antes de uma prova mais longa pode dar um ‘sprint’. Um pouco antes de terminar, reduzir a velocidade para não parar bruscamente na hora da chegada. Alongamento depois para não sentir tanta dor no dia seguinte”. 

Depois de um tempo, é natural que a pessoa queira melhorar cada vez mais o desempenho. “Se ela realmente quiser mais evolução no seu rendimento, é recomendável procurar dicas de treinos em revistas especializadas ou, quando tiver condição e acesso, buscar um bom treinador de corrida, um profissional de educação física, que possa fazer um planejamento de treinamento”, alerta o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte. 

Sinais de atenção 

No início e a toda vez que a intensidade do exercício é aumentada, é normal sentir aquela “dor do dia seguinte”. “Mas essa dor desaparece na medida em que vai voltando ao treino. O que não pode é: a pessoa correu ontem e acorda com uma dor no joelho, no tornozelo, na panturrilha, na coxa ou qualquer outro lugar e, à medida que recomeça a treinar, ela piora”, afirma Leitão. 

Quando a dor permanece por três dias seguidos e piora ao retomar o treino é um sinal de atenção. “Pode ser uma alteração na articulação, um comprometimento na musculatura. Tem que procurar uma avaliação médica. O pior erro que a pessoa pode fazer nesta hora é tentar forçar ou, pior do que isso, tomar uma medicação para não sentir dor e continuar fazendo o exercício. A ausência de dor não quer dizer que o problema está sendo tratado, quer dizer que ela apenas não está sentindo o sinal de alerta e ela pode transformar uma lesão inicial em uma lesão mais grave que pode levar muito mais tempo para ser tratada”. Cansaço excessivo, dor no peito, boca do estômago, pescoço ou braços requerem avaliação médica imediata. 

Corrida Noturna Unimed Curitiba 

Este ano acontece a 14ª Corrida Noturna Unimed Curitiba com a expectativa de reunir mais de 4 mil corredores de todos os perfis e faixas etárias. Neste ano, a corrida será muito mais do que uma prova, mas um grande evento com música, Food Trucks e outras ações com foco em saúde para todos os participantes. Na opinião de Gilberto da Silva – nosso exemplo de corredor lá do início desta reportagem – a Corrida da Unimed é a segunda principal prova de Curitiba, atrás apenas da maratona da cidade. “É uma excelente oportunidade para quem quer entrar no mundo das corridas. Uma prova divertida, com um clima ótimo dentro e fora do percurso”. 

E para estimular novos atletas realmente jovens, nesta edição acontece também a prova Kids, para crianças de 5 a 10 anos com percursos de 400 a 1200 metros. Na opinião do médico Marcelo Leitão, uma boa oportunidade para estimular hábitos saudáveis desde cedo. “Se a gente lembrar que a incidência de sedentarismo entre os jovens é muito elevada, é uma ação muito bacana. Não de estímulo de performance, mas de participação, de tomar contato com a atividade e, consequentemente, criar o hábito mais cedo. Crianças adolescentes ativos provavelmente serão adultos mais ativos”. 

As informações completas sobre as inscrições e a retirada dos kits estão no site do evento. As inscrições acontecem até 05 de março.