Ponte entre real e virtual, metaverso amplia possibilidades de vendas no mercado imobiliário

Embora pareça distante do dia a dia de parte significativa das pessoas, o metaverso – essa rede de mundos virtuais imersivos, coletivos e hiperrealistas – já vem sendo testado e usado no mercado imobiliário. Isso porque ele possibilita experiências de networking, comunicação e comercialização de bens, o que foi compreendido por uma série de empresas como uma oportunidade, principalmente a partir da pandemia de Covid-19, que acelerou a transformação digital e levou diversas organizações a ocuparem esses mundos virtuais rapidamente.

A imobiliária norte-americana eXp World Holdings é considerada a primeira a ter uma plataforma exclusiva na nuvem. Com mais de 80 mil profissionais de diversos países, oferece soluções de corretagem e recursos do mercado, sem a dependência de um escritório tradicional. Outras empresas também se aventuraram com projetos de apresentação de coleções de produtos voltados à construção no metaverso ou a proposta de permitir a visita a apartamentos decorados construídos virtualmente por meio do uso de óculos de realidade virtual.

“O metaverso é a grande revolução do mercado imobiliário. É transformador utilizar essas tecnologias e mais econômico para realizar os lançamentos, oferecendo para o consumidor mais possibilidades”, afirma o arquiteto e urbanista Felipe Guerra. Em janeiro de 2022, Guerra projetou a arquitetura dos espaços virtuais da Roca Cerâmica e Incepa, duas das principais marcas de revestimentos no país, apresentada na Avant Première, evento anual de divulgação de lançamentos para parceiros e lojistas. Na plataforma, com capacidade para 3 mil pessoas, os avatares puderam participar de rodadas de negócios, conferir produtos e assistir a palestras.

A experiência da Roca Cerâmica e Incepa mostra que a promessa é de modificação das formas de trabalho e até de desenvolvimento de projetos. Nesse cenário, outra iniciativa se destaca: o “Imob Metaverso Realiza”, da Realiza Arquitetura, escritório que tem incorporado simulações virtuais aos negócios imobiliários. Frederico Carstens, presidente da regional paranaense da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea/PR) e sócio fundador do escritório, relata que sua equipe tinha interesse em projetar a arquitetura e o urbanismo no metaverso, sendo algo além da mera reprodução dos ambientes.

A nova realidade virtual 3D permitirá experiências compartilhadas e interação concreta com o mundo real. “Nesse espaço, teremos os lançamentos imobiliários de diversas incorporadoras. Na cidade, reproduzida no metaverso, serão realizadas as visitas e as negociações, com inteligência artificial e blockchain”, explica. Além disso, é possível explorar os espaços internos e externos de edifícios antes de serem construídos. “A grande experiência que o metaverso permite é a união do virtual com o real. Esse é o grande salto quântico que conheceremos nos próximos anos, em todos os âmbitos”, destaca.

A advogada Natália Brotto, que atua na área de inovação e tecnologia no mercado imobiliário, frisa que o metaverso surge para agregar experiência ao consumidor e, eventualmente, criar um ambiente ainda mais favorável para negociações. Além disso, ela percebe a importância dessas vivências como um momento único para os clientes. “Quando você consegue agregar ferramentas de tecnologia para que uma pessoa, no momento de compra, consiga ter uma experiência de que ela está andando em um apartamento que pode ser a primeira casa própria, contribui de uma maneira forte como gatilho de venda”, explica, destacando a conexão emocional no momento de aquisição do imóvel.