Arquitetura

Cidade asiática convida premiado arquiteto brasileiro para criar pavilhão com DNA latino-americano

Aléxia Saraiva
22/05/2019 20:35
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Foto: Divulgação

Um pavilhão construído em madeira e tecido em plena praça da Universidade de Hong Kong ressignificou o espaço para quem passou por ali nas últimas semanas. A instalação foi erguida pelas mãos dos alunos do mestrado em arquitetura, com o objetivo de criar ali uma projeção latino-americana de usos da sombra — tudo orientado pelo brasileiro Gustavo Utrabo, um dos sócios do escritório de arquitetura Aleph Zero, que recebeu em 2018 uma série de premiações internacionais de peso pelo projeto das Moradas Infantis, em Tocantins.
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O projeto foi a conclusão do estúdio (espécie de disciplina de desenvolvimento de projetos) que Utrabo ministrou durante um semestre, a convite da faculdade de arquitetura da universidade — a 13ª melhor do mundo, segundo a lista do QS World University Rankings de 2018. Além do Brasil, outros quatro professores foram contemplados pelo convite, oriundos dos Estados Unidos, Inglaterra, Japão e da própria China.
“Foi um convite para trazer a visão de alguém da América Latina e fornecer outro tipo de repertório para a universidade. Dentro disso, trabalhei com 13 alunos durante o semestre inteiro, estando duas semanas lá e duas aqui”, conta Utrabo, que estudou desenho da sombra na perspectiva latino-americana durante o período.
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O calor de Hong Kong durante a primavera e a carência de espaços públicos da cidade foram apenas alguns dos porquês da escolha do projeto. A ideia do pavilhão, na verdade, foi gerar sombra e incentivar funções que não necessariamente são muito claras.
“A marquise do parque Ibirapuera, de Niemeyer, é fantástica: é uma grande sombra, a priori sem outra função fora a de conectar os edifícios. Mas tem uma grande quantidade de coisas que acontece lá embaixo. A nossa ideia era estudar a sombra através desse viés latino-americano“, explica o arquiteto. Com essa perspectiva, os alunos desenvolveram projetos individuais, que se uniram em uma única ideia.
Marquise do Parque Ibirapuera, projetada por Oscar Niemeyer. Foto: Fábio Arantes/Prefeitura de São Paulo
Marquise do Parque Ibirapuera, projetada por Oscar Niemeyer. Foto: Fábio Arantes/Prefeitura de São Paulo
O pavilhão de 22 metros de comprimento e seis de largura foi erguido pelos próprios alunos, como forma fazer com que os estudantes se apropriassem da técnica, mostrando que é possível criar um resultado de impacto social a partir de materiais simples.
A educação tem um papel fundamental de gerar independência. Entender que se podem criar coisas de uma forma diferente é um ato de independência. Por isso, fazer com que eles construam é um ato de pensar criticamente”, ressalta.
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Assim, as estruturas de madeira foram montadas em três semanas, e criadas para se encaixar apenas com o auxílio de uma furadeira. Em dois dias, eles montaram toda a estrutura, que foi inaugurada no dia 8 de maio e ficou aberta ao público na praça da universidade durante duas semanas.
Nesse período, Utrabo conta que a apropriação do espaço pelos locais foi curiosa, se comparada aos brasileiros. “A cultura é diferente da nossa. Primeiro existe um olhar de desconfiança, depois uma tentativa de entender como foi construído e só então uma apropriação. A velocidade é mais lenta, e com uma noção de respeito“, destaca.

Veja mais fotos da estrutura:

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