Moçambique

Arquitetura

Brasileiros vencem concurso de arquitetura humanitária para erguer escola na África

Cristina Seciuk
12/12/2022 20:05
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O projeto atenderá a ONG local Kurandza, criada como uma cooperativa de costura, mas que hoje está focada na educação como promotora de impactos de longo prazo. | Divulgação

Projeto elaborado por um time de quatro arquitetos brasileiros foi o vencedor de um concurso internacional de arquitetura humanitária para a construção de um centro educacional para meninas em Moçambique. Organizada pela Archstorming, plataforma que concentra concursos para projetos humanitários de campos de refugiados, centros comunitários, escolas, pré-escolas, clínicas de saúde, entre outros, a disputa deu o primeiro lugar para os arquitetos Carolina Souza, Debora Nunes, Juliana Akemi e Klaus Schmidt. A expectativa é de que a escola saia do papel em 2023.
O projeto atenderá a ONG local Kurandza, criada como uma cooperativa de costura, mas que hoje está focada na educação como promotora de impactos de longo prazo. A organização concentra seus esforços no fornecimento de bolsas de estudo, recursos e apoio psicossocial para 250 meninas. Os participantes foram desafiados a projetar uma escola onde as garotas se sintam seguras e confortáveis, onde possam aprender e explorar; uma ilha em meio ao país, classificado como 139º entre 159 países no Índice de Desigualdade de Gênero da ONU.
Segundo Klaus Schmidt, um dos arquitetos responsáveis pelo projeto vencedor, a equipe foi formada exclusivamente para a participação no concurso e começou a "atacar" o desafio estudando o país. "A gente fez uma pesquisa muito grande da região, técnicas construtivas locais, cultura local; é uma escola só para meninas, então estudamos o perfil de mulheres da região, tudo com o objetivo de fazer a arquitetura mais adequada e voltada para o público possível. Foi bastante pesquisa antes de começar a pensar no desenho da escola em si", completa.
Com objetivo de promover o máximo de integração, sem abrir mão da liberdade e autonomia das estudantes, a opção foi por desenhar o imóvel em formato de "U", com um pátio interno que garante segurança. "O formato dá essa liberdade. Das próprias salas de aula os professores conseguem ver as meninas no pátio central e elas conseguem explorar livremente, se divertir sem o professor ao lado, a lógica é de fato dar liberdade total para que as crianças brincassem, explorassem, livremente", diz.
 Projeto desenvolvido pelos arquitetos Carolina Souza, Debora Nunes, Juliana Akemi e Klaus Schmidt. Crédito: Divulgação.
Projeto desenvolvido pelos arquitetos Carolina Souza, Debora Nunes, Juliana Akemi e Klaus Schmidt. Crédito: Divulgação.
A sustentabilidade e o conforto também são características indispensáveis no projeto, segundo Schmidt, "tudo o que a gente pôde fazer em termos de sustentabilidade, economia de energia e uma boa relação com a natureza foi incluído". Por cima do telhado devem ser instaladas placas fotovoltaicas para geração solar; por baixo, tecidos que não permitem que o ar quente desça para as salas, ampliando o conforto térmico. A ventilação cruzada promete evitar a necessidade do uso de ventiladores mecânicos e, ainda, serão construídos reservatórios para o armazenamento de água da chuva, quando ela vier.
De acordo com o arquiteto, a construção será financiada pela própria ONG, a partir de iniciativas de arrecadação e captação de doações. A informação que se tem é de que já há recursos suficientes para iniciar a obra e a equipe brasileira deve viajar para acompanhar o processo. Até lá, o time está trabalhando no detalhamento do projeto.
"A partir das pranchas que desenvolvemos para o concurso a gente vai entrar no detalhamento construtivo, executivo em si. É uma fase de um pouco mais de trabalho e, sem dúvida nenhuma, vamos viajar até Moçambique para acompanhar a execução de perto. Como experiência de vida, mesmo. Acho que toda a equipe está bastante motivada a ir para lá e ajudar a construir", celebrou.
O júri que definiu o projeto vencedor foi formado por especialistas em arquitetura sustentável. O segundo lugar no concurso ficou uma equipe da Holanda e o terceiro foi para arquitetos da França.

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