Não é novidade que o Paraná é líder em empreendimentos sustentáveis no país, tendo Curitiba como expoente, em especial quando se fala em empreendimentos de alto padrão. Na última semana, mais uma obra entrou para esta seleta lista com a inauguração, no dia 15 de fevereiro, da nova loja da rede Portobello Shop na capital paranaense.

Localizada no Jardim Social, a loja abre suas portas com a intenção de inaugurar um novo padrão para a marca, que atua com lojas próprias e uma rede de franquias que soma mais de 150 unidades em todo o Brasil.

"A escolha de Curitiba [para receber a loja] foi muito racional para nós, porque a cidade 'respira' arquitetura e design. Talvez seja uma das cidades mais belas e que tem mais bem desenvolvido este quesito no país. Como já havíamos feito um investimento na praça, que foi a inauguração da loja do Batel, sentimos a necessidade de expandir esse diálogo com a comunidade de arquitetos e designers daqui, e entendemos que esse era o local certo para fazermos este [novo] investimento, em função de ser uma cidade muito desenvolvida nas temáticas de sustentabilidade e práticas ESG [Ambiental, Social e Governança, na tradução da sigla para o português]", aponta Romael Soso, CEO da Portobello Shop.

Construído do zero na modalidade built to suit – que define contratos de locação de longo prazo, nos quais os imóveis são construídos para atender às necessidades e aos interesses dos locatários –, o prédio que abriga a Portobello Shop Jardim Social teve seu projeto arquitetônico desenvolvido pela equipe interna de arquitetura e obras da marca, que acompanha a implantação tanto das lojas próprias como das franqueadas.

"Começamos a ser envolvidos nos temas de sustentabilidade da empresa, que está trabalhando para inseri-la em todas as esferas", lembra Maitê Lolatto, especialista na área de arquitetura e obras da Portobello, ao destacar que a empresa já tem como prática a preocupação com a sustentabilidade no desenvolvimento dos seus produtos, como o cobogó Mundaú, produzido a partir da concha do sururu na comunidade do Vergel, em Alagoas, com design por Marcelo Rosenbaum e Rodrigo Ambrosio.

Assim, toda a área construída, que soma 730 m², sendo 500 m² de área de vendas, foi pensada a partir de soluções e escolha de materiais que tinham a melhora da eficiência da edificação como objetivo. Entram nesta lista telhas termoacústicas, decisões de arquitetura relacionadas à orientação da loja, especificação dos vidros, especialmente das vitrines, e projeto luminotécnico que contribuem para uma operação com consumo de energia reduzido, que chega a ser 64% menor no uso do ar-condicionado e 55% mais baixo em iluminação, correspondendo a uma redução total de 48% no consumo energético da edificação, sem considerar a geração de energia própria a partir dos painéis fotovoltaicos instalados no telhado. Quando eles entram nesta conta, a redução do consumo de energia vinda da concessionária é de 100%, o que faz da loja a primeira zero energy do grupo Portobello, segundo a Petinelli, empresa de engenharia e sustentabilidade que atuou como consultora no projeto da nova loja.

No que se refere ao consumo de água, soluções de eficiência, como metais com arejadores e louças sanitárias mais econômicas, e o reuso da água das chuvas para os sanitários contribuem para uma redução de 76% em relação ao fornecido pela rede de abastecimento. "O reuso da água da chuva para vasos e mictórios não é convencional nem obrigatório para uma loja deste tamanho. Investir nisto mostra para quem está se relacionando com a marca o tamanho da oportunidade associada a isso", reforça Guido Petinelli, fundador e CEO da Petinelli,

Outras medidas de sustentabilidade incluem, ainda, a presença de bicicletários para o estímulo ao uso de transportes alternativos por colaboradores e clientes, vaga com carregador para carros elétricos, ponto de coleta para descarte de lâmpadas, pilhas e baterias e filtragem e sensores para monitoramento da qualidade do ar no interior da loja.

"Se você perguntar para mim qual é o item mais importante dentro do ganho de produtividade e desempenho, vou responder que é pelo custo de um prédio convencional se entregar um prédio que na operação tem desempenho [que o chancela para o] LEED Platinum", aponta o CEO da Petinelli, ao mencionar que as soluções adotadas atendem aos critérios para a obtenção da certificação nesta categoria, e que o processo está em fase final de validação pelo Green Building Council.

"O grande legado de todo esse projeto da loja sustentável é o guia de boas práticas construtivas e operacionais. Eu gosto de dar ênfase aos dois temas, pois nas boas práticas construtivas poderemos influenciar toda a nossa rede de franqueados a construir a partir destes princípios de sustentabilidade. O legado operacional da loja é o que, de fato, constrói a sustentabilidade. Um loja dessas é construída em 90 dias. A operação dura 10, 20, 30 anos. Então, como a gente consegue ser mais ecoeficiente na operação da loja é muito impactante também", finaliza o CEO da Portobello Shop, Romael Soso.