Arquitetura
Fabricado no Brasil, concreto translúcido é alternativa para economia de energia
Um projeto da Unisinos, na região metropolitana de Porto Alegre, ajudou a tornar o processo de fabricação do concreto translúcido mais prático. Foto: Concreteshow/Divulgação
Uma tecnologia desenvolvida no exterior e aperfeiçoada no Brasil promete conquistar os arquitetos na hora de escolher os materiais de construção. É o concreto translúcido, que tem fibra ótica na composição e permite a passagem de luz e sombras.
O material foi, em um primeiro momento, desenvolvido na Hungria. Mas foi na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), na região metropolitana de Porto Alegre, que a técnica ganhou agilidade. O professor Bernardo Tutikian, coordenador do Instituto Tecnológico em Desempenho e Construção Civil (ITT Performance), explica o processo. “A gente vai jogando concreto e as fibras óticas em uma caixa aleatoriamente. Isso torna a concretagem rápida e a distribuição randômica. Depois que o concreto endurece, é só cortar os blocos na espessura desejada.” Ele é um dos responsáveis pelo projeto, junto à arquiteta Josiane Pires, também da Unisinos
Essa maneira de preparar o concreto translúcido é muito mais rápida que a adotada no exterior. De acordo com Tutikian, outra vantagem da produção desenvolvida na Unisinos é que ela gera peças únicas. “Não há orientação das fibras, então ela é uma peça em movimento. Uma nunca vai sair igual à outra porque não há um padrão estabelecido.”
O concreto translúcido é resultado de uma necessidade de atualização das técnicas e materiais construtivos existentes. O uso desses blocos tem forte apelo estético e arquitetônico. “Mais que uma necessidade, é a abertura de novas possibilidades para o mercado de arquitetura”, opina o professor. Por se tratar apenas de uma mistura de concreto comum com fibra ótica, cujo preço é baixo, o concreto translúcido tem valor de mercado no máximo 30% superior ao tipo simples.
O professor da Unisinos vai apresentar o projeto no Concrete Show, em São Paulo. O evento é voltado para a construção civil e, este ano, será realizado entre os dias 23 e 25 de agosto. Com a apresentação do material em uma feira tão significativa, a esperança é de que alguma empresa se interesse em produzi-lo para venda. “Esse é um produto novo. É importante desenvolver o setor, a gente não pode construir sempre igual para o resto da vida”, opina Tutikian.