Curitiba

Arquitetura

Galeria reúne projetos arquitetônicos para promover sustentabilidade na prática

Cristina Seciuk
29/01/2024 21:30
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Criar um showroom de soluções sustentáveis. A partir deste objetivo surgiu o conceito da Galeria Panaceia, em construção em Curitiba (Paraná), com inauguração prevista para 2024 dentro dos parâmetros da certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), o mais importante selo internacional para construções verdes.
Idealizado pela advogada e mestra em Gestão Ambiental Carol Gusi, o empreendimento promete ser, nas palavras da criadora, "um ecossistema que se adapta às necessidades (do mercado, dos clientes e do ambiente)", enaltecendo boas ideias e sendo fonte de conhecimento e informação.
Para traduzir o conceito pretendido, Carol reuniu arquitetos com experiências, perspectivas, ideias e inspirações variadas para desenharem espaços inspiradores e únicos para a galeria.
Ela afirma que o projeto foi muito colaborativo desde o começo, com inúmeras pessoas agregando ideias, sugestões e conhecimentos, e que ele não poderia perder essa característica ao avançar para os interiores. "Então, decidimos convidar nove arquitetos e duas paisagistas para assinarem cada um dos ambientes da galeria. Para eles seria uma oportunidade de expor as suas ideias, implementar soluções não tão comuns em projetos residenciais e corporativos. E para nós, foi um presente contar com tanta criatividade e conceitos diferentes", completa.
Os arquitetos Arthur Calliari e Gustavo Iaguszeski criaram a área de convivência que receberá os visitantes.
Os arquitetos Arthur Calliari e Gustavo Iaguszeski criaram a área de convivência que receberá os visitantes.
Ao todo serão onze ambientes (nove internos mais horta e bosque) com projetos de interiores e paisagismo que abraçam o desafio de trazer as preocupações ambientais para dentro do empreendimento.
O uso de madeira certificada, resíduos da própria obra, técnicas de upcycling e biofilia são algumas das estratégias aplicadas pelos profissionais envolvidos. Como nem todos tinham experiência ou contato com materiais e técnicas sustentáveis, optou-se por apresentar a eles as possibilidades, permitindo que cada um definisse a linha que gostaria de seguir no projeto.
Para isso, foram oferecidos treinamentos com especialistas nas áreas de energia, soluções hídricas, sustentabilidade na construção civil e também com o GBC Brasil, que é a organização responsável pela certificação LEED no país.
"Para nós, era muito importante ter um 'atestado' de que a nossa obra é realmente sustentável, sem greenwashing. Estamos investindo em soluções que garantam um ciclo fechado de água e um abastecimento com energia 100% gerada no local. Toda a parte de iluminação foi adaptada, assim como a escolha de materiais e revestimentos. Os arquitetos e paisagistas foram nossos parceiros nesse processo, assim como todos os demais fornecedores. Estimamos que 56% do tempo de desenvolvimento da Panaceia foi de pesquisa. Compartilhamos tudo isso para que pudessem criar", revela a idealizadora.
Os profissionais da Grimpa Arquitetos criaram um ambiente para a recepção que representa um ecossistema integrado e completo, utilizando sobras de materiais da própria obra.
Os profissionais da Grimpa Arquitetos criaram um ambiente para a recepção que representa um ecossistema integrado e completo, utilizando sobras de materiais da própria obra.
Nem tudo foi mar calmo, no entanto. Como apostou-se em muitos materiais e soluções relativamente novas ou incomuns no mercado, o projeto enfrentou desafios. "Alguns materiais não encontrávamos mão-de-obra especializada para instalação, outros não tínhamos muitas garantias de que iriam funcionar. Mas, essa é a essência da Panaceia. Testar, implementar, demonstrar e compartilhar com o público. Queremos tornar a sustentabilidade acessível, visual, palpável, interessante, uma experiência. Para isso, não podemos ficar apenas na teoria", defendeu em entrevista a HAUS.
De acordo com Carol Gusi, a ideia é que a Panaceia se torne um ponto de encontro, pensado para ser versátil, com ambientes que funcionem como espaço para a exposição de produtos, palestras, cursos, eventos, trocas de ideias. Dentro dessa lógica, no entanto, alguns ambientes terão funções pré-definidas, caso da loja conceito, o café, a sala de reuniões e o centro de logística reversa.
Ao projetar a área destinada ao estacionamento, Juliane Cruz e Renan Freitas pensaram numa galeria oceânica, onde molduras com fotografias e os textos expressam a realidade dos nossos oceanos.
Ao projetar a área destinada ao estacionamento, Juliane Cruz e Renan Freitas pensaram numa galeria oceânica, onde molduras com fotografias e os textos expressam a realidade dos nossos oceanos.
Na loja, por exemplo, a ideia é ser mais do que um ponto de venda, mas uma vitrine de produtos sustentáveis e inovadores, criando oportunidade para que os consumidores conheçam de perto as soluções que estão surgindo no mercado.
Os espaços são assinados pelos arquitetos Arthur Calliari e Gustavo Iaguszeski; Grimpa Arquitetos; Camila Sprengel Campelo e Gabriela Nunes Amaral, do Estúdio NOAR; Juliane Cruz e Renan Freitas; Isabella Farah e Silva e Bruna Volanin, da Brisa Arquitetura; Juliana Rufino, da Arq+Co; Lays Marcelle, da HOA Arquitetura Ecológica, e Flávia Bonet.

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