Opinião

Arquitetura

O que o novo censo demográfico nos dirá?

Marcos Kahtalian*
13/09/2022 14:00
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Causou
espécie a notícia de que de cada dez cidades brasileiras em pelo menos uma havia
mais eleitores que moradores. Não; não é fraude de registro eleitoral; apenas
uma das inúmeras incongruências que apareceram quando se compararam os números
de eleitores inscritos no TSE e o da população estimada pelo IBGE para 2021. Algumas
cidades como Severino Melo (RN) conseguiram a proeza de ter 4 vezes mais
votantes que habitantes.
As projeções populacionais são arriscadas, como se vê, dado que afinal o último censo saiu no longínquo 2010. Lembram deste ano? Muita coisa mudou de lá para cá, e não foi apenas no número de eleitores: é o que o novo censo nos dirá, apontando que cidades mais cresceram, e como, afinal, estão constituídos os lares brasileiros.
Para
quem trabalha com mercado imobiliário (e não só, evidentemente) censo é vida. E
por isso louvamos, ainda que mui tardiamente, o novo censo, que certamente irá
trazer pontos de essencial ajuste em nossas políticas públicas, para não dizer,
nas políticas urbanas, e no desenho das cidades.
O
que o censo nos dirá? Não sei (já vimos como é difícil projetar), mas,
assumindo o risco, gostaria de sugerir alguns apontamentos que temos observado
em nossas pesquisas de campo:
  1. Aumento
    da taxa de locação
    . Em que pesem os méritos dos programas
    habitacionais de baixa renda, ainda assim não estamos conseguindo entregar
    moradias de qualidade na quantidade requerida pela nossa expansão habitacional.
    Mais ainda: dado o preço dos imóveis, sobretudo nas grandes cidades, parece ser
    inevitável o crescimento dos imóveis e aluguel.
  2. Maior
    Verticalização
    . Não só, por óbvio, nas cidades médias e
    grandes, mas também nas pequenas. Com o aumento do valor da terra e a
    concentração urbana, segue forte a verticalização, como forma de diluir custos construtivos
    sobre o terreno.
  3. Expansão
    vigorosa das cidades do centro-oeste.
    Temos observado de forma
    direta como cidades pequenas e médias, do MT, MS e GO vem crescendo de forma
    muito rápida, no rastro do crescimento da fronteira agrícola.
  4. Reversão
    da tendência de esvaziamento das regiões centrais

    das cidades grandes. Aqui, essencialmente por ações municipais de incentivo à
    ocupação dos centros, que vinham em processos de degradação lenta.
  5. Queda
    forte no número de moradores por domicílio.
    É a tendência
    inexorável de redução do tamanho médio da família, indo em par com mais lares
    de uma ou duas pessoas apenas.
Além disso, outras tendências já conhecidas, como envelhecimento da população, maior escolaridade, maior identificação étnico-racial e outras questões poderão ser entendidas com maior certeza de dados. Recensear é a base de tudo: a população muda, e nós mudamos com ela. Vamos ver em 2023, quando saírem os resultados completos do censo, qual será o tamanho da tarefa de construir esse país. Depois da contagem dos votos, será a hora da contagem da população.
Marcos Kahtalian é sócio-fundador da Brain Inteligência Estratégica*

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