Parte da orla da Lagoa dos Patos -- maior estuário estrangulado do mundo com mais de 10 mil m² -- , na cidade gaúcha de Rio Grande, será revitalizada com projeto de um ecoparque turístico: o Ecoparque Turístico Molhes da Barra. O local foi tema de concurso público de arquitetura e o resultado foi divulgado no último dia 25 pelo governo estadual. A proposta vencedora é assinada pelo escritório de arquitetura curitibano Estúdio 41, que é mundialmente conhecido pelo projeto da base brasileira na Antártica, a Estação Comandante Ferraz , inaugurada em 2020.

O local alvo do concurso no Rio Grande do Sul é conhecido pelos molhes da Barra, dois quebra-mares construídos com gigantescas pedras que avançam quatro quilômetros no oceano e que são uma das maiores obras da engenharia marítima do Brasil, levantada entre 1911 e 1915.

O parque ecológico, de acordo com o descritivo do projeto vencedor do certame, terá área de gastronomia, praça, deques, estacionamento, banheiros, bilheteria, estação para as vagonetas (popularmente conhecidas por carrinhos de mina para transporte de minérios), atracadouro para passeios de barco, passarelas de observação, espaços para educação ambiental e minimuseu.

Orçado em R$ 690,7 mil, o projeto técnico será pago pelo governo do estado do Rio Grande do Sul através do programa Iconicidades. Após a homologação do concurso, que deve acontecer em 30 dias, começa a correr o prazo para elaboração do projeto técnico. Em seguida, inicia-se a etapa de viabilização da construção do ecoparque, que já tem financiamento de R$ 5 milhões pré-aprovada pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).

A arquitetura pensada para parte da orla do estuário baseia-se em uma estratégia de intervenção sutil e contemporânea, com a inserção de poucos elementos construídos em pontos-chave da paisagem natural, integrando toda a extensão do parque, garantindo a fruição e qualificando os espaços abertos.

As edificações propostas pela equipe do Estúdio 41 privilegiam o uso da madeira e da marcenaria convencional, como forma de assegurar uma maior integração visual do complexo com a natureza a sua volta, que apresenta uma grande diversidade de habitats, plantas e animais, como o emblemático caranguejo Catanhão.

"São peças leves, com junções originadas na carpintaria tradicional. A tectônica desses elementos em madeira estabelece um contraponto à materialidade das rochas usadas nos quebra-mares. Os painéis de vedação propostos são de OSB impregnado com impermeabilizante e selador em tonalidade avermelhada. Esse tom quente dos elementos edificados configura a materialidade e a textura dos artefatos arquitetônicos do lugar, contribuindo para construir também a identidade da intervenção", explica a equipe do Estúdio 41.

Segundo o júri do concurso, as circulações e os fluxos estão resolvidos de forma clara e simples, sensíveis aos caminhos e
aos habitats preexistentes, e as áreas de acesso e estacionamento são organizadas de forma eficiente, preservando as áreas centrais do parque.

"O Ecoparque Turístico Molhes da Barra situa-se nesse ambiente de transição, interface entre elementos naturais e artefatos produzidos pelo ser humano, na busca de possibilitar a existência das nossas atividades cotidianas. A estrada de chegada, os molhes da Barra, os trilhos, o enrocamento, são objetos inseridos nessa paisagem natural, e as estruturas do novo parque são, a partir disso, entendidas como oportunidades de diálogo com essas pré-existências", defendem os autores do projeto no descritivo do projeto.

Assinam o projeto os arquitetos, colaboradores e consultores a seguir: Emerson Vidigal, Eron Costin, Fabio Henrique Faria, João Gabriel Rosa, Martin Kaufer Goic, Camila de Andrade, Guilherme Fernando Pinto, Tamy Pesinato, Mariana Siqueira e Ricardo Henrique Dias.