Um dos novos estádios do Catar, sede da Copa do Mundo de 2022, acaba de ser inaugurado na cidade de Al Wakrah, 23 km ao sul de Doha. Batizado de Estádio Al Janoub, a obra foi a primeira a ser comissionada ainda em 2013 para o mundial que se aproxima. Será nele que acontecerão partidas até as quartas de final.
A estrutura foi desenvolvido por um dos escritórios de arquitetura mais prestigiados do mundo, o Zaha Hadid Architects (ZHA), da arquiteta iraquiana Zaha Hadid, que faleceu em 2016.
A estrutura tem capacidade de 40 mil cadeiras, das quais metade são temporárias e desmontáveis. Esse dinamismo na capacidade foi pensado para que o estádio tenha vida também depois da Copa, quando 20 mil lugares já são suficientes para hospedar partidas dos times locais.
Após o mundial, os 20 mil lugares temporários serão enviados para algum país em desenvolvimento que necessite de infraestrutura esportiva. A escolha de qual lugar receberá os assentos será da Fifa.
Devido às altas temperaturas do Catar, o estádio foi projetado com um sistema de refrigeração inteligente e teto retrátil, o que permite que partidas ocorram sem problema até durante o verão. O design da estrutura sinuosa também foi pensado para potencializar o conforto térmico dos espectadores e dos jogadores.
As linhas curvas que dominam o estádio rendem homenagem às tradições marítimas da cidade costeira onde está localizado. Mais precisamente ao dhow, um tipo regional de barco.
O design do teto do estádio brinca com uma abstração relacionado ao barco: como se fossem os cascos de dhows de cabeça para baixo, reunidos para fazer sombra e servir de abrigo.
A cor também foi selecionada com cuidado. As superfícies opacas e brancas lembram conchas, e os detalhes metálicos bronze homenageiam a arte islâmica tradicional.
O estádio foi projetado também para auxiliar na nova expansão urbana da cidade, ajudando a criar atividades e oportunidades ao redor do espaço esportivo.
Polêmicas
Desde a divulgação das primeiras perspectivas técnicas do projeto, o projeto sofreu diversos ataques. O que lhe rendeu até um artigo no ‘The Guardian’: “Zaha Hadid’s sport stadium: ‘Too big, too expensive, too much like a vagina'” (em tradução livre, estádios da Zaha Hadid: grandes demais, caros demais, parecidos demais com uma vagina).
Além das críticas ao tamanho, ao valor e ao formato do estádio, a obra virou polêmica por ter causado a morte de diversos trabalhadores imigrantes. Ao todo, no país, mais de 500 indianos e 382 nepaleses morreram em canteiros de obras.
Questionada à época por jornais do mundo todo sobre a questão, a arquiteta Zaha Hadid sentenciou: “Eu não tenho nada a ver com os trabalhadores. Esse é um problema do governo — se realmente existe um problema. Felizmente, isso tudo será resolvido.”
Hadid ainda complementou ao ‘The Guardian’: “Sim, eu me preocupo com a questão, mas estou mais preocupada com as mortes no Iraque. Mas o que eu posso fazer? Não estou desvalorizando a questão, mas penso que o governo precisa cuidar disso. Não é minha função como arquiteta observar isso”.