Projeto coletivo busca preservação da arquitetura modernista de Curitiba

Em 1930 Curitiba viu surgir o primeiro projeto de arquitetura modernista da cidade. A casa Frederico Kirchgässner, erguida pelo arquiteto de mesmo nome no alto da rua Treze de Maio, abre uma extensa lista que ganhou corpo nas décadas seguintes, espalhando pelo horizonte curitibano algumas das edificações mais icônicas da paisagem urbana local.

Parte deles quase todo mundo conhece pelo nome: Teatro Guaíra, Biblioteca Pública do Paraná, a Reitoria da UFPR. Mas há outros como o conjunto residencial Cosmos (aquelas quatro torres que se destacam na paisagem do Alto da XV) ou o edifício Itália (com sua fachada curva que não passa despercebida na Fernando Moreira) que certamente não ficam atrás em notoriedade. Para documentar e valorizar esse patrimônio arquitetônico e os seus criadores, foi lançada a Casa da Arquitetura de Curitiba.

Projeto colaborativo que reúne arquitetos, fotógrafos, incorporadores e entusiastas, a CAC pretende facilitar o acesso à esta produção arquitetônica relevante, mas pouco estudada e registrada. Como primeira ação do coletivo, está no ar um portal que reúne imagens, documentos e informações sobre um acervo que atualmente conta com cem edificações e que seguirá sendo abastecido.

André Nacli, um dos criadores da Casa da Arquitetura de Curitiba, afirmou em relato durante o evento de lançamento do projeto, realizado nesta terça-feira (23) no Museu Oscar Niemeyer, que a demolição de imóveis em anos recentes foi um dos motivadores do projeto, focado em promover a preservação da memória arquitetônica da cidade.

Quem navega pelo portal tem à disposição ferramentas para conhecer o acervo com base em filtros -como década de construção e tipologia-, mas também é possível gerar mapas para explorar as edificações presentes em determinadas regiões da cidade e encontrar informações sobre os arquitetos responsáveis pelos projetos modernistas da cidade.

O site entrou no ar com biografias de 15 deles, mas obras de 45 profissionais foram "catalogadas" até o momento - desde 1930 até a década de 90. É claro que estão presentes mestres como Lolô Cornelsen, João Batista Vilanova Artigas, Jaime Lerner...

As fotografias recentes das obras modernistas são de autoria de Brenda Pontes, Eduardo Macarios, João Vitor Sarturi, Paula Morais, Ricardo Perini e André Nacli. Junto das imagens atuais, a intenção é reunir também registros históricos, documentos e até relatos relacionados às edificações - aquelas que já entraram no site e todas as outras. Para avançar no mapeamento, o grupo incentiva a colaboração de outros apaixonados pela arquitetura, com contato que pode ser feito diretamente por meio do portal ou via Instagram.

O acervo online é apenas um passo inicial. Além da construção do portal, outros projetos estão em desenvolvimento dentro da CAC, como o auxílio na destinação dos acervos dos arquitetos do movimento moderno da cidade.