Arquitetura

Rio de Janeiro perde projeto da arquiteta mais importante do mundo e terreno vai a leilão

HAUS
09/10/2018 17:40
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Imagens: Zaha Hadid Architects/Divulgação

A tradicional burocracia brasileira fez com que o país perdesse a chance de ter como seu o primeiro edifício assinado pela renomada arquiteta iraquiana Zaha Hadid na América do Sul. Lançado em janeiro de 2013 para a Copa do Mundo e as Olimpíadas do Rio de Janeiro, o projeto do que seria o hotel Casa Atlântica, na capital carioca, nem chegou a ter suas obras iniciadas e, hoje, tem seu terreno indo a leilão devido a desentendimentos e desinteresse por parte de seus investidores.
“Eu desisti, e desistiram de mim. Lancei o projeto em janeiro de 2013, mas só recebi a licença de construção em maio de 2015. (…) Eu tinha um sócio no negócio, com divisão de 50% para cada, que trouxe um fundo de investimentos para financiar 40% do total do projeto. Como demorou muito, o fundo desistiu”, contou Omar Peres, conhecido como Catito, ao O Globo, culpando a demora da prefeitura carioca em liberar a licença para as obras, o que atrasou o lançamento e a inauguração do empreendimento, segundo ele, pela inviabilidade do projeto.
O fundo ao qual o empresário e ex-político se refere é o JGP que, procurado pela reportagem de HAUS, disse que não vai comentar o assunto. O leilão do terreno de cerca de 850 m², localizado em Copacabana, por sua vez, é uma obrigação judicial pelas leis de fundos de investimento, segundo Peres.

O projeto

Previsto para ser construído no endereço da antiga Casa de Pedra, última residência da Avenida Atlântica de Copacabana, demolida em outubro de 2013 para dar lugar ao empreendimento, o prédio foi concebido para receber um hotel, mas teve sua finalidade alterada para um residencial de luxo com oferta de serviços.
Assinado pela arquiteta Zaha Hadid, primeira mulher a ganhar um Pritzker e considerada a rainha das curvas, morta em 2016, o edifício teria 11 pavimentos e fachada que remeteria a uma espinha. Com 30 unidades, contaria com amplas varandas e piscina na cobertura.
“As formas naturais dos morros do Rio [de Janeiro] e as praias criam uma qualidade elástica e maleável dentro do tecido urbano da cidade, enquanto o dinamismo de Copacabana, com seu ritmo e energia, é um dos espaços públicos mais importantes”, destacou a arquiteta, em entrevista exclusiva a HAUS, em 2016.
“O projeto ficou desgastado. Perde o Rio, que deixa de ter o único projeto de Zaha Radid na América Latina. O projeto é meu. Vou guardá-lo para fazê-lo um dia em algum lugar”, completou Omar Peres ao O Globo.

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