Arquitetura

Terapia do morar bem

Daliane Nogueira
07/04/2011 03:00
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A fotógrafa Alessandra Okazaki curte a casa para onde mudou depois do nascimento da filha: convívio entre arquitetura e área verde

Espaços integrados que privilegiam o convívio familiar, cores, boa iluminação, ventilação e as marcas da história dos moradores são as características do que se pode chamar de casa feliz. Viver em um espaço onde se destaca o gosto pessoal e os elementos estéticos que se vinculam com o modo de o morador ver o mundo ajuda a elevar a autoestima, afirma o arquiteto e psicólogo Ricardo Caminada. Adepto da psicologia ambiental (que estuda a relação das pessoas com o espaço que ocupam), Caminada propõe projetos cujo objetivo é o morador sentir-se bem. “Não basta dizer se o ambiente é feio ou bonito. A ideia é que alguém entre em sua casa e sinta que ela tem a ver com você”, simplifica.
Ele observa que a maioria das pessoas que procura um arquiteto ou decorador está passando por mudanças na vida envolvendo assuntos muito íntimos, como saída dos filhos de casa ou o nascimento deles, troca de emprego e de cidade, entre outros. “Nessas situações há um processo de readaptação e a decoração fará parte disso, retratando o novo momento e trazendo o conforto necessário”, aponta.
Para quem não acredita que a casa bem cuidada, organizada e com decoração de acordo com o ritmo de vida do morador pode revolucionar a vida de uma pessoa, a fotógrafa Alessandra Okazaki prova o contrário. A mudança pela qual ela passava quando decidiu trocar de endereço era a chegada da maternidade.
Entre os desejos projetados para a residência estavam o contato com elementos naturais e a possibilidade de trabalhar em casa, acompanhando o crescimento de Maria Luiza, hoje com 4 anos.
Os responsáveis por concretizar os sonhos de Alessandra e do marido Nilo foram o arquiteto André Largura e a designer de interiores Giovana Kimak.
O novo imóvel tem um belo bosque que virou o elemento máximo de decoração da sala com parede de vidro voltada para a área externa. “Todos dizem que se sentem bem ao entrar nessa sala (foto da capa)”, orgulha-se Alessandra, garantindo que a sensação de aprisionamento e insatisfação, presentes no antigo apartamento, deram lugar a mais tranquilidade no dia a dia.
O gosto pessoal por decoração fez Alessandra garimpar e restaurar móveis de brechós e da casa de parentes. “Essa apropriação do espaço, incluindo novos objetos, faz parte da decoração. A função do profissional é orientar e ajudar a definir”, comenta Largura.
A professora do curso de pós-graduação em Design de Interiores da Unicuritiba, Monique Coimbra, lembra da importância de considerar as características de todos os moradores da casa, ainda que um membro defina a maioria dos móveis, objetos e co­­res. “É bastante prudente ouvir o que os filhos têm a dizer sobre a decoração dos quartos, para que haja identificação em um espaço tão íntimo.”
Para todos
Não importa a área da residência ou os recursos disponíveis, qualquer lugar precisa oferecer excelentes condições de vida. “O segredo é aproveitar o espaço de forma inteligente, proporcionando formas de organização”, indica o arquiteto Zeh Pantarolli.
Ampliar as acomodações e acabar com a bagunça está sendo o desafio do profissional no apartamento de 68 metros quadrados da agente de turismo Roberta Wasem. Ela conta que tudo a incomodava no local onde mora com o marido e os dois filhos, de 14 e 17 anos. “Há poucos meses minha vontade era vender o imóvel, não aguentava ficar aqui. O projeto de reforma tem feito bem tanto para mim quanto para minha família”, anima-se.
A decoração manterá as lembranças de viagens e alguns objetos de família. “Não tenho dúvidas de que conhecer e ter liberdade para conversar com o arquiteto fez muita diferença. Ele respeitou nossa história e conseguiu traduzir o que queríamos”, afirma.
Eis o segredo: ter afinidade com quem vai se ocupar de deixar a residência com a cara dos moradores. “A relação tem de ser de confiança para que o trabalho agrade e cumpra o papel. As entrevistas, passeios pelas lojas e troca de informações são atitudes essenciais”, explica a arquiteta Carolina Espezim. Em parceria com o sócio Guto Biazzetto, ela assina o projeto de uma residência que reúne o lazer e o trabalho dos moradores. “A esposa é artista plástica e seu hobby é cozinhar, especialmente para amigos e familiares”, conta Carolina.
O projeto integra cozinha, churrasqueira e sala, favorecendo o convívio. “A proprietária sempre enfatizou que retomar a profissão era muito importante para sua autoestima. Desenvolvemos um ateliê em um espaço tranquilo da casa e viabilizamos esse desejo”, completa Carolina.
Participe
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Serviço:
André Largura e Giovana Kimak, fone (41) 3222-7407. Zeh Pantarolli, fone (41) 3376-7951. Guto Biazzeto e Carolina Espezim, fone (41) 3024-4192. Ricardo Caminada, fone (11) 3051-3979. Patrícia Vertuan, fone (41) 3363-6469. Cenário Moderno, fone (41) 3272-4401. Cia do Tapete, fone (41) 3336-0200. Casa Nova Interiores, fone (41) 3021-4400. Impermix, fone (41) 3213-2244.

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