A grande final do Tour Archathon Sul 2022, evento promovido pela Archademy, foi realizada na noite desta quinta-feira (18), em Curitiba, e premiou o Submerso Lab, escritório de arquitetura formado pela arquiteta e urbanista Cristiana Breyer e pela designer gráfica Desiree Bordignon, de Santa Catarina.

Foram 150 inscritos e 35 classificados. Os profissionais foram selecionados por seus portfólios para a concepção e desenvolvimento de uma solução arquitetônica tendo como desafio projetar uma moradia para Jaime Lerner (falecido em 2021) no empreendimento Reserva do Barigui. O apartamento tem 184 m² e vista para o Parque Barigui, com projeto do arquiteto e urbanista.

“Não temos nem palavras. Ficamos muito felizes e emocionadas com esse resultado, não esperávamos", comemora a arquiteta Cristiana Breyer, que ressaltou o quão desafiador foi projetar uma residência para Jaime Lerner. “Criar uma casa para um urbanista dessa grandiosidade... As expectativas eram muito grandes. Se ele estivesse aqui, queria que se sentisse feliz morando dentro dessa casa”, afirma.

O desenvolvimento do projeto teve mentoria do escritório QuadriArq, formado pelos arquitetos Fernando Ghiggi, Luciana Consiglio e Renata Troggian, do Rio Grande do Sul. Segundo a arquiteta, todo o processo criativo acompanhado dos mentores foi muito enriquecedor para a carreira da dupla. “Foi bem corrido, mas muito legal. Aprendemos muito com a mentoria. Fizemos reuniões, entregamos o projeto e recebemos vários feedbacks”, ressalta.

Intitulado “No canto de Jaime a cidade canta”, o projeto realizado pela dupla teve como objetivo evidenciar a essência do urbanista Jaime Lerner, traduzindo sua relação com a rua e a cidade de Curitiba. Para isso, utilizaram itens que remetessem à personalidade artística e criativa do arquiteto.

“Tentamos transmitir a cidade para dentro do apartamento, por meio das cores, da materialidade. Como o Jaime era um urbanista, era apaixonado pela cidade, queríamos que essa paixão se refletisse no espaço”, enfatiza Cristiana.

O destaque começa pelo piso, que preenche o hall social, salas de estar e jantar, atelier e cozinha, todo em petit-pavé, pedra portuguesa muito encontrada pelas ruas da capital paranaense. O apartamento ainda conta com plantas e uma pichação da palavra “encontro”, traço que remete à arte urbana. As paredes de quase todo o local são pintadas com cimento queimado, na cor Avenida Expressa, da Suvinil, e mescladas com painéis de madeira freijó.

A mudança ocorre nos banheiros
das suítes e no lavabo, que ganham tons de terracota e verde. As louças foram
escolhidas na cor branca, com acessórios em metal e preto e bancada de
concreto. Além disso, a iluminação nestes ambientes é indireta.

Na entrada da sala de estar, há um vidro em forma curvada, que, segundo descrição do projeto, direciona o caminho e estimula a descoberta do espaço. Olhando de frente, a abertura faz uma espécie de enquadramento do Parque Barigui e do mobiliário assinado por Jaime Lerner.

Pensado para ser o centro do
apartamento, o espaço conta com referências que mesclam arte e cidade. O sofá
escolhido é o ponto de cor no ambiente e pode ser configurado de diferentes
formas. O cômodo ainda conta com peças de decoração como cadeiras metalizadas e
mesas de centro em diferentes tamanhos.

“A ideia era que houvesse muitos encontros nesse apartamento, que fosse um lugar de receber, encontrar família e amigos, como nas esquinas. Por isso o sofá em módulos. A ideia é que se possa arrastá-lo para todos os lados”, explica a arquiteta. Por trás de um painel curvado também em madeira está localizado um atelier para trabalhos criativos, com as mesmas cores dos outros ambientes.

A sala de jantar foi pensada com as mesmas referências. O diferencial é o mobiliário branco, que torna o espaço mais minimalista. A cozinha gourmet retoma as bancadas em concreto utilizadas nos banheiros e também na lavanderia, com detalhes em madeira e móveis também brancos.

Na suíte Jaime, o cimento queimado e a madeira são utilizados novamente, mas com o adicional de novos elementos, como o piso em terracota. O banheiro quebra os tons monocromáticos do ambiente, com azulejos em verde claro.

Na suíte dos hóspedes, a dupla também utiliza terracota em uma parte das paredes, mas desta vez os azulejos do banheiro são brancos.

Criado pela Archademy, um Market
Network de Arquitetura e Design de Interiores, o objetivo do Archathon é
revelar talentos e criar conexões entre a classe profissional e marcas do setor
da construção. Concorreram equipes de profissionais ou estudantes, com pelo
menos uma pessoa formada nos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Design de
Interiores ou Design de Produto. O evento conta ainda com outras edições
regionais no Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste.

“O Archathon é uma grande vitrine para jovens talentos da arquitetura e design de interiores. Com uma experiência de co-criação única, ele revela todo o potencial criativo dos profissionais e, hoje, é o melhor prêmio do Brasil para quem busca posicionamento neste mercado", ressalta a co-founder da Archademy, Anna Rafaela Torino.

Entre os jurados, participaram os arquitetos Patricia Pomerantzeff, da Doma Arquitetura; Mariana Orsi; Lufe do Life by Lufe; e Fábio Marx, criador da personagem Sheyla Christina e vencedor do Archathon Suvinil 2019. Os mentores da edição foram Juliana Pippi, QuadriArq, Boscardin Corsi, Gargioni Arquitetos e Paloma Bresolim, da Ohma Design.

Durante o workshop, os profissionais também contaram com mentorias técnicas de marcas do segmento, como ABC da Construção, Amanco Wavin, Avell, Camicado, City Design, Docol, Electrolux, Fibraplac, Granos, Suvinil e Apolar Concept. Eles ainda foram desafiados a utilizar os produtos das marcas parceiras no desenvolvimento dos projetos.