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Arquitetura

Último projeto de Niemeyer deve ter obras retomadas em Foz do Iguaçu; conheça a proposta

Vivian Faria, especial para HAUS
01/08/2023 18:09
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Pouco mais de dez anos depois da morte de Oscar Niemeyer, o Paraná vive uma onda de resgate de projetos do arquiteto. Além da tentativa de tirar do papel o Centro de Eventos Oscar Niemeyer em Maringá, no início de julho, a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), o governo federal e a Itaipu Binacional anunciaram que a geradora de energia vai investir R$ 600 milhões para retomada das obras do campus Niemeyer. Com construção parada desde 2014, o projeto foi o último assinado pelo arquiteto antes de sua morte, em dezembro de 2012.
O investimento refere-se à finalização das estruturas já iniciadas: edifício central, prédio de aulas, restaurante, central de utilidades e parte da galeria técnica (subterrâneos), sistema viário e estacionamentos. O objetivo é que essa primeira etapa esteja pronta até o fim de 2026. Ao todo, porém, o projeto tem 145 mil m² e conta com nove edificações: além dos já citados edifício central, prédio de aulas e restaurante, prevê uma biblioteca, um teatro, laboratórios, recepção e sala de conselho.
“Quando Niemeyer criou esse projeto, ele se baseou na Universidade de Brasília e na de Constantine, na Argélia. A ideia era ter todas as disciplinas no mesmo prédio para ter uma integração maior e uma valorização do estudo”, afirma o arquiteto Jair Valera, que trabalhou ao lado de Niemeyer por quatro décadas. Além disso, o espaço oferece aos estudantes toda a estrutura de que eles podem precisar ao longo de sua formação, assim como vazios para circulação e fruição.
“No projeto, temos as marcas características do arquiteto em toda sua concepção. A implantação espaçada dos edifícios define o espaço arquitetural preconizado nas obras de Niemeyer, caracterizado pelas passarelas de acesso aos edifícios, em que os transeuntes são convidados a contemplar as edificações e a relação das mesmas com o ambiente não construído”, afirma o secretário de implantação do campus, Iván Dário Gomez Araújo. Ele destaca ainda o uso de linhas curvas e do concreto armado, o que permite os grandes vãos no prédio de aulas e no edifício central, assim como a presença de grandes espelhos d’água e peles de vidro.

Próximos passos

Antes que os trabalhadores retornem ao canteiro de obras, um terreno doado pela Itaipu Binacional no bairro de Porto Belo, em Foz do Iguaçu, o projeto deve ser analisado para que se verifique a necessidade de atualizações. “Há que se considerar os grandes avanços nas instalações prediais nos últimos 15 anos, especialmente nas áreas de tecnologia da informação e eficiência energética, os quais poderiam ser incorporados ao empreendimento sem descaracterizar a arquitetura”, justifica Araújo.
Além disso, ele afirma que atualmente é possível delinear com exatidão a ocupação dos espaços a serem concluídos no campus, o que não era o caso quando o projeto foi contratado.
Da mesma forma, as estruturas que já estão em pé, que correspondem a 41,58% do projeto, vão passar por inspeções para se verificar se estão aptas a serem utilizadas depois de quase dez anos paradas. A expectativa, porém, é de que a integridade do que foi construído esteja preservada. “É importante destacar que a obra foi executada com um grande aparato de controle tecnológico das estruturas de concreto armado e protendido e que a Universidade executou obras protetivas da estrutura até então executada em 2016-2017”, explica Araújo.
O Campus Niemeyer começou a ser construído pelo consórcio Mendes Júnior-Schahin em 2011 e teve suas obras interrompidas em 2014 sob justificativa de desequilíbrio econômico-financeiro. Conforme as empresas, teria havido um aumento de custos originados por divergências e incompatibilidades no projeto e pela necessidade de alteração nas fundações do prédio de aulas e restaurante, após a descoberta de falhas geológicas.
Ainda não há informações sobre as próximas etapas da obra, necessárias para concretização do projeto em sua totalidade.

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