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Arquitetura

Um ambiente, 3 projetos distintos: o poder da arquitetura de transformar uma cozinha integrada ao estar

Cristina Seciuk
20/12/2023 14:58
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Já olhou para a sua cozinha e sentiu que ela poderia ser mais do que "só" uma cozinha? O papo de este cômodo ser o coração da casa não é por acaso: do despretensioso cafezinho aos festivos jantares de fim de ano, as possibilidades de interação diretamente relacionadas à comida são inúmeras, assim como as maneiras de projetar o ambiente em que desfrutamos das refeições e das companhias. Seja para espaços ainda em criação, seja para aqueles que se beneficiariam de uma boa repaginação, um projeto de arquitetura de interiores, assinado por profissionais qualificados, tem tudo para garantir uma casa bem vivida, atendendo as necessidades e aos desejos dos seus moradores e apontando soluções para trazer mais prazer, funcionalidade e praticidade à rotina.
Olhou para a sua cozinha? E se o pedido feito ao arquiteto fosse conceber e desenvolver um novo conceito arquitetônico para ela, um projeto que tirasse o protagonismo da sala e fizesse da cozinha um espaço totalmente destinado à convivência, um verdadeiro ambiente de estar?
Este foi o desafio proposto por Electrolux e Archa (primeiro e maior Market Network de Arquitetura e Design de Interiores do Brasil) a 30 escritórios de arquitetura, interiores e design. Como resultado, abordagens plurais para um mesmo briefing, numa amostra da diversidade que pode surgir a partir do caldo formado pelas trocas entre profissionais e clientes, seus repertórios e linguagens próprios e as inspirações vindas da história pessoal do dono da casa.
Entre os dez finalistas do Archathon Electrolux 2023 (concurso criativo promovido pela Archa em parceria com a marca de eletrodomésticos), HAUS destaca a seguir três dos projetos apresentados, todos originados a partir do mesmo briefing inicial, mas com estilos e soluções bem distintas entre si, demonstrando a pluralidade de propostas que a atuação de um profissional de arquitetura e design de interiores é capaz de proporcionar para um mesmo ambiente.

Cozinha mantém viva memórias e conexão familiar

Estante se mescla à área da cozinha como elemento de reforço à proposta de integração do ambiente
Estante se mescla à área da cozinha como elemento de reforço à proposta de integração do ambiente
Vencedor do Archathon Electrolux 2023, de autoria do escritório Maré Arquitetura, o projeto "Casa do passado, cozinha de estar do futuro, memórias que perduram" ressignifica um ambiente repleto de memória afetiva, num movimento para manter viva uma tradição familiar.
O projeto em questão dá nova roupagem à antiga cozinha externa da casa dos avós de uma família que optou por retomar o hábito de se reunir semanalmente naquele local para honrar e celebrar as memórias passadas, além de reforçar laços. Essa mistura de passado e presente aparece por meio da manutenção de algumas características originais, como na opção pela restauração do piso de taco existente e transformação das marquises de concreto em um jardim flutuante.
Elementos que remetem à história da família, como o pé da máquina de costura que sustenta a bancada, reforçam o apelo afetivo do espaço
Elementos que remetem à história da família, como o pé da máquina de costura que sustenta a bancada, reforçam o apelo afetivo do espaço
Na renovação, o espaço ganhou novas aberturas (janelas e portas) para garantir mais iluminação e ventilação naturais, aliadas à instalação de cobogós para controle da incidência solar; na entrada, muita vegetação conecta a cozinha ao quintal da família.
Já o layout pensado para o ambiente une a cozinha à área de estar sem separações visíveis, promovendo unidade e integração no espaço. "O sofá se mistura com a mesa, assim como a estante se mistura com a cozinha, os móveis foram dispostos para estimular a interação", apontam os arquitetos na proposta.
Marquises de concreto foram transformadas em um jardim flutuante
Marquises de concreto foram transformadas em um jardim flutuante
A bancada de preparação dos alimentos também aparece como elemento chave na integração do ambiente. Ela abriga cooktop com coifa e cuba, todos voltados para a área de circulação, garantindo que quem cozinha não precisará abandonar os momentos em família para monitorar as panelas. Na extremidade, um espaço destinado ao trabalho ou estudo mais uma vez evita que alguém tenha que abdicar da reunião familiar enquanto dá conta da rotina de trabalho e estudos.
Para arrematar a proposta, o tom terracota predominante no projeto proporciona um ambiente caloroso acompanhado de objetos de decoração afetiva, como a antiga estrutura de máquina de costura da avó que se tornou pé para a bancada do dia a dia.

Espaço de convivência reforça cultura local

No projeto, texturas e cores quentes contrastam com o tom escuro dos eletrodomésticos
No projeto, texturas e cores quentes contrastam com o tom escuro dos eletrodomésticos
Criado por Pedro Dias, Potiguara, como o nome bem sugere, apresenta uma proposta de cozinha de estar para um imóvel localizado em Natal, na "esquina do continente", num lar bem vivido da capital do Rio Grande do Norte. A proposta é de um ambiente vivo, tropical, fluido e aconchegante, "adaptado ao novo viver e ao novo receber", como descreve o profissional no projeto.
Como o objetivo era criar uma aura hospitaleira (tal qual a recepção do povo natalense), plural (como a cultura local) e exuberante (como as praias, dunas e falésias da região), optou-se por texturas e cores quentes e aconchegantes, para contrastar com o tom escuro dos eletrodomésticos.
Bancada promove integração entre quem cozinha e demais usuários do espaço, além de possibilitar vista para a paisagem da cidade
Bancada promove integração entre quem cozinha e demais usuários do espaço, além de possibilitar vista para a paisagem da cidade
Ao adentrar o espaço, surge a área de jantar, com a mesa como grande elemento articulador, posicionada ligeiramente em diagonal para facilitar a fruição do espaço no dia a dia. Ao fundo, uma zona de armazenamento e higienização com prateleiras para deixar tudo à mão. Próximo do acesso à cozinha, o projeto prevê ainda a criação de uma área multiuso, que pode ser utilizada como mesa de trabalho e estudos ou como buffet, por exemplo.
A área central é marcada pela zona de cocção e preparo dos alimentos. A intenção é proporcionar facilidade de interação a quem comanda o fogão, tornando esse momento prático e prazeroso. A posição dos eletrodomésticos, abaixo da linha do olhar, é proposital: garante contraste e destaque aos aparelhos, mas sem gerar volumes que distraiam da bela vista da cidade.
Destaque à cultura e exuberância locais foram ponto de partida do projeto
Destaque à cultura e exuberância locais foram ponto de partida do projeto
Avançando ao limite do ambiente, há uma área de estar repleta de lugares para receber e diversificar a rotina dos moradores, com sofá, bancos e rede... A icônica poltrona Jangada, de Jean Gillon, destaca-se no espaço que dispõe ainda de adega, cervejeira e purificador de água, além de champagneira embutida na bancada.

Natureza, conforto e bem-estar guiam projeto de cozinha

Área de estar e TV privilegia o conforto por meio da rede e dos estofados
Área de estar e TV privilegia o conforto por meio da rede e dos estofados
Projeto desenvolvido pela Taco Arquitetura, em parceria com Luiza Coutinho e Leandro Torquato, a “Cozinha de Cheiro” foi criada como uma resposta para os desejos de um jovem casal em busca de mais conforto e conexão com suas raízes baianas. "Buscamos retratar aquela atmosfera acolhedora da casa de nossas avós. Unificamos o passado e o presente, preservando os laços afetivos, onde a comida era mais que refeições, era amor, era conexão, era cheiro", resumem os profissionais.
Baseado nas memórias afetivas e na riqueza cultural da Bahia, o projeto é embasado nas premissas de que um lar deve transmitir bem-estar, estimular a criatividade e a sensação de aconchego e se apoia no conceito do design biofílico, apostando em formas orgânicas pontuais e em materiais naturais, texturas e cores que remetem à natureza.
Vigotas de madeira e ladrilhos do piso foram reaproveitados de casarões antigos
Vigotas de madeira e ladrilhos do piso foram reaproveitados de casarões antigos
Visualmente, destacam-se os tons de verde e o uso de elementos como vigotas de madeira de demolição no teto e a faixa de ladrilhos no piso, reaproveitados de casarões antigos. No mobiliário, a opção é clara pelo aconchego, inclusive na área da tevê, com peças superconfortáveis como pufes e rede suspensa.
Coração do ambiente, o espaço de cozinha tem na ilha central o elemento mais importante, unindo recordações afetivas à funcionalidade. Ela abriga o cooktop e a coifa, além de "dar vida" ao jantar com uma árvore integrada à bancada. Acima dela, uma claraboia circular simula a sensação de área externa, de comer sob a sombra das folhagens, simbolizando a tradição de compartilhar refeições preparadas nos quintais de casa.
Ilha central abriga árvore que reforça o apelo biofílico do espaço
Ilha central abriga árvore que reforça o apelo biofílico do espaço
Armários e prateleiras foram pensados de modo a deixar a cozinha funcional, com utensílios expostos facilitando o dia a dia dos moradores e convidando a mantê-la sempre organizada. Os tons terrosos em cerâmica crua, terracota e a madeira trazem calor e conexão com a natureza. Já as panelas de barro suspensas remetem aos paneleiros antigos, adicionando um toque nostálgico e funcional.

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