Acqua alta

Daniela Busarello
27/08/2015 01:00
Thumbnail

Fotos: Daniela Busarello

Veneza, ou La Serenissima, se transforma em Capital da Arte Contemporânea a cada dois anos quando acontece a Bienal de Arte, de onde acabei de voltar. A cidade recebe exposições, eventos e pessoas interessantes flanando pelas ruas e canais, bebericando nos bares, desfilando excentricidade.
Paisagem urbana de fundo cinza, azul e preto, de acqua alta, umidade, costumes, requinte e aristocracia. Cidade de cores de planos quentes, dos tijolos laranjas, dos afrescos multicor que decoram os palazzos, das pinturas embelezando as igrejas. Tintoretto, Veronese, Ticiano.
Para amar Veneza é necessário se perder, ter bons endereços à mão e tempo para curtir as surpresas. Deixe-se inebriar pela maré, pela lua cheia, pela acqua alta que invade as calçadas e forma reflexos e jogos de imagem do céu e da terra.
Punta della Dogana e museu de Peggy Guggenheim
A Fundação Pinault abriu ao público em 2006 com uma excepcional coleção de Arte Contemporânea, que se espalha por dois edifícios históricos: a Punta della Dogana e o Palazzo Grassi, ambos restaurados por Tadao Ando. Lição de arquitetura do mestre japonês que glorifica e sacraliza os espaços de exposição.
A casa da excêntrica colecionadora Americana Peggy Guggenheim mostra peças maravilhosas de arte moderna que fizeram parte de seu cotidiano. Foram presentes de seus amigos artistas que viveram intensas festas neste palazzo pousado nas águas do Grand Canal.
Giardini e arsenale
Endereços oficiais da Bienal, os “jardins” e o “arsenal” são lugares públicos que, entre os meses de junho e novembro, são ocupados para mostrar o que cada país tem de melhor, um ano com a Bienal de Arte e o seguinte com a Bienal de Arquitetura.
No Giardini, cada país tem seu pavilhão. Alguns assinados por Carlo Scarpa, James Stirling, Alvar Aalto e Bruno Giacometti. O do Brasil é de autoria de Henrique Mindlin, Palanti e Marchesin, feito em 1963, um dos bons exemplos de arquitetura moderna.
No Arsenale, pés-direitos e gigantismos dos espaços se tornam uma obra de arte por si só. Entre seus labirintos se descortinam todas as interpretações do tema da Bienal de 2015, “All the World’s Future”.
A grande vencedora do Leão de Ouro é Adrien Piper, filósofa e yogui. Ela fez o público participar de sua obra principal: na parede, três frases com três filosofias de vida e cada espectador escolhe uma e aceita cumpri-la pelos próximos 100 anos. Arte nos dias de hoje também é reflexão e interação.
Palazina Grassi
Para comemorar e descansar, uma passada pelo hotel design de Philippe Starck. Arte-artesanato de Murano por todos os lados, espelhos venezianos, mobiliário moderno, materiais e luz baixa, gastronomia surpreendente, frutos do mar fresquinhos da Laguna, risoto de champanhe com pistilos de açafrão e flores, pinot grigio, grapa e sorrisos.

Enquete

Você sabe quais são as vantagens de contratar um projeto de arquitetura para sua obra de reforma ou construção?

Newsletter

Receba as melhores notícias sobre arquitetura e design também no seu e-mail. Cadastre-se!