Decoração

Decoração industrial: a beleza do inacabado

Daliane Nogueira
26/03/2017 03:16
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No apartamento, em São Paulo, decorado pelo arquiteto paranaense Guilherme Torres, o concreto dá o tom dos ambientes e aparece no piso e na parede. Os rasgos serviram para embutir iluminação e a decoração segue a linha contemporânea, unindo peças de design, arte e móveis retos

Escolas de arquitetura e design são quase como movimentos da moda: vão e voltam com o tempo. Mas algumas referências ficam para sempre. É o caso das inspirações da escola de arquitetura e design Bauhaus, criada no início do século 20 na Alemanha. A grande proposta é a funcionalidade máxima na decoração. Concreto, vidro e aço são os materiais símbolos e com eles busca-se dar expressão estética ao modo de produção industrial dos objetos.
Considerada uma das escolas mais importantes da arquitetura e do design, o “estilo Bauhaus” é atemporal e vem ganhando novos contornos com o passar das décadas. Um deles é o estilo industrial na decoração, herança do funcionalismo bauhausiano, que tornou-se ainda mais forte desde que, por volta dos anos 1950, galpões de bairros nova-iorquinos como Soho, Chelsea e Tribeca, foram ocupados por famílias e se transformaram em moradias com características industriais. Aos poucos, a atmosfera decadente dos antigos imóveis na Big Apple deu origem aos lofts descolados e sofisticados.
A arquiteta Christiane Freitas Santos explica que a inspiração industrial tem como principal característica a ausência ou diminuição de divisórias. “Isso promove a integração, aumenta o aproveitamento do espaço e permite um visual bem contemporâneo”, defende.
Além da integração, o estilo pede tijolos descascados, canos e fios aparentes e revestimento de cimento. “Os móveis de ferro e metal são outra característica marcante”, afirma a arquiteta Cecília Cavalcanti, da Stil Arquitetura. Ela e a sócia Chayenne Giorgino assinam a reforma de um apartamento com essa proposta e consideram que Curitiba está, aos poucos, absorvendo conceitos diferentes de decoração.
As profissionais integraram churrasqueira, living e sala de jantar, substituíram parte do piso de madeira da sala por cimento queimado e optaram por tubos de encanamento elétrico aparentes. O projeto tem ainda iluminação feita com trilhos com spots e alguns móveis de ferro. “É muito bom poder trabalhar com projetos que nos instigam a buscar novas referências, como nessa reforma. Por outro lado, ainda há dificuldades ao buscar materiais e mão de obra para atender a projetos como esse”, conta Chayenne.
Em geral, na decoração industrial, costuma-se seguir a paleta de cores sóbrias e texturas mais ásperas. Mas as arquitetas Ana Sikorski e Katia Azevedo, da Moca Criativa, sugerem, no projeto de um estúdio, cores que vão além da paleta cinza e preto. “O importante é equilibrar e buscar um pouco de leveza com outros elementos, como almofadas, tapetes, plantas e objetos com cores vibrantes”, aponta Katia.
Embora inspirados em referências centenárias, os projetos com decoração industrial têm ares contemporâneos. Como o apartamento, em São Paulo, assinado pelo arquiteto paranaense Guilherme Torres, onde os móveis de design assinado, fotografias e obras de arte contemporâneas se misturam à estética industrial.

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