Sustentabilidade

Decoração

Como o desenvolvimento sustentável pode fazer parte do cotidiano de empresas de diversas áreas

HAUS
13/06/2022 15:36
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A Tintas Verginia, uma empresa familiar de comércio de tintas nascida na região de Santa Felicidade, assumiu o conceito sustentável como parte de seu DNA.

A sustentabilidade já deixou de ser um conceito abstrato e passou a fazer parte de nossas vidas e também da rotina de empresas de todos os portes. Na hora de optar pela sacola sustentável no mercado, quando escolhemos um produto eco-friendly ou ao conhecer e simpatizar com um posicionamento responsável de uma marca, estamos reforçando uma nova mentalidade da sociedade: a de que não é possível mais pensar em ações e negócios que não coloquem as questões de responsabilidade ambiental no centro das atenções.
E esse comportamento é reforçado pelos dados revelados em pesquisas e relatórios, que buscam trazer à tona essa transformação em nossas ações como cidadãos e consumidores. Entre 2020 e 2021, o número de compradores brasileiros de produtos sustentáveis cresceu 112% na plataforma de e-commerce do Mercado Livre. De acordo com a empresa, dos 3 milhões de usuários que adquiriram algum produto eco-friendly na América Latina, metade está no Brasil. O crescimento registrado no país ficou acima da média na região, em 104%.
Isso mostra  que as relações de consumo estão sendo alteradas com base em um desenvolvimento sustentável – e o reflexo disso já é visto nas empresas. Recentemente, o relatório “A última chamada para a sustentabilidade”, do IBM Institute for Business Value, reforçou essa crescente tendência e o novo olhar dos consumidores. O levantamento mostrou que 43% das pessoas estão dispostas a pagar o dobro por um produto para apoiar marcas ambientalmente responsáveis .
Para tentar se adaptar ao novo mercado, ações e novos conceitos vêm sendo implementados no meio empresarial, como o ESG (Environmental, Social and Governance), conjunto de práticas voltadas ao meio ambiente, à responsabilidade social e à governança corporativa – ou simplesmente sustentabilidade empresarial. Assim, a proteção dos recursos naturais passou a ser visualizada com um outro olhar pelas organizações de todo o mundo. “A implementação do ESG consiste, primeiramente, em novas políticas sociais e de governança e, posteriormente, na parte ambiental”, resume Gabriel Thiesen Barros, diretor do Grupo Ambiensys, empresa curitibana de consultoria ambiental.

Nas empresas

Para ativar a sustentabilidade no ambiente das organizações, é necessário analisar os impactos ambientais e sociais da operação, elencar os riscos e, por último, criar um plano de ação para mitigar esses riscos e reduzir os impactos mapeados. Apesar da complexidade aparente, inclusive do ponto de vista financeiro, a sustentabilidade é reafirmada como sendo viável. “O termo está mal explicado na cabeça de muita gente. Tem muita empresa que considera a sustentabilidade um custo, que vai onerar, mas ela só existe em si se for sustentável financeiramente também”, pontua Gabriel.
De acordo com o especialista, o movimento deve partir do corpo diretivo das instituições com convicção, sem que a iniciativa se transforme no chamado greenwashing, termo em inglês que caracteriza empresas que usam a sustentabilidade como um mero artifício de marketing, sem de fato praticá-la. “O alto escalão das empresas precisa estar muito bem entendido e convencido sobre o assunto para que a gente consiga evoluir. Vencida essa primeira parte, é muito importante que as pessoas consigam mapear a parte social e ambiental dos impactos de suas operações. Para isso, você pode formar uma equipe interna ou contratar uma consultoria e, a partir daí, começar investimentos. A sustentabilidade é algo que traz retorno rápido. Mas a cabeça da empresa tem que estar convencida disso”, conclui.
Coleta Colorida, um programa de logística reversa dos resíduos dos produtos comercializados nas unidades da Tintas Verginia.
Coleta Colorida, um programa de logística reversa dos resíduos dos produtos comercializados nas unidades da Tintas Verginia.

Prática sustentável 

Mais recentemente, ficou evidente que apostar em uma empresa sustentável contribui para uma melhora na reputação e, consequentemente, nas vendas. Uma pesquisa de 2019, divulgada pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), apontou que 87% dos brasileiros têm preferência por adquirir produtos e serviços de empresas com práticas sustentáveis.
Em Curitiba, a Tintas Verginia, uma empresa familiar de comércio de tintas nascida na região de Santa Felicidade, assumiu o conceito sustentável como parte de seu DNA. Para que a teoria se tornasse prática, a empresa criou um departamento exclusivo que faz a gestão das metas, programas e resultados das iniciativas voltadas à sustentabilidade. Entre as ações que saíram do papel estão a Coleta Colorida, um programa de logística reversa dos resíduos dos produtos comercializados nas unidades da Tintas Verginia; o programa de voluntariado, que consiste na pintura de murais em escolas municipais, em parceria com artistas locais; e a reflexão interna sobre o consumo, com a redução do uso de plástico, por exemplo. Segundo a empresa, o uso de stretch, um filme plástico que envolve paletes, já foi reduzido pela metade e a intenção é, no futuro, extinguir o uso desse material. “Fizemos o teste com uma cinta reutilizável. Nossa intenção é zerar o plástico de stretch”, destaca Eduardo Bathke, gerente de estratégia e projetos da empresa curitibana.
Dentro deste contexto, a gestão de resíduos também foi profissionalizada, permitindo maior controle sobre o quanto de lixo é gerado pelas unidades da loja. “Todo o material gerado nas lojas volta ao Centro de Distribuição e a gente manda para uma empresa autorizada. Assim, sabemos quanto estamos gerando de papelão, de plástico e, eventualmente, podemos colocar metas de redução”, detalha.

Engajamento 

As pesquisas indicam uma preferência dos consumidores por marcas que tenham a sustentabilidade como um de seus valores. Essa afinidade também aparece entre os colaboradores. Diversos estudos, em especial aqueles que analisam as novas gerações da força de trabalho, mostram que a preocupação com fatores ambientais e sociais são relevantes na tomada de decisão dos trabalhadores. Quase metade dos colaboradores das gerações Y (os millennials) e da geração Z - o grupo etário mais recente no mercado de trabalho - baseia-se em questões éticas na hora de fazer escolhas, como aceitar um novo emprego, segundo a consultoria Deloitte.
Como parte desse processo de assumir uma postura sustentável do ponto de vista empresarial, o engajamento dos colaboradores cresce. Inclusive, decisões e iniciativas que depois se tornam institucionais, muitas vezes nascem de baixo para cima, na contramão hierárquica. “Muitas das ações surgem dos próprios colaboradores”, conta Eduardo Bathke, que acrescenta que essa implementação de um posicionamento mais alinhado às práticas sustentáveis foi apoiada pelos colaboradores. “Percebemos um engajamento bacana, a galera comprando a ideia, motivados a fazer parte desse movimento.”

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