Ao pensar na decoração de uma casa, nossas atenções são geralmente voltadas ao sofá que vamos colocar na sala, à mesa de jantar, ao estilo da cozinha, à disposição dos móveis no quarto, às cores do banheiro. E a área que normalmente faz a ligação entre todos esses ambientes – o corredor – fica esquecida. “Devemos pensar no corredor com muito carinho, porque ele leva aos outros cômodos da casa. Sua decoração deve fazer as pessoas sentirem-se convidadas a entrar”, reflete a arquiteta Gisela Ribeiro.

Para a arquiteta Caroline Bollmann, um dos primeiros passos para acertar na decoração do corredor é pensar nele como uma área estratégica e funcional da casa, e não apenas um lugar de passagem. “É um ambiente curinga. O que determina o que pode ser feito é o seu tamanho e as necessidades do morador”, afirma.

No que diz respeito ao tamanho, é preciso pensar se ele comporta um ou mais cômodos ou se permite apenas a instalação de pequenas estruturas. “Por menor que seja, sempre dá para ambientar”, reforça. Pensar na decoração com base nas necessidades significa refletir sobre o que poderia melhorar na casa. “Falta espaço no quarto para um guarda-roupas? Não tem como colocar uma estante de livros na sala? Não há prateleiras suficientes no escritório? O corredor pode ser a solução para essas questões”, exemplifica.

A iluminação é igualmente importante. “Muitas pessoas não prestam muita atenção a ela, para priorizar quartos e salas. Mas é justamente por ser uma área de circulação em sua essência que o corredor precisa de atenção no quesito luz”, defende Daniele Bagatoli, lighting designer e proprietária da Luna Luce.

Independentemente do efeito de luz desejado – difuso ou de destaque, por exemplo -, há um ponto a ser sempre levado em conta: as lâmpadas devem ser econômicas. “Desta forma, podem permanecer ligadas durante a noite, conferindo mais segurança para a locomoção dos moradores, principalmente crianças e idosos”, aponta Daniele. Opções com acionamento instantâneo e com tecnologia LED são boas por atingirem o máximo de luz logo que são acionadas.

Entre as ideias que mais se encaixam em um corredor na opinião dos profissionais, estão as galerias de fotos, que podem conviver com outra de objetos de coleção ou adquiridos em viagens, transformando o espaço em uma reunião de boas recordações.

Se você prefere uma decoração mais neutra, a dica da arquiteta Caroline é usar nas fotografias molduras com poucas cores. “Geralmente as fotos são muito diferentes entre si. Com molduras neutras, o ambiente não fica pesado”, garante. Mas se você não tem medo de ousar, use cores, seja nos objetos, móveis ou na própria parede. “Dá para brincar porque não é uma área muito grande. Cores mais escuras ou tons mais fortes também são bem-vindos”, defende a arquiteta Mariana Stockler, que assina seus projetos em parceria com a sócia Carolina Posanske.

Segundo Gisela, papéis de parede podem conferir mais charme, assim como pequenas prateleiras para apoiar quadros. Espelhos ajudam na sensação de amplitude. “Também é interessante que a decoração dele comunique-se com a do restante, para que a linguagem da casa fique homogênea”, afirma. Por exemplo, se móveis pretos aparecem bastante na sala, o indicado é que a cor também apareça no corredor. Se for possível, Gisela também indica a instalação de rouparia ou armário para guardar itens de escritório ou documentos, aproveitando o espaço para armazenar artigos comuns a todos os moradores, que não precisem ficar no quarto de cada um.

O corredor pode ainda comportar revistas e livros, com a instalação de pequenos nichos. Quando há certa amplitude, estantes de dry-wall podem ser muito bem-vindas, assim como um home-office compacto, mas completo.

Se o espaço é extenso, pede soluções que deem movimento, como explica Mariana. “O ideal é quebrar a monotonia do comprimento, usando painéis de marcenaria, espelhos, quadros, luzes balizadoras e arandelas, por exemplo”. Ideias para iluminar o local, aliás, não faltam. Segundo Daniele, luminárias de teto e de parede são muito usadas. As de parede podem ficar a cerca de 1,70 metro do chão ou a 20 ou 30 centímetros, projetando luz para o piso ou para frente, fazendo balizamento.

Efeitos diferentes são criados com uma luminária de LED embutida na parede que pode ser comprada por metro e cria uma impressão de iluminação natural, como se a luz do sol estivesse entrando por fenda na parede. Luzes embutidas em gesso ou trilhos criam destaques em galerias de fotos e objetos. Estes últimos, inclusive, são bastante usados em museus, já que permitem mudanças no direcionamento da luz. “Quanto mais limpo o projeto de iluminação na área de circulação, melhor. Por isso, às vezes é melhor embutir, para evitar esbarrões”, explica a lighting designer.

Neste corredor, a arquiteta Caroline Bollmann criou mais um cômodo para a casa. “O espaço era muito pequeno para virar um quarto. Por isso, fizemos um home-office”, conta. Um ripado funciona como divisória, permitindo claridade e ventilação. Oposta ao ambiente, foi instalada uma rouparia com porta do mesmo material da divisória, criando uma harmonia entre as duas paredes do corredor e permitindo que as roupas fiquem arejadas.

Para outro corredor, com menos área e muitas portas, Caroline instalou um armário que intercala espaços abertos e fechados. “Foi uma solução para não deixar o ambiente pesado, já que havia pouco espaço”, explica. Nas partes fechadas, objetos podem ser guardados. Nas vazadas, porta-retratos e vasos ficam expostos. A estrutura do meio do armário é um nicho rebaixado que funciona como central multimídia: ali estão instaladas entradas USB, tomadas, interfone, telefone e modem, além de porta-chaves e porta-documentos. “Deixar esses itens no corredor é uma solução prática, já que é um espaço de transição entre as áreas social e íntima, possibilitando um pouco de desconexão e mais relaxamento”, afirma.

Para o corredor em formato L, a arquiteta Gisela Ribeiro projetou um home-office espaçoso, atendendo a pedidos dos donos. “Eles não queriam o escritório dentro do quarto e não tinham outro cômodo para acomodá-lo”, explica. E já que o espaço era maior, favorecido pelo formato, foi possível instalar também um armário para guardar todas as roupas de cama da casa, além de materiais de trabalho.

No corredor de um mezanino, as arquitetas Mariana Stockler e Carolina Posanske instalaram uma rouparia e usaram as portas do armário como galeria de fotos. “Optamos por uma estrutura de painel, com uso de ripados de madeira e espelhos, para disfarçar o armário”, explica Mariana. Nos ripados, seis vazados em forma de porta-retratos constituem a galeria. Uma mesa e prateleiras também fazem parte do corredor, formando um home-office.