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Homem Diarista fala sobre valorização da profissão e lista o kit de sobrevivência da faxina

Flávia Schiochet, especial para HAUS
25/08/2022 19:33
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Tiago Haka, há dois anos trabalhando com limpeza de casas sob a alcunha de Homem Diarista | Tiago Haka/Arquivo pessoal

Tiago Haka está há dois meses vivendo uma situação desconhecida: depois de viralizar no Twitter com uma thread recomendando materiais e produtos de limpeza, o número de seguidores do perfil @HomemDiarista saltou de 200 para 78 mil. "Com a viralização, pensei que conseguiria mais clientes e com isso mais dinheiro para guardar para o intercâmbio. Não imaginei que tomaria essa proporção", revelou, ao telefone.
Haka, como é chamado por seus amigos e familiares, tem 35 anos, mora em São Paulo e estuda Marketing. Desde o início de 2022, está juntando dinheiro para um intercâmbio na Irlanda.
A princípio, o plano era estudar inglês, mas nos últimos meses, notou que os oito meses em outro país será uma boa oportunidade para fazer pesquisa de mercado. "A cultura da limpeza do Brasil é algo muito específico daqui, tem a ver com uma herança estrutural da escravatura. Por que o serviço de limpeza é valorizado fora do Brasil e aqui não? As pessoas sentem orgulho de estar faxinando fora, mas aqui no Brasil sentem que esse trabalho as diminui", afirma.
Desde que viralizou, passou a intensificar a produção de conteúdo nas redes sociais ao mesmo tempo em que atende novos e antigos clientes.
O sucesso na internet foi o segundo divisor de águas da sua vida. O primeiro foi há dois anos, no início da pandemia de Covid-19, quando perdeu o emprego de recepcionista de hotel e foi encorajado por um amigo a prestar serviço como diarista. Em 2020, o brasiliense completava seis anos morando em São Paulo, sempre sozinho. A mãe ensinou os seis filhos a limpar a casa e a "se virarem", mas, antes de anunciar o serviço de diarista, Haka estudou alguns vídeos do Youtube com truques de limpeza, para ser mais profissional e ágil. "Fazer faxina não era novidade para mim. Eu encarei como uma transição de carreira: saí do atendimento ao público em hotel e fui para o atendimento a pessoas no serviço de limpeza", resume.
Estudar Marketing potencializou a capacidade de lidar com seu público. Através de seus perfis no Twitter e Instagram, ele compartilha reflexões, dicas de limpeza, fotos de antes e depois e também um pouco da sua rotina. "O que eu mais gosto é de ver as pessoas compartilhando os posts com dicas e depois postando elas mesmas limpando da mesma forma", diz. Perfis no Youtube e TikTok, onde se concentra o conteúdo de limpeza e faxina, são os próximos a serem criados por Haka.

Questão de gênero e classe

Dos principais incômodos dos quais Haka fala em suas redes sociais, estão um constante preconceito com a profissão e vulnerabilidade social em que muitas mulheres se encontram quando começam a prestar o serviço de limpeza. "Essas mulheres acabam trabalhando muito a mais do que deveriam, porque as pessoas exploram a falta de estudo ou de classe social delas", alerta o diarista. Para ele, quanto mais homens entrarem no segmento de limpeza de residências, menor ficará o estigma da profissão. Quanto ao preconceito de classe, Haka é taxativo: "Eu sempre costumo dizer que é a limpeza do vaso sanitário que está pagando meu intercâmbio, minhas contas e minha faculdade. E estou recebendo melhor do que recebia como empregado de empresa".
Com a perda de emprego na pandemia, Tiago Haka começou a trabalhar de diarista para amigos, amigos de amigos e aos poucos criou uma clientela para além dos conhecidos
Com a perda de emprego na pandemia, Tiago Haka começou a trabalhar de diarista para amigos, amigos de amigos e aos poucos criou uma clientela para além dos conhecidos
Abrir uma empresa própria para treinar e empregar pessoas é a sua principal meta nos próximos meses. "Por mais que eu compreenda meu privilégio de ser homem, sempre busco levar a visibilidade da importância da profissão para todos que trabalham com limpeza. Quero treinar pessoas, homens e mulheres, para trabalharem comigo".

Kit de sobrevivência para faxinas

Tiago Haka fez uma lista de produtos básicos que toda casa precisa ter para se começar uma faxina. "Com esses produtos da lista dá para se virar bem", afirma. Mas faz uma ressalva: é preciso que os itens estejam em boas condições. Panos rasgados, por exemplo, só atrasam o trabalho do profissional de limpeza. "Aspirador e mop ajudam na manutenção, mas para a limpeza pesada, prefiro os tradicionais: vassoura e rodo com pano".
Para o profissional, os itens do kit de sobrevivência da faxina são:
  • Vassoura 
  • Rodo 
  • Esponjas para cada parte da casa (pia, banheiro, área de serviço) 
  • Esponja de aço para tirar calcário do box do banheiro 
  • Escova de vaso sanitário
  • Panos de algodão ou microfibra para tirar pó e passar no chão

Produtos de limpeza:

  • Desengordurante
  • Detergente
  • Água sanitária
  • Desinfetante
Serviço
Redes sociais Homem Diarista: Instagram e Twitter.

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