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Decoração

Personal organizer certificada por Marie Kondo dá dicas de organização para uma vida mais leve

Sharon Abdalla
16/09/2022 12:23
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Nalini Grinkraut, autora do livro “Casa arrumada, vida leve. O poder da organização”. | Gerson Lima

Se você é daquelas pessoas que tremem só de ouvir a palavra organização, acalme-se! Saiba que muito antes de trabalhosa ou difícil, ela é uma (grande) facilitadora do dia a dia e uma forma de trazer mais leveza e felicidade para dentro de sua casa. É isso o que defende, e ilustra com muitos exemplos, a personal organizer Nalini Grinkraut. Autora do livro “Casa arrumada, vida leve. O poder da organização”, ela esteve em Curitiba no último dia 18 de agosto para um evento promovido pela Víncere Incorporadora para os futuros moradores do empreendimento Serra Juvevê, no qual compartilhou dicas preciosas de organização e preparação para a mudança, outra palavra que provoca arrepios em quem já precisou encaixotar a vida para transportá-la para outro local.
Antes do encontro ela recebeu a reportagem de HAUS para uma entrevista exclusiva, na qual fala sobre os motivos que levam as pessoas a terem a bagunça como vilã e compartilha dicas para você organizar sua casa de maneira prática, funcional e alinhada aos hábitos e comportamentos de todos os que moram nela, tendo como base a metodologia que desenvolveu durante sua formação no exterior com ninguém menos do que Marie Kondo, a maga da arrumação -- Nalini é a uma das brasileiras formadas pelo método da japonesa que inspira o mundo inteiro.
Confira a entrevista na íntegra, arregace as mangas e descubra o poder da organização! Afinal, “a bagunça é sempre bem-vinda quando ela é fácil de ser guardada”.
Mais que guardar, organizar depende de escolher entre o que fica e o que vai.
Mais que guardar, organizar depende de escolher entre o que fica e o que vai.
Pode nos contar sobre o seu histórico e trajetória até adentrar neste mundo da organização como profissional? 
Eu, toda vida, gostei de organizar. Mas nunca havia entendido porque eu não conseguia manter as coisas organizadas. Então eu tinha muita dificuldade. Até então eu não sabia muito o que acontecia, achava que a casa dos meus pais era muito bagunçada e quando eu me casei, achando que neste momento eu realmente teria uma casa mais organizada, mais tranquilidade, eu percebi que não sabia organizar. Quando chegaram os meus [dois] filhos a coisa só piorou [sic].
Até que comecei a ficar mais tempo em casa, quando as crianças nasceram, e me deparei com situações muito estressantes: de não encontrar as coisas, perceber que a casa ficava com uma dinâmica de brigas, perder coisa, gastar dinheiro, gastar tempo. Então resolvi estudar, e foi estudando a organização, o que estava por trás, não somente técnicas, que descobri que além delas existe um comportamento, hábitos, atitudes, e que organizar é muito mais profundo do que só a forma como a gente guarda as coisas.
Nessa busca eu me deparei com Marie Kondo, decidi fazer a certificação dela fora do Brasil e trazer a metodologia para cá. Era algo em que eu acreditava. Eu vi o quanto a minha vida mudou a partir da organização da minha casa. Quando eu senti que eu realmente tinha entendido o que estava por trás, eu decidi começar a ajudar as pessoas. Comecei pelas minhas amigas, pela minha rede de contatos, e aí a coisa começou a crescer e, hoje, tenho o livro e muitas milhares de casas transformadas.
O que levou você a buscar a certificação da Marie Kondo, e não outra? Como foi esse processo de estar lá se profissionalizando com um método que ganhou uma grande escala e reconhecimento mundo afora? 
O primeiro contato que eu tive com a Marie Kondo foi através do livro [“A mágica da arrumação"]. E quando o li confesso que foi uma sensação do tipo “nossa, mas isso não funciona aqui no Brasil. Os japoneses são muito diferentes”, eu tinha muitos preconceitos. Só que, ao mesmo tempo, eu já tinha tentado tantas coisas na minha casa, feito quatro formações aqui no Brasil, e eu não entendia, achava que eu era uma causa perdida, porque me sentia esforçada em tentar manter a organização, mas não conseguia. Quando me deparei com a metodologia dela, eu resolvi apostar. Eu me envolvi, envolvi minha casa nessa metodologia, nesse olhar diante de nossos pertences de uma forma que acabou se tornando um processo muito mais de autoconhecimento, um processo de escolhas, muito mais profundo do que só organizar. O organizar acaba agrupando muitas partes desse processo.
Conforme eu fui me identificando e compreendendo que aquilo realmente fazia sentido dentro do que eu acreditava, fui buscar uma forma de entender melhor, trabalhar com isso. Quando entendi que esse método dela era um pouco mais profundo, de olhar mais para dentro, fui atrás e descobri que ela estava certificando pessoas. Nesta época ainda não havia nem a série [“Ordem na casa com Marie Kondo”, da Netflix] -- fiz a formação em abril de 2018 e a série entrou no ar em janeiro de 2019. A formação foi em grande parte com ela, com o pessoal do Japão. Depois acabou crescendo muito, então foi uma formação muito legal, porque a gente teve esse contato com ela. Foi um timing muito legal. E eu realmente me entreguei porque me identifico muito com essa metodologia. Foi a partir disso que acabei desenvolvendo a minha metodologia: de entender que era mais profundo, entender que os nossos comportamentos estão muito mais atrelados ao nosso estilo de vida dentro de casa, e esse olhar para a organização, para a forma como a gente vive é o que vai fazer com que você tenha a sua casa arrumada e a sua vida mais leve.
Essas diferenças da metodologia japonesa em relação à brasileira são somente sobre comportamento ou há outros pontos que reforçam isso?
Eu percebo muito essa diferença na atuação do profissional de organização. Até vejo que as pessoas têm essa percepção de que o comportamento delas impacta. Mas hoje, aqui no Brasil, é muito disseminada a ideia do profissional que vai até a casa das pessoas e arruma a casa por elas. Só que percebo que existe uma dificuldade para este profissional, porque o ideal é que ele tenha um auxílio da pessoa que quer organizar. Porque se ele vai e mexe sem a pessoa, acaba ficando um pouco mais alinhado com o estético, você não vê se tudo o que você vai organizar faz sentido. Se alguém chama para organizar um escritório: você vai colocar todos os papéis em pastas, organizar, mas será que precisa de todos esses papéis? E é nesse sentido que você fala no livro que organizar é diferente de guardar? 
Totalmente. A gente tem essa percepção de que quando a gente guarda, a gente deixa o ambiente organizado. Mas não necessariamente, porque depende do que você guardou. Aquilo faz sentido? Você guardou brinquedos que eram do seu filho de um ano e agora ele está com nove e você tem uma gaveta ocupada por coisas que não usa... Esse é um conceito importante, mas é a ponta do iceberg. Para baixo disso tem muita coisa para você olhar sobre comportamentos.
E isso envolve uma questão de praticidade, também, não? De se guardar no local onde determinado objeto é mais usado, dele estar mais à mão? Isso faz sentido? 
Completamente. Falamos muito sobre sistema de organização. Quando você vai guardar alguma coisa, a partir do momento que você entende quais são seus hábitos, qual é o seu estilo de vida, quanto mais prático, mais fácil é de manter. Então se você fala: “isso fica superbonito na sala”, e coloca esse objeto na sala, mas na verdade o usa no quarto. Se todos os dias você precisar ficar levando aquilo para o seu quarto, vai chegar um momento em que ou ele não vai voltar para a sala ou aquilo vai ficar perdido, e aí você começa a não o encontrar. Uma categoria muito comum de acontecer isso são os remédios. As pessoas definem um lugar da casa: “acho que os remédios vão ficar ótimos aqui no escritório”. Só que ela usa o remédio no banheiro ou na cozinha, e começa a levar os remédios para esses ambientes.
Quais são outras orientações para as pessoas entenderem essa questão comportamental que vai além de onde guardar, mas do que guardar? Como começar esse processo e definir o que é preciso manter ou não? 
É preciso entender o que são os comportamentos. Eu, por exemplo, não entendia que eu era uma pessoa apegada. Eu achava que estava tudo bem guardar e otimizava os espaços falando “vai que eu preciso depois. É melhor ter. Quem guarda sempre tem”. Apesar de eu sempre fazer triagem e doações, não tinha essa percepção. É como se o meu livro fosse um mapa onde vou pontuando os 12 tipos de bagunceiros. Uma coisa que falo muito no livro é que não é para a pessoa se julgar. Tive esse cuidado de não rotular “você é apegado”, “você é acumulador”, “você é consumista”, é isso o que te atrapalha. Na verdade, é o contrário: eu estou neste momento e estou agindo assim. Quando você entende qual é o comportamento, você consegue modificá-lo. Mas se você não sabe onde está o problema, como atua nisso?
Existe um mercado muito vasto e uma infinidade de produtos para organização. E, por vezes, as pessoas se desmotivam a organizar por não conseguirem adquirir esses produtos. Precisa realmente de tudo isso ou é possível começar e depois ir comprando estes itens aos poucos? 
Esse é um dos maiores mitos junto com o “precisa ter o dom da organização”. Não precisa ter o dom, eu sou a prova viva disso. O organizador funciona como uma parte estética. Mas é totalmente possível fazer uma ótima organização sem um organizador. Eu não vou negar que fica bonito quando você coloca um organizador de acrílico ou uma caixa. Mas eu sempre falo para as pessoas que isso não é o começo de uma organização. Esse até é um dos maiores erros, pois as pessoas compram os organizadores ou deixam de começar a organizar pela falta deles, sendo que na verdade eles podem vir depois. O primeiro passo é fazer uma triagem, melhorar a organização. Eu sou muito a favor da pessoa usar o que tem, como caixa de sapatos, caixinhas de presentes... Eu fui aprimorando a organização da minha casa, mas quando comecei, eu usava tudo o que tinha.
E para quem quer se aventurar na organização, por onde e como começar? Precisa pegar um final de semana e organizar todos os cômodos de uma vez ou fazer pequenas organizações por dia também resolve? 
Justamente não pegar um final de semana... A gente tem essa tendência do oito ou 80. Só que isso não funciona. A casa levou muito tempo para ficar bagunçada, são muitos cômodos, muitas partes. A minha orientação é a de que a pessoa quebre em pequenas partes. Pega 15 minutos, mas não para guardar. Existe uma diferença entre guardar e organizar. Existem os 15 minutos de colocar tudo no lugar e os de organizar. Que você escolha seus pijamas, os remédios, os sapatos, uma pequena categoria... Quando você pega uma categoria pequena e faz essa organização da forma correta, não precisa depois ficar corrigindo e tapeando aquilo que foi feito. Quando a gente guarda, ainda mais se não há um lugar certo, depois a gente fica procurando. Agora, se você faz essa uma categoria bem feita, primeiro que as pessoas se surpreendem de como isso é rápido, em geral leva de 15 a 20 minutos, no máximo, e segundo que a sensação de dever cumprido é tão gostosa, que isso motiva para você continuar.
E qual é o poder da organização?         
Difícil dizer em poucas palavras, mas eu diria que é transformador, que transforma a vida. É um olhar para dentro e, a partir daí, você encontrar mais felicidade, mais leveza no seu dia a dia, e é isso o que a gente quer em casa. Tem uma frase de que eu gosto muito que diz: “sua casa é o seu santuário, não o seu depósito”. Poder voltar para casa e sentir que ela é seu aconchego... A organização faz parte disso. A gente cuida de cada detalhe e depois esquece de olhar para as nossas coisas. Eu diria que o poder da organização é o de trazer mais leveza para a nossa vida.

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